FALAR E SABER DIZER

A leitura do texto de Branca Serôdio Pontes e Lúcia Velloso Maurício (ORALIDADE: Falar e saber dizer; 2007) destaca, num primeiro plano, a necessidade de comunicação que nos impulsiona ao desenvolvimento da linguagem. “A fala serve para comunicar, defender pontos de vista, para estabelecer direitos e deveres, para combinar, para vencer, para consolar, para mentir, para ofender, para chamar atenção, para perguntar, etc.” Como objeto de ensino e aprendizagem a fala é portadora de significações que precisam ser observadas e analisadas na sala de aula.

Defendendo os meios de valorizar as diferentes formas de expressão dos alunos, as autoras advertem para o erro de encaminhamentos unicamente corretivos, isto é, aquele que apenas censura. As dinâmicas envolvendo as práticas de oralidade, como seminários e simpósios, impressões sobre filmes ou notícias de jornal, devem ser considerados como conteúdos escolares igualmente importantes. Na escola, desde as primeiras classes, a formulação de perguntas é um procedimento oral bastante utilizado, mas as autoras chamam a atenção que nem sempre os alunos sabem como perguntar, do mesmo modo que alguns professores não conseguem ajudar o aluno a desenvolver a habilidade. Nesse contexto, a entrevista pode contribuir para a melhor aprendizagem dos conteúdos, contribuindo também para desenvolver procedimentos orais de investigação e comunicação.

As autoras ressaltam alguns pontos que ajudam a desenvolver a oralidade: a entrevista, referida acima; o debate, que é uma excelente estratégia de ensino, possibilitando o surgimento de diferentes interpretações sobre os temas estudados; o seminário, que leva os participantes a uma reflexão mais profunda sobre determinado tema, envolvendo todos da classe, conduzindo ao desempenho de papéis concretizados por produções orais complementares.

INTERNET- Por fim, o texto demonstra que as novas tecnologias introduziram na escola a televisão e o computador, com efeitos positivos no apoio às tarefas. Mesmo assim, esses instrumentos podem gerar efeitos negativos. A comunicação virtual através da Internet fez surgir uma nova oralidade para a qual não há distâncias, nem rostos, nem vozes, não sendo possível ignorá-la na sala de aula como forma contemporânea de comunicação e, portanto, como conteúdo de aprendizagem.

Outras ferramentas de apoio à educação surgem a cada dia, ampliando as possibilidades de melhor aprendizagem.

A Internet, excluindo os desvios de mal uso do sistema, é um canal excepcional de enriquecimento de conteúdos. Mas a Internet é estática, imóvel na tela, sob a manipulação digital comandada pelo cérebro. Dali saem as múltiplas informações sobre qualquer tema. Os elementos de leitura extraídos do sistema, não terão sentido se não forem levados ao conhecimento de outras pessoas através da fala.

A leitura silenciosa de um texto tem um efeito. A leitura oral, com a fala, os gestos, o espírito teatral, tem outro.

A valorização das diferentes formas de expressão do aluno é um incentivo necessário e útil à compreensão dos diversos fatores que envolvem a aprendizagem.

Maria Nilza Oliveira de Carvalho é professora.

Titular da Academia de Ciências do Piauí.

Titular do Conselho Diretor da UESPI.