Expulsão da Companhia de Jesus e suas consequências na Educação Brasileira

Para que se possa entender quais foram as razões que levaram Portugal a expulsar a Companhia de Jesus das terras brasileiras, precisamos voltar um pouquinho na história e relembrarmos que a Inglaterra, através do Rei Henrique VIII aproveitando-se da crise criada pela Reforma Protestante, apropriou-se de todos os bens católicos, executou vários sacerdotes da Igreja e instituiu uma em 1534, a Igreja Anglicana cuja soberania pertencia apenas ao Rei que através dos bens confiscados passou a movimentar a economia daquele país.

Enquanto a Inglaterra crescia economicamente, se industrializava e assumia seu papel como potência na Europa, Portugal estava preocupada apenas em explorar as riquezas de suas colônias, através do serviço escravo e vendê-las aos demais países numa sede de ostentação, sem nenhuma organização política eficiente ou planejamento. Ao perceber que a situação de Portugal não se sustentaria por muito tempo e visando a transformação da situação decadente em que o país se encontrava, o rei de Portugal, D. José I, decide nomear para seu ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal (conhecido por sua antagonia aos jesuítas), cuja função seria a de recuperar a economia portuguesa, concentrando o poder da monarquia e de industrializar Portugal para que esta pudesse concorrer com as demais potências industriais.

Sendo assim, no século XVII, Marquês de Pombal dá inicio a uma série de reformas conhecidas como Reformas Pombalinas, aumenta os impostos sobre os produtos importados, impõe o monopólio da comercialização dos vinhos em Portugal através da criação da Companhia de Vinhos Douro, promove um maior incentivo a construção de navios e a produção agrária e, principalmente decide reformar a instrução pública para que esta sirva aos interesses capitalistas e industriais do Governo Português, dentre outras medidas.

No campo religioso, como já havia acontecido em Portugal, o Marques se confronta novamente com os Jesuítas, acaba com a diferenciação entre os cristãos (novos convertidos e os mais antigos), põe fim a “escravidão indígena” (pois os jesuítas mantinham os índios sob serviço obrigatório em suas fazendas ou missões), não porque era bonzinho, mas porque havia um interesse de Portugal na miscigenação para que o crescimento populacional garantisse o futuro desenvolvimento da América Portuguesa e sua soberania e, os jesuítas estavam atrapalhando os planos portugueses, isso sem contar o afrontamento entre as idéias iluministas de pombal e a educação religiosa dos jesuítas.

Em 1759, Pombal expulsa os jesuítas das terras brasileiras e, em 1760 proíbe definitivamente a discriminação aos índios e elabora uma lei que favorece o casamento entre índios e portugueses, cria em seguida o Diretório dos Índios para estes substituíssem os jesuítas na administração das missões.

Na Educação, as consequências foram desastrosas, afinal apesar dos contras do sistema educacional jesuítico que se apresentava de maneira inflexível, dogmático, autoritário e que servia aos interesses inicialmente da cora portuguesa e com o decorrer dos acontecimentos passou a beneficiar os próprios jesuítas e seus “favorecidos”, ainda se podia constatar algum crescimento, com novas escolas sendo estabelecidas, um método coerente e planejado de ensino, professores - ainda que com foco na educação religiosa que ensinavam a escrita e a leitura de forma eficiente. Pombal após a expulsão dos jesuítas institui o regime de aulas régias, sistema de aulas de disciplinas isoladas, sem planejamento sistemático, sem a presença de um currículo organizado e através do qual os professores além de desmotivados (devido a baixa remuneração) eram despreparados.

Segundo AZEVEDO (1976 apud Rocha 1984), o fracasso na Educação do período pombalístico se deve, dentre outros fatores:

[...] a distância entre a Diretoria Geral de Estudos e os mestres não congregados em colégios mas dispersos, sem órgãos intermediários permanentes, nem pedia qualquer inspeção eficaz nem criava um ambiente favorável a iniciativas de vulto. Tudo, até os detalhes de programas e a escolha de livros, tinha de vir de cima e de longe, do poder supremo do Reino, como se este tivesse sido organizado para instalar a rotina, paralisar as iniciativas individuais e estimular, em vez de absorvê-los, os organismos parasitários que costumam desenvolver-se à sombra de governos distantes, naturalmente lentos na sua intervenção. Esta foi uma das razões pelas quais a ação reconstrutora de Pombal não atingiu senão de raspão a vida escolar da Colônia. (ROCHA, Maria Aparecida dos Santos. Trabalho manual x trabalho intelectual na educação brasileira. Didática, São Paulo, v. 20, 1984, p. 37-48.).

As ideias iluministas de Marques de Pombal que poderiam constituir numa melhora na Educação em terras brasileiras não foram empregadas no Brasil, sendo necessário a quem quisesse obter uma instrução qualificada, caso possuísse recursos ir para a capital.

Andréa Vidal
Enviado por Andréa Vidal em 04/09/2012
Reeditado em 28/04/2021
Código do texto: T3865380
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