Professores no Japão e no Brasil

PROFESSORES NO BRASIL E NO JAPÃO

Segundo a tradição japonesa, todos devem reverenciar o imperador, abaixando a cabeça para ele. Todos, menos os professores! Porque sem professor não existiria imperador!

Li isso no profile da minha amiga, que é professora no Brasil. E realmente essa tradição existe. Professor no Japão é uma profissão muito respeitada, e para os japoneses o professor é chamado de sensei, ou mestre em português, pois é considerado o sábio, o centrado e orientador das crianças. O Japão tem a exata noção de que o futuro do país depende das crianças, por isso a educação é muito valorizada, rigorosa, disciplinada.

E para que tudo isso dê certo na prática, é necessário professores competentes, que passaram por rigorosas seleções, que possuem um alto grau de conhecimento e em compensação são bem remunerados.

E no Brasil não preciso nem dizer como anda a educação... A impressão que dá é que o assunto educação não é prioridade, torna-se secundário em relação a olimpíadas e copa do mundo de futebol!

Por isso, considero os professores brasileiros verdadeiros guerreiros, pois trabalham com amor a profissão, batalham com a falta de recursos e estruturas, sem contar o quesito salarial. Heróis! É a palavra ideal para defini-los.

Aqui no Japão professores são admirados, quando alguém diz que é professor ganha a admiração de todos no ato. E no Brasil, quando falam que a sua profissão é a de professor, todos ficam com dó... É uma reação espontânea, que surge automaticamente.

Converso com vários professores universitários japoneses, e eles ficam admirados com o nível de conhecimento dos professores brasileiros, mas não entendem porque é tão difícil atingir educacionalmente 100% da população.

Os japoneses não entendem porque ainda tem um número muito alto de analfabetismo no Brasil, ficam indignados quando eu falo que muitas crianças abandonam a escola para trabalhar e assim ajudar no sustento da família. E mesmo assim, quando tornam-se profissionais da educação possuem currículos invejáveis e uma postura profissional ímpar.

Ninguém vai entender se não morar no Brasil.

Deu para perceber que o Brasil possui excelentes professores mas não os valoriza, entendi também que a necessidade de investimento e cuidado com a educação do povo brasileiro é uma necessidade primordial, e que deveria estar acima de todas as outras.

Quando conversei com o senhor Osamu Iida, ex-presidente da Honda no Brasil, ele mesmo cantou a bola: “o Brasil é um ótimo país, deixou de ser subdesenvolvido há muito tempo, só falta melhorar um ítem para ser perfeito e continuar crescendo, é melhorar a estrutura educacional das crianças!”. Claro! Afinal se melhorasse esse ítem, os benefícios viriam como consequência e a violência caíria e muito.

E na minha opinião o início de tudo seria na valorização do professor. E é um passo tão pequeno, mas tão significativo!

Professores, tanto no Brasil como no Japão, são pessoas que amam o que fazem porque senão não aguentariam o tranco, admiro muito quem tem esse dom, pois eu defino como um dom, a arte de ensinar uma criança. Carga horárias puxadas, folgas sacrificadas, refeições puladas... essa é a rotina do professor brasileiro, japonês, mundial! Por isso admiro tanto essa profissão.

Muitos falam que é difícil tornar-se um médico competente, ou um advogado consagrado, mas se não fosse pelo professor nenhuma dessas profissões seriam desenvolvidas com tamanha maestria e competência.

Por isso que no Japão o professor é reverenciado como um mestre sábio e está num patamar acima de todas as outras profissões.

E a carga emocional que um professor deixa em uma criança é muito grande, eu até hoje lembro-me de todos os meus professores, desde a pré escola até a faculdade. Sei o nome de cada um deles, pois de alguma forma fizeram parte da minha vida, e se hoje eu sou assim, é porque cada um dos meus professores me ensinaram algo, e o mérito é deles!

Quero parabenizar a todos os profissionais da área, principalmente os brasileiros, pois admiro-os e considero-os verdadeiros heróis e pode parecer clichê tudo isso que escrevi, mas é a verdade no meu ponto de vista. Sem a pretensão da famosa felicidade utópica, mas com consciência da felicidade real e atingível para todos!

Érika Tamura

Brasileira residente há 14 anos no Japão, onde trabalha com desenvolvimento de criação. Cronista do jornal “Folha da Região”, de Araçatuba, onde nasceu, e Jornal Nippak de São Paulo.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 06/10/2012
Código do texto: T3919969
Classificação de conteúdo: seguro