Desabafo de uma professora revoltada com a imaturidade da classe (profissional)

Com muitos anos de magistério (levado a sério- diga-se de passagem), tenho observado práticas educacionais bastante divergentes, evasivas, “mentalistas”, egoístas e retrógradas – mesmo com tantas oportunidades de reciclagem. Fala-se em tempo para isso: qualquer profissão precisa de tempo para ser aprimorada, desde aquela - “a mais antiga de todas” ao diplomata mais conceituado (Até presidente da República!...). Não serve, portanto, como justificativa para o professor deixar de repensar e refletir se sua metodologia é funcional, produtiva, ou não. Até de situações inusitadas e cotidianas pode-se explorar o conhecimento, mesmo não possuindo o tão precioso “tempo para formularmos uma aula atraente.” O professor tem, antes de tudo que ser criativo. Esse adjetivo, infelizmente, cabe apenas a uma parcela de profissionais que realmente pensam no que fazem. Outra coisa que me irrita profundamente é a soberba. Vejo, na minha realidade, vários (des)educadores que tomam para si toda e qualquer oportunidade de “concorrer” com os demais, ou meramente subjugá-los, como se isso fosse um mérito da função a qual se pressupõe, escolheu conscientemente, um dia. Professores que, experientes e/ou jovens na profissão, não sabem dividir conhecimentos com os colegas, como se a troca pudesse prejudicá-lo de alguma forma. E não é assim que deveria funcionar. (Ah! Insustentável idiotice do ser...)

Boas ideias compartilhadas, sem o intuito da concorrência, valem tanto para o educador, como forma de valorizar (e melhorar) suas aulas, quanto para os alunos que inferem melhor o que lhes informam... E muitos ignoram que todos ganham com isso. Ninguém sabe tudo: Pós-graduações, Mestrados, Doutorados, etc, etc, etc, não tornam nenhum profissional realmente competente se ele não mantiver a humildade, paciência e o espírito solidário (o que, para mim, resume dignidade profissional). Não somos os donos da verdade. Não podemos apenas aplaudir uma metodologia que dá certo e virar as costas para outra, de outrem, que necessita de “aparos”. Enquanto o professor pensar que cruzar os braços, preparar aulas sem o menor intuito construtivista, desprezando o conhecimento prévio dos alunos, ignorando suas condições de vida e consequentemente aprendizado, tratando-os como um número, ou “alguém que não sabe nada”, haveremos de ser tratados como estamos sendo (e nem preciso citar como...). Ainda vejo (alguns) professores que se vangloriam em mostrar seus diários cheios de notas vermelhas porque “os alunos não querem aprender”, ou, “não estudam” (e blá, blá, blá...) "Eu sou exigente!" (Ah! Essa insustentável ignorância do ser...)

Precisamos reaprender a educar; aprender a dividir nossos conhecimentos, com a humildade de sabermos que nenhuma experiência, ou mesmo formação nos torna perfeitos, donos do único e inalcançável saber. Muitos professores precisam “descer do pedestal” e trocar experiências com os alunos, desculpar-se, quando errarem, mostrando-lhes que isso sim é ser sábio, pois ninguém sabe tudo (apesar de, obrigatoriamente, termos o dever de estudar sempre). Quem age com firmeza, como profissional, não precisa temer as consequências dos atos. Pelo menos minha realidade, nesses anos de labuta, me mostraram isso. Aquele que é um profissional não deve subjugar, se enaltecer pelo mau (ou não tão bom) trabalho do outro. Quando um erra, a culpa, na verdade, recai sobre a classe. Se procurarmos agir mais em conjunto e pensar menos em satisfazer nosso ego, talvez possamos minimizar tantos problemas, tão citados em fóruns de cursos, congressos, salas de reuniões, etc, etc, etc.

Luzia Avellar
Enviado por Luzia Avellar em 02/11/2012
Reeditado em 02/11/2012
Código do texto: T3964947
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