TEMPOS DA UNIVERSIDADE

TEMPOS DA UNIVERSIDADE

Lembro com saudade do meu tempo na Universidade/Faculdade do Recife, agregada à UFPE, quando naquelas saudosas tardes universitárias da década de 80 eu assistia aulas e participava das atividades pertinentes ao meu curso de Sociologia/Ciências Sociais/Ciências Humanas. Era muito boa a convivência universitária, os debates, os seminários, as reuniões, as palestras, os trabalhos, o estágio, os eventos... Enfim, tudo relativo à vida acadêmica. Foram meus colegas de faculdade, os doutores e doutoras sociólogos: Adelaide Silva Tavares, Adriana Mello Coelho de Araújo, Ângela Tenório Jordão Vasconcelos, Arlindo Acioli Lins Neto, Armando Santos Neto, Auzeni Maria Alves, Carla Maria Campelo Galvão, Edilza Bandeira de Arruda, Edvaldo Lopes de Freitas, Eva Maria de Sousa, Fátima Maria Costa de Moura, Helen Tabosa Luck, Iara Maria Cordeiro Oliveira, Irislúcia Ferreira da Silva, Ivânia Maria Mendes de Azevedo, Janete Cardoso dos Santos, Janice Martins de Macedo, José Luís Alberes de Souza, José Renato Ferreira de Santana, Joselma de Souza Alcântara, Juliana Souza Leca, Kássia Cristina Bezerra de Mello, Leir Alves Gomes Barreto, Luís Gonzaga de Souza, Édson Cüínas, Maria José Medeiros, Carlos de Carvalho Buenos Aires, Regina Judia, Suzi Azevedo, Maria José de Sousa...

Foram nossos professores universitários: Tânia Kaufman, Anatólio Julião, Miriam, Alda, Sônia Lessa, Gomes, José Hernandes, Louro Jesus, Aldo, Tânia Zapata, João, Sandro, Díbulo Veras, Marcos, Hugo, dentre outros.

Foi muito bom também a palestra para a nossa turma proferida pelo líder do Partido Comunista do Brasil, o recifense Roberto Freire, que anos mais tarde seria candidato a presidente da República.

Era a época da campanha das Diretas Já, período em que se estabelecia o processo de transição política no País, do regime militar à ordem democrática, através de uma já iniciada abertura política.

As solenidades de nossa colação de grau, último momento das festas de formatura, realizaram-se no grande e imponente Centro de Convenções de Pernambuco, na noite do dia 22 de dezembro do ano de 1986.

No último ano na Faculdade do Recife, elaboramos um projeto com a finalidade de concluirmos o curso e concomitantemente conhecermos através da investigação científica e pesquisa a realidade social da comunidade em estudo. Portanto, nas tardes daquele ano de 1986, viajávamos nas Kombi de cor branco-padrão pertencentes à Universidade, indo em visitas estagiar na Comunidade de Vila dos Milagres, localizada na margem da BR 101, Zona Sul, na periferia do Recife, onde as reuniões éticas e de cunho sociológico com a participação de vários moradores, realizavam-se quase sempre na capelinha da comunidade ou na casa de uma senhora conhecida como Dona Maria da Barraca, uma humilde e excelente pessoa humana, que se apresentava como uma espécie de líder daquela comunidade carente, constituída em sua grande maioria de pessoas de baixa renda que viviam em precárias condições de vida. Lá chegando, um guia sempre nos auxiliava para adentrarmos na comunidade. Aliando a teoria à prática, ali foram feitos de forma também solidária alguns trabalhos em prol da comunidade, tais como estabelecimento da escola de adultos e também escolinhas para crianças, construção de muro de arrimo e escadarias, fornecimento de água, recebimento de vales pra ganharem o leite que era distribuído... Foi um projeto a longo prazo que várias turmas de estagiários e futuros sociólogos concluiriam.

O projeto espera dos alunos universitários: comprometimento, responsabilidade, honestidade profissional, pontualidade...

Aquele projeto oferece aos alunos, também: oportunidade de praticar uma linha de pesquisa associada à ação em comunidade carente com vista a desenvolver uma análise das condições de vida desta comunidade, contribuindo a curto prazo para a solução dos problemas mais urgentes e a longo prazo para a sua auto-gestão.

Portanto, todos nós formandos de Sociologia e Ciências Sociais daquele ano da nossa Faculdade colhemos o fruto prazeroso de um processo cuja conquista, conjunta e solidária, ainda nos ofereceu a oportunidade de aprendizagem e mais conhecimento acerca da realidade. É gratificante e agradável o trabalho minucioso e sério do sociólogo em sua análise e compreensão da realidade social.

Naquele mesmo ano foram elaboradas individualmente também as cadeiras Monografia I e Monografia II, além de tantas outras... Foram, pois, mais de cinqüenta cadeiras/disciplinas ao longo do curso.

Do meu livro Memórias do tempo.

*Edimar Luz é professor, sociólogo, escritor/cronista, memorialista, poeta, compositor e articulista.

Edimar Luz
Enviado por Edimar Luz em 30/11/2012
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