Trabalho Infantil – Onde estão os meus direitos?

Qual a idade ideal para que uma criança comece a trabalhar e assumir responsabilidades?

Presumo que as respostas possam ser muitas e há quem defenda que criança não deva trabalhar.

Bem, então falo por mim.

Sem que houvesse interferência na escola e no lazer, comecei a trabalhar e assumir responsabilidades aos sete anos.

Tive, por assim dizer, várias “profissões”, tais como: Vendedor de picolés, engraxate, vendedor de verduras legumes e frutas, além de ajudar nas tarefas de casa como: limpar chão e banheiro, regar horta, buscar e tratar de animais, entre outras.

E olha, não gosto de me gabar não, mais fui um dos melhores vendedores de picolés da minha cidade. Aos domingos, ia para a beira do campo com o isopor cheio e logo voltava vazio para orgulho de meu patrão José Renato.

Lembro-me ainda da minha primeira caixa de engraxar sapatos, feita pelo meu amigo Maurício, filho do Arlindo barbeiro. Um orgulho, comprado com meu dinheiro.

Nas noites de sábados e domingos, lá estava eu na praça defendendo meus trocados.

Confesso que não tive muito sucesso com a venda de legumes que meu amigo Rubens produzia. Consegui vender apenas uma abobrinha no pro Toninho (Bar do Boi). Considerando que o Boi só vendia e não comprava nada, penso que foi um bom negócio.

Já com laranjas foi bem diferente. Em épocas de festa em Delfim Moreira, eu e meu amigo Tarcísio do Duda, conhecido por Amendoim “lavávamos a égua”.

Não foi diferente quando chegamos em São José dos Campos, eu então com 13 anos.

Trabalhei como Ajudante de Carroceiro, novamente engraxei sapatos, fui Balconista, Padeiro e Garçom. Isso sem nunca deixar meus estudos.

Bem, o que veio posteriormente, foi resultado de meus esforços nos bancos do colégio e faculdade e principalmente pela persistência de minha mãe.

Mas não é sobre mim que vou continuar falando pois não é sobre isso que o tema requer descritiva.

Evidentemente que isso não é “privilégio” meu. Sei que muitos da minha geração também passaram por situações semelhantes, senão piores.

Pois bem, hoje aos 54 anos sou grato por ter tido as oportunidades que tive.

Não sofro nenhuma doença, física ou mental em decorrência disso. Pelo contrário, apesar de fisicamente deixar a desejar, gozo de boa saúde e a cabeça vai bem obrigado.

Nossos filhos foram educados no sentido de valorizar o trabalho tanto deles como o dos outros, e eles também são gratos por isso.

É, mas as coisas tomaram rumos bem diferentes de uns tempos para cá.

Tenho observado e até alertado algumas pessoas com relação à atribuição de tarefas e responsabilidades aos seus filhos.

Confesso que arrumei até algumas desavenças, principalmente com os demais irmãos.

Não bastasse a falta de pulso por parte dos pais, ainda vem o “desgoverno” querendo interferir na educação e trabalho de nossas crianças e jovens.

E o que estamos assistindo cada vez com mais freqüência?

Jovens desorientados, com relação a tarefas simples no dia a dia, porque não receberam incumbências simples tais como: Arrumar sua própria cama, lavar seu prato, varrer seu quarto, recolher lixo, etc...

Fala-se muito no ECA, que pela própria sigla nos faz lembrar NOJO, ou algo que vemos e não gostamos.

Em contrapartida, há quem defenda que crianças não possuem direitos.

Não penso assim. Crianças, Jovens, Adultos e Velhos possuem seus direitos sim. Só que para cada DIREITO deveria haver um DEVER a fim de que regalias e responsabilidades pudessem caminhar juntas.

Quem sabe assim criaríamos mais perspectivas aos nossos jovens, com relação a respeito ao trabalho dos outros e deles próprios.

Paulo Kostella
Enviado por Paulo Kostella em 19/08/2013
Reeditado em 19/08/2013
Código do texto: T4441110
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