O AMBIENTE VIRTUAL COMO POSSIBILIDADEDE INTERAÇÃO NO ESPAÇO SOCIOEDUCATIVO E ALTERNATIVA À INTOLERÂNCIA DO “PENSAR O DIFERENTE”

Resumo

O presente instrumento visa abordar a educação à distância como alternativa que alguns alunos têm para expor suas ideias e conceitos acerca dos temas norteadores e atividades em fóruns de discussão propostos pelas disciplinas através de ferramentas como o Moodle. Salienta que o aluno visto como introspectivo e pouco participativo nas aulas presenciais não representa necessariamente a amostra referente àqueles que pouco conhecem sobre determinado assunto. Por vezes, o ambiente virtual significa liberdade de pensamento e fluxo de ideias mais facilmente, quando estas não são respeitadas pelo grupo quando expostas presencialmente.

Palavras-chave: Educação à distância. Moodle. Ambiente virtual.

Abstract

This instrument aims to address distance education as an alternative that some students have to present their ideas and concepts on the guiding topics and activities in discussion forums offered by the disciplines through tools such as Moodle. Stresses that the students as introspective and little participation in the classroom does not necessarily represent the sample referring to those who know little about a subject. Sometimes the virtual environment means freedom of thought and ideas flow more easily when they are not respected by the group when exposed in person.

Keywords: Distance education. Moodle. Virtual environment.

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Graduado em Pedagogia pela Universidade de Brasília – UnB/DF. Especializando em Docência do Ensino Profissional e Superior pelo Instituto Superior de Educação (ISEL).

2 Professora orientadora. Especialista em Gestão e Orientação Educacional.

INTRODUÇÃO

Observa-se que a Educação à Distância vem ganhando espaço a cada dia e por isso a crescente quantidade de cursos online está diretamente associada com o avanço que a tecnologia proporcionou a todos ao longo dos anos. Os softwares livres que auxiliam professores e alunos maximizou significativamente o ensino-aprendizagem, proporcionando uma qualidade igual ou até superior à aula presencial tida como tradicional. Neste artigo, destaca-se um dos principais “nomes” quando o assunto é o ambiente virtual de ensino e aprendizagem: o Moodle.

Trata-se de uma ferramenta que possibilita o elo entre o educando e o conhecimento de maneira virtual, ampliando possibilidades e valorizando a participação e interação. Do ponto de vista pedagógico, a troca de experiências entre professor e aluno pode ser satisfatoriamente facilitada neste ambiente. Desta forma,elenca-se os fatores que facilitam a comunicação dos educandos que pouco participam nas aulas presenciais e encontram no ambiente virtual a oportunidade de se expressar, colocar seu ponto de vista, dar exemplos e relacionar conceitos com sua vida em sociedade. Esta necessidade surge, visto que presencialmente, a participação dos alunos nem sempre é democrática e o juízo de valor por parte de alguns alunos pela opinião do colega se sobressai à conduta do respeito em sala de aula. Desta forma, o ambiente virtual entra em cena para possibilitar que o aluno tímido, pouco participativo ou que tenha passado por algum constrangimento em sala de aula se expresse de maneira mais liberal e democrática, minimizando sentimentos negativos de culpa.

A PLATAFORMA MOODLE E O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

O Moodle foi criado originalmente por Martin Dougiamas no ano de 2001, voltado para acadêmicos da área educacional, a fim de possibilitar a interação entre professor e aluno de maneira satisfatória e como alternativa às aulas presenciais. Dentre as diversas ferramentas deste ambiente, a principal delas são os fóruns de atividades desenvolvidas pelos professores/monitores e respondidas pelos educandos. O interessante é que as respostas dos alunos podem ser visualizadas por todo o grupo e desta maneira incentivar a discussão, participação e troca de saberes.

Percebe-se que o Moodle – assim como outras plataformas – é uma ferramenta que também pode ser usada pelo professor como complemento à aula presencial. Atualmente com os avanços da tecnologia e informação, as plataformas virtuais de ensino estão sendo tão bem recebidas pela comunidade acadêmica como um todo, que muitos cursos estão sendo ministrados virtualmente em sua totalidade, demonstrando não somente a eficácia da metodologia, mas também a experiência de se estabelecer uma relação com o conhecimento através da realidade virtual por parte dos alunos.

Neste sentido, Alencar et al. (2011) destaca:

Com o uso do Moodle, o aluno passa a ser responsável pela aquisição de seu conhecimento, desenvolvendo autonomia, perseverança, domínio de leitura e interpretação, ou seja, formando-se autodidata. Na era da informação, esta característica se torna imprescindível e potencializa a capacidade dos estudantes de lidar com a sociedade globalizada. Além disto, a utilização do Moodle permite a personalização de cursos em hipertextos com diferentes níveis, e a navegação pelo aluno é realizada segundo seu ritmo de aprendizagem pessoal e cabível aos horários mais compatíveis [...].

Presencialmente, professores vivem dilemas educacionais que permeiam a ausência da participação dos alunos. Observa-se que o “professor de hoje” não está em consonância com o “aluno de hoje”. Textos, periódicos, livros, resenhas e artigos englobam aquilo que os educadores consideram como essenciais para o aprendizado, além do estudo diário. Porém, educandos “modernos” preferem a aula expositiva, informativa e tradicional ao invés da participação por meio da oratória em sala de aula. É comum vermos alunos dispersos em sala, vagando por um universo psicológico distante do real, conectados nas redes sociais pelos celulares, sem absorver o mínimo do conteúdo ministrado pelo docente. Este cenário reflete que a maneira como os conteúdos são passados clama por mudanças não só por parte dos alunos, mas também alternativas didáticas previamente planejadas pelos próprios professores. Não se pretende aqui generalizar, afirmar que todos os alunos encaixam-se em tal aspecto, porém a falta de interesse que a aula tradicional transmite é uma questão que merece ser mencionada principalmente no Ensino Superior, onde a quantidade de disciplinas e consequentemente de estudo tende a ser maior, maximizando o cansaço, a falta de motivação e a resistência às aulas presenciais como um todo.

Além disso, cursos noturnos têm, em sua maioria, alunos que geralmente trabalham durante o dia e estudam à noite. O tempo disponível para a leitura dos textos e participação nas aulas deve ser tão bem equacionado que o índice de evasão em algumas modalidades de ensino é alto. Para estes alunos, as aulas virtuais representam uma alternativa muito positiva, visto que pode ser realizada no ambiente domiciliar, com mais liberdade e tempo disponível para participar e executar as tarefas.

O VIRTUAL COMO FORMA DE EVASÃO À REPRESSÃO PRESENCIAL

Diante de tantos elementos que tornam cada dia mais a aula presencial exaustiva e rotineira, observa-se o aluno de hoje tende a preferir o diferente, o alternativo, que talvez não exija tanto esforço físico e mental como aquele depositado presencialmente. É neste momento que a opção pelo onlinetorna-se viável e a procura por disciplinas que possuem em sua ementa encontros semipresenciais ou à distância aumentada.

Salienta-se que não é somente o fator físico que influencia na decisão em optar-se pelo ambiente virtual como elo entre o educando e o conhecimento. Existem elementos essenciais no aspecto subjetivo da aula presencial que englobam a participação, o debate, a discussão e a troca de experiências. Tais elementos nem sempre são satisfatoriamente exercidos em sala de aula, uma vez que a pluralidade de opiniões e diversidade em uma turma pode ser muito grande, gerando muitas vezes a intolerância – mesmo que de maneira silenciosa – por parte de alguns alunos ao se depararem com comentários rotulados como “caretas”. O cochicho, “a conversa no pé do ouvido” e até mesmo um olhar diferente pode não significar muita coisa em um primeiro momento, porém através de um olhar sensível e diagnóstico, demonstra a intolerância silenciosa que existe na aula presencial quando o assunto é expor ideias.

Desta forma, o aluno que se vê reprimido pelo grupo por pensar diferente da maioria, encontra no ambiente virtual a possibilidade de expor seus conceitos mais facilmente, não para alcançar somente o aproveitamento mínimo – se houver – na disciplina, mas pela oportunidade que o “virtual”oferece de se caracterizar atrás de um nome, uma imagem, um ícone e assim ter-se a sensação de liberdade de pensamento, sem repressões ou comentários que ofendem diretamente quem se expõe: virtualmente, o impacto da réplica é menor.

O ALUNO IDEAL É “CARETA”

Atualmente, o modelo de aluno ideal que o professor necessita é exatamente aquele sujeito que questiona, desconstrói e reconstrói conceitos pré-estabelecidos e vistos anteriormente como únicos e universais. O fato é que alunos questionadores incomodam, atrapalham, interrompem o raciocínio e são taxados como “chatos” pela maioria do grupo. Educadores devem trabalhar concomitantemente com o conteúdo da disciplina, temas transversais como a inclusão e a ética no espaço socioeducativo, evitando que os juízos de valor estejam presentes de maneira pejorativa e discriminatória no espaço tanto presencial como virtual de ensino. Deve-se colocar em prática um dos cinco pilares da UNESCO para a educação:

[...] Conviver implica a aceitação do outro em seu legítimo outro. E isto requer o respeito às diferenças, à diversidade, à multiplicidade e pressupõe a existência deamorosidade, compaixão e solidariedade nas relações com os outros seres. (MORAES, 2003, p. 49-50apud STRIEDER & ZIMMERMANN, 2010, p. 150).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se ao longo do exposto que a subjetividade se faz presente a todo o momento quando o assunto é a educação. Seja ela no presencial ou no virtual, professores e educandos mergulham em relações muito próximas, gerando discussões, polêmicas, pontos de vista distintos e talvez um “bate-boca” que deve ser mediado. O fato é que a cada dia que passa, está mais complicado unir a tese, a antítese e se formar a síntese em sala de aula. Talvez pelo tempo disponível ou o conteúdo a ser cumprido, muitos alunos preferem estar debatendo virtualmente conceitos. Alunos são de diferentes formas, estilos, modos de vestir e de pensar. Pensar o diferente, não ir pela maioria, remar contra a corrente e dizer “não” quando o mundo diz “sim” é uma experiência sensacional e ao mesmo tempo dolorida que é facilitada nas plataformas de aprendizagem virtual como o Moodle. Dizer aquilo que incomoda é mais fácil quando se está longe, onde os alunos não se alcançam com “paus e pedras” e somente as palavras os atingem.

Além disso, professores necessitam compreender que o “aluno moderno” não é mais aquele que consegue ficar muito tempo sentado absorvendo informações. Isso é passado. O aluno de hoje requer uma dinâmica de sala de aula que procure cada vez mais a alternativa do espaço educativo. O Moodle vem sendo considerado um facilitador deste anseio tanto por parte do professor quanto do aluno, pois além de fornecer a alternativa à aula presencial, abre espaço para a exposição de ideias sem a quantidade de “limitações” existentes no presencial.

Atualmente, professores observam que a maioria dos debates propostos em sala de aula não se estende por muito tempo. Alunos de cabeça baixa, que não participam, não lêem os textos e se interligam virtualmente pelos celulares conferem à aula tradicional um caráter ultrapassado. Além disso, existe o fator negativo de repressão à subjetividade da opinião alheia, pouco administrada pelo professor e ainda muito presente atualmente. A opção pelo ambiente virtual vem sendo então bem aceita e minimizando quase todos os fatores negativos que as aulas presenciais exploram.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCAR, Andréia de Souza [etall]. O moodle como ferramenta didática. Disponível em: <http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/ueadsl/article/ download/2919/2878>. Acesso em: 03/08/2013.

BORDENAVE, J. E. D. Teleeducação ou educação à distância: fundamentos e métodos. Rio de Janeiro, Ed. Vozes, 1987.

CASTRO, Wesley Carlos Ferreira de. O conceito de limite no ambiente virtual moodle. Universidade Católica de Brasília – UCB/DF. Disponível em: <http://www.ucb.br/sites/100/103/TCC/22007/WesleyCarlosFerreiradeCastro.pdf>. Acesso em: 03/08/2013.

LIMA, E.D. R. Possibilidades e Limites da Educação a Distância: Um salto para o futuro no Distrito Federal. Universidade Católica de Brasília, UCB, Brasília: Dissertação de Mestrado, 1997.

RAMAL, Andrea Cecilia. Por que o e-learning vem crescendo tanto? Jornal do Commercio, 28/05/04. Artigo republicado no jornal “A GAZETA”, Cuiabá, 01/08/04, no site da Universidade SEBRAE de negócios (USENEWS) e no site NE@D, Núcleo de Ensino à Distância, do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, em 16/09/04. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/ 2010/artigos_ teses/EAD/POR_QUE_E_LEARNING_CRESCEND.PDF>.

Acesso em: 03/08/2013.

SARAIVA, T. O desafio da educação à distância. Relatório do Seminário Nacional de Educação a Distância. Brasília: MEC, p. 30-31, 1994.

STRIEDER; ZIMMERMANN. Roque & Rosa Laura Gross. A inclusão escolar e os desafios da aprendizagem. Disponível em: <http://www.utp.br/Cadernos_de_ Pesquisa/pdfs/cad_pesq10/10_a_inclusao_cp10.pdf>. Acesso em: 05/08/2013.