O Analfabetismo Funcional

Determina-se como um analfabeto funcional aquela pessoa que sabe escrever seu próprio nome, assim como lê e registra frases simples, porém, é incapaz de interpretar textos e de usar a leitura e a escrita em atividades cotidianas, impossibilitando seu desenvolvimento pessoal e profissional.

E esse tipo de questão envolve muitas outras, que estão ligadas claramente à educação, e não apenas a escolar, mas sim, e principalmente, à educação do mundo, pessoal, cotidiana, uma educação que hoje, infelizmente, sobrepõe os livros e conteúdos relevantes, deixando de lado as raízes culturais, fato inimaginável em outros tempos.

Interessante é pensar sobre o assunto, e a decadência em que vive as palavras de grandes pensadores e autores da nossa literatura. O analfabetismo funcional é o estopim de toda a ignorância desse mundo. É o motivo do voto errado e da palavra dita sem saber.

Durante uma aula de português pode-se constatar a ignorância dos jovens, e a falta que faz a leitura no cotidiano de todos. Enquanto a professora explicava sobre interpretação de texto, dando como exemplo uma crônica de Rubem Braga, alguns alunos não ligavam para o que estava sendo dito. E assim que a profissional pediu para um deles ler uma parte do texto que ilustrava o livro didático, o garoto se enrolou nas palavras e juntava letra por letra, levando alguns minutos para terminar, demorando a formar frases simples, como se fosse uma criança que acabara de aprender a ler.

Eu sei que isso não é nada comparado aos milhões de brasileiros que são analfabetos e sem qualquer ‘funcionalidade’. Porém, o que me indigna são as pessoas que têm a total condição de estudar e ao menos ler um livro ou um artigo no jornal, e não se preocupam com isso. Essa decadência da leitura e conhecimento em nosso país não é culpa do governo, não pode ser.

O governo disponibiliza cartilhas para estudo, aulas até de outros idiomas, e por vezes capacita professores, que com enorme dedicação, transmitem os maiores conhecimentos as crianças e adolescentes. O que falta mesmo é o empenho desses alunos, deixarem de lado o videogame e ler algo com certa relevância.

Porém, a conclusão para esse problema social não é simples e passa por várias questões, começando na educação dentro de casa, como quais os programas de televisão que são assistidos, jogos eletrônicos e acesso a informações pela internet.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o analfabetismo cresceu pela primeira vez desde 1998, onde foram identificadas 13,2 milhões de pessoas que não sabiam ler nem escrever, o equivalente a 8,7% da população total com 15 anos ou mais. Em 2011 eram 12,9 milhões de analfabetos, o equivalente a 8,6% do total. Em 2004, a taxa de analfabetismo brasileira chegava a 11,5%. (UOL educação, acesso em 27 de Setembro de 2013).

O questionamento se faz a partir da análise dos números, considerando o aumento do analfabetismo ao também crescimento da tecnologia e da desvalorização de professores. Talvez os adolescentes de hoje possam alterar essa estatística; talvez eles não consigam entender o tamanho absurdo de tais porcentagens, ou então, eles nem cheguem a ler o final deste artigo.

Kallil Dib – Jornalista

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Kallil Dib
Enviado por Kallil Dib em 17/10/2013
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