QUE DESTINO OS EDUCADORES DARÃO À PEDAGOGIA.

INTRODUÇÃO

O presente texto faz considerações a respeito do desenvolvimento dos estudos da pedagogia no Brasil e descreve de forma clara e objetiva o trajeto do curso ao longo dos anos até os dias atuais, questionando o valor do curso e sua finalidade além de sua funcionalidade e integridade científica.

Libâneo lança uma proposta no VI Encontro Nacional da ANFOPE (associação nacional pela formação dos profissionais de educação) em Belo Horizonte sugerindo que as faculdades de educação deveriam oferecer dois cursos distintos: O de pedagogia e o de licenciatura para a formação de professores para todo o ensino fundamental e médio, a proposta foi discutida, porém não foi votada por não se ajustar aos princípios de reformulação dos cursos de formação de educadores.

Segundo o autor o pedagogo obteria especializações através de habilitações entre elas a de pedagogia escolar. O licenciado obteria habilitação para: Docência no curso de magistério, nas disciplinas de 5ª a 8ª série e 2º grau e nas séries iniciais do ensino fundamental.

Sobre a estrutura curricular, Libâneo sugere uma base comum composta de disciplinas referentes à teoria e fundamentos da educação e à compreensão da organização da escola e do ensino e uma base específica referente a conhecimento técnico- profissional, conforme o âmbito de atuação profissional (pedagogo, docente, ou outra habilitação).

Sobre a habilitação do profissional ele indica que poderia prever na organização curricular a possibilidade de o pedagogo habilitar-se como docente e vice versa em alguma forma de organização e sequencia de ensino e que o pedagogo (escolar ou não) seria considerado um profissional especializado em estudos e ações relacionados com a ciência e pesquisa pedagógica e em toda a problemática educativa.

Enfatiza que o curso ofereceria formação teórica, científica e técnica para sua atuação em diversos setores de atividades: Nos níveis centrais e intermediários de ensino, nas escolas, nas atividades extra escola nas atividades ligadas à formação e capacitação de pessoal nas empresas.

Para Libâneo o curso de licenciatura para formar o professor das séries iniciais de 1º grau e do curso de magistério, não deveria substituir o curso de pedagogia. Ele afirma que o curso de pedagogia é o que forma o professor stricto sensu (profissional não diretamente docente) e que a caracterização do pedagogo stricto sensu torna-se necessária uma vez que lato sensu, todos os professores são pedagogos.

BREVE REFERÊNCIA HISTÓRICA:

Em 1939 a primeira regulamentação do curso de pedagogia no Brasil prevê a formação do bacharel em pedagogia. (técnico em educação). A legislação posterior (lei nº 4.024/61) mantém o curso de bacharelado e regulamenta as licenciaturas. O parecer CFE 252/69 a última regulamentação existente abole a distinção entre bacharelado e licenciatura. O formado no curso de pedagogia recebe o título de licenciado.

Em 1970 organismos e identidades independentes de educadores tomam a iniciativa de repensar o curso de pedagogia e as licenciaturas.

No princípio dos anos 1980 o movimento de reformulação dos cursos de pedagogia manteve em seus documentos o espírito do parecer 252/69 de não diferenciar a formação do professor e do especialista e reafirmou a ideia de que o curso de pedagogia é uma licenciatura, contribuindo com a descaracterização do pedagogo stricto sensu.

Em meados da década de 1980 algumas faculdades de educação suspenderam as habilitações convencionais (adm. Escolar, orientação educacional, supervisão escolar, etc.) Para investir num currículo centrado na formação de professores para as séries iniciais do ensino fundamental e curso de magistério.

Até os anos 20 não se punha em questão a existência de uma ciência pedagógica.

Nos anos 30, por conta do surgimento do movimento da educação nova de inspiração norte-americana que vai tomando conta de uma elite intelectual de educadores brasileiros, a ideia de uma ciência unitária e das chamadas ciências auxiliares da educação vai perdendo espaço.

Nos anos 50 inicia-se a propagação de novas teorias educacionais rotuladas de “tecnicismo educacional” que se intensifica nos anos 70. Difundem-se expressões como planejamento instrucional, modelos de ensino, estratégias de ensino-aprendizagem. Em consequência, ocorre um reducionismo dos termos “pedagogia” e “pedagógico” que passam a serem empregados meramente para indicar os aspectos metodológicos e normativos da escola.

Em meados de 1970, parte dos educadores une-se em torna da teoria da reprodução e das teorias críticas da sociedade e resiste fortemente à existência de uma ciência pedagógica. A teoria pedagógica é esvaziada para dar lugar à pedagogia sociopolítica da educação nutrindo os intelectuais da área (filósofos e sociólogos da educação) que se dispusera a contribuir na formulação de propostas para os currículos de formação dos educadores.

Nos anos 80 o movimento, sustentado pela ANDE (associação nacional da educação), pela revalorização da educação pública busca saída para a crise da escola brasileira posiciona-se pelo entendimento da escola como lugar em que se reproduzem as contradições sociais, portanto um lugar de luta de classes, de resistência, de conquista de cultura e da ciência como instrumento de luta contra as desigualdades impostas pela sociedade capitalista. surgindo assim a pedagogia crítico-social.

Documentos produzidos hoje pela ANFOPE tem exercido muita influencia na concepção de formação do professor e na reformulação de currículos em algumas faculdades de educação, porém por insuficiência de base teórica e por dificuldades encontradas na própria realidade é ainda modesto o nível de alcance de seus objetivos. Os reducionismos já anteriormente falados prejudicaram a qualidade da oferta de disciplinas nas licenciaturas.

Com base em poucos estudos sobre inovações nas instituições e cursos de pedagogia, pode-se deduzir que o saldo dessas iniciativas é modesto enquanto persistam problemas como o interminável questionamento da identidade da pedagogia e as ambiguidades quanto à natureza do curso.

A ESPECIFICIDADE DO CONHECIMENTO PEDAGÓGICO

Um dos movimentos sociais mais polêmico analisado é a difusão do mote “a docência constitui a base da identidade profissional de todo educador.”.

Parte de uma análise global da educação brasileira desde a formação ampliada na dimensão política a currículo e práticas que reduzem a atuação do educador à docência.

Pedagogia é uma área de conhecimento que investiga a realidade educativa, no geral e no particular e o pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação ativa de saberes e modo de ação, portanto em todo lugar onde houver uma prática educativa com caráter de intencionalidade, haverá então um pedagogo em ação.

Dentre os entendimentos atribuídos por autores, a pedagogia é a ciência da educação e o campo de investigação é a prática educativa. É a ciência transformadora da realidade educativa e o que se defende é a peculiaridade da mesma de responsabilizar-se pela reflexão problematizadora e unificadora dos desafios educativos, para além dos aportes parcializados das demais ciências da educação. Os elementos constitutivos da relação pedagógica articulados pela ação do educador são quatro: o aluno, os conteúdos, os métodos e a sociedade e é a partir desses que se compreendem a competência profissional do pedagogo sendo adquiridas outras acepções entre aluno e educador.

O campo do conhecimento pedagógico corresponde ao estudo científico e filosófico da educação e aos conhecimentos teóricos e práticos de sua aplicação, mas especificamente, podem ser agrupados em três áreas: Conhecimentos científicos e filosóficos; conhecimentos específicos da atividade propriamente pedagógica; conhecimentos técnico-profissionais específicos conforme o âmbito da atuação profissional.

A área de atuação profissional do pedagogo subdivide-se em duas esferas de ação educativa: Escolar (distinguem-se em três atividades: a de professor do ensino público; a de especialistas da ação educativa escolar; especialistas em atividades pedagógicas). Extraescolar (distinguem-se os profissionais que exercem sistematicamente atividade pedagógica e os que ocupam apenas parte de seu tempo nestas atividades), formadores (não escolares), formadores (ocasionais).

CONCLUSÃO

Sendo assim nos diversos segmentos da sociedade surge a necessidade de atuação do pedagogo, um profissional especializado nas questões sócio culturais, antes somente na escola, como docente. Hoje quebrando as barreiras, ampliando seus conhecimentos, criando projetos, podendo realizar trabalhos com autoestima, valores, conhecimento a fim de construir laços de amizades e fazer um ambiente prazeroso. Um novo olhar que se amplia nos espaços não formais, onde a atuação desse profissional nesses espaços contribui positivamente.

Nessa nova perspectiva com interesse de ajudar pessoas principalmente que vivem em situação de risco, excluídas, marginalizadas, especiais, dentre outras, o pedagogo é um profissional que atua em varias instâncias da prática educativa, quer seja direta ou indiretamente vinculadas à organização e aos processos de aquisição de saberes e modos de ação, com base em objetivos de formação humana.