A literatura tem muito a nos ensinar

Há uns cinco anos atrás, quando eu ainda estava pensando no tema da minha monografia para terminar o curso de história, pensei em pesquisar sobre o uso de livros de literatura nas escolas brasileiras.

Então eu abri um tópico no site “Café História” para perguntar a outros historiadores como eles usavam a literatura para ensinar seus alunos nas aulas de história.

Recebo comentários neste tópico até hoje (já foram mais de 60), e pra falar a verdade, eu havia abandonado o tema logo depois de criar o tópico. Passei a estudar como um jornal da minha cidade retratou os eventos de 11 de Setembro de 2001.

Mas até hoje gosto de literatura, e acho que ele é um tema fundamental a se estudar nas salas de aula, inclusive nas aulas de História.

Na faculdade, meus professores ignoravam a literatura. Apenas alguns professores mais jovens arriscavam usar obras de literatura uma ou duas vezes POR ANO.

Quase todos eles diziam que literatura era inútil para a História, pois quase tudo era invenção do autor do livro. É verdade que muitas vezes os livros de literatura são fantasiosos, mas nem todos eles são. E mesmo assim, eu acredito que toda história tem o seu significado, fazendo o leitor aprender alguma coisa ou refletir sobre a vida. Afinal, qualquer pessoa pode refletir sobre a vida e pensar em algo positivo apenas ouvindo uma musica popular, imagine então o quanto não se pode aprender lendo um livro.

Voltando ao tópico no “Café História”, me surpreendeu a quantidade de gente que falava sobre usar livros de literatura nas aulas de História. Mas o que me surpreendeu ainda mais foi o fato de que 90% dos historiadores falaram apenas sobre autores brasileiros. Mario Quintana, Machado de Assis, e muitos outros. Fiquei realmente desapontado com isso. E digo isso porque eu realmente não gosto muito da literatura clássica brasileira, aqueles autores que já morreram e ainda são considerados gênios. Esses escritores falam muito sobre como era o Brasil antigo, um Brasil pobre, escravocrata, colonial, explorador e violento. Além do mais, geralmente a forma de escrever era maçante, tediosa e completamente chata. Mas gosto não se discute.

O que eu quero apontar é: Podemos aprender muito com a literatura de outros países. Existem muitos países e muitas pessoas que possuem lições valiosas para das aos brasileiros. E falo isso por que amo o meu país. Quando o Japão abriu suas portas ao mundo em 1868 (mais de 50 depois da abertura dos portos no Brasil), o imperador japonês enviou emissários para todo o mundo para coletar informações, novidades, tecnologias e tudo o que havia de melhor no mundo para desenvolver e melhorar o Japão. Hoje o Japão tem o PIB duas vezes maior do que o Brasil, em um território 22000 vezes menor que o Brasil! Sem falar que o Japão tem uma população de cerca de 130 milhões de pessoas, enquanto o Brasil tem a população de cerca de 200 milhões. Isso é no mínimo vergonhoso.

Tem tanta coisa boa que podemos aprender lendo autores japoneses e também de outros países. Pra que ler só os brasileiros? Nós moramos aqui, conhecemos já muitos brasileiros.

Nós brasileiros já aprendemos o suficiente sobre o quão ruim o nosso país foi, e ainda é. Temos muito a aprender com pessoas de fora, principalmente com os japoneses e chineses. Eles não são, e nunca foram inferiores a nós (brasileiro tem mania de se achar superior). Ao contrário, somos todos seres humanos, só temos culturas e países diferentes.

11 de Março de 2014

Boris Becker
Enviado por Boris Becker em 13/03/2014
Código do texto: T4727124
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