VINGANÇA NÃO É JUSTIÇA

"Quem luta com monstros deve cuidar para que, ao fazê-lo não se transforme também em monstro", escreveu Nietzsche. Palavras certeiras e preciosas. Acho que a coletividade anda precisando refletir sobre isso para manter a paz social. É que estou pensando na justiça e nos justiceiros, nas infrações e nos infratores e sou obrigada a reconhecer que a insegurança, a impunidade e o habitual descaso das autoridades incitam o cenário para a guerra. Sim incitam. Contudo não a justificam porque esses tipos de "acertos de contas com criminosos" apenas traduzem a vontade autoritária e violenta de pessoas que, cegas pela vingança, insistem em acreditar que podem transitar pelo mundo agindo do jeito que desejam. Não estou aqui para julgar ninguém, só sei que a justiça privada é a luta de todos contra todos, uma barbárie insana e abjeta onde somente o detentor da arma mais poderosa consegue sobreviver.

Tenho certeza que ninguém em sã consciência deseja uma sociedade assim, tão cruel, onde as pessoas, quando sofrem algum tipo de agressão, ignoram a lei e reagem igualando-se aqueles a quem repudiam. Sou a favor da punibilidade legal, sem arrêgo pra bandidos, mas sou totalmente contra qualquer tipo de agressão a pessoas que cometeram crimes. E sou contra justiceiros e sua ações, sempre vingativas, que, a meu ver precisam ser contidas, sob pena de banalização. A ordem social é regulada pelo Direito; a lei e as instituições têm de ser respeitadas e é crime fazer justiça pelas próprias mãos. É preciso que o povo brasileiro entenda isso ou a materialização do princípio da vingança restará institucionalizada e seus efeitos danosos se refletirão sobre inocentes. Aliás, isso já vem acontecendo amiúde.

Mas reconheço também que esse entendimento ético e moral, essa luz da razão que repudia a violência e diz não à vingança, está ligada diretamente à EDUCAÇÃO e que nesse quesito, o Brasil encontra-se em estado de total e absoluta indigência.

-Marli Soares Borges-