ANALISE DO DISCURSO MÚSICA TEATRO DOS VAMPIROS DE RENATO RUSSO (LEGIAO URBANA)

Maria Gerusa Gomes Santos/letras português /UESPI Universidade Estadual do Piauí

RESUMO

Falar sobre um tema como análise do discurso na música é um tanto desafiador, porem gratificante e necessário porque através dessa análise pode-se levanta as mais variadas questões para serem discutidas e que já foram discutidas nos ambientes linguísticos, no entanto se faz necessário lembrarmos que a tarefa da análise é de nível elevado, difícil e requer toda uma atenção e um suporte teórico bem expressivo, visto que Análise do Discurso pode ser ainda definida como pratica no campo da linguística e das comunicações reesposáveis em analisar construções ideológicas presentes nos textos orais ou escritos. A Análise do Discurso é bastante utilizada para analisar textos de protestos como músicas, comercias e textos da mídia e sua e os princípios ideológicos por trás de cada discurso proferido. Trata-se de um trabalho bibliográfico, elaborado a partir de material relacionado coma temática. Que tem com principio chamar atenção do leitor para a ideologia por trás do discurso proferido na música, e como corpus da pesquisa foi escolhido a música Teatro dos Vampiros do Cantor/ Compositor e músico Renato Russo vocalista da Banda Legião Urbana, banda de grande sucesso nos anos 80 e 90. Para analisar esses discursos, a AD, definida inicialmente como prática da linguística no campo da Comunicação, e consistindo em analisar a estrutura de um texto e as construções ideológicas não se limita a um estudo puramente linguístico, isto é em analisar só a parte gramatical da língua (a palavra, a frase), mas leva em conta outros aspectos externos à língua, mas que fazem parte essencial de uma abordagem discursiva: os elementos históricos, sociais, culturais, ideológicos que cercam a produção de um discurso.

INTRODUÇÃO

Na sociedade atual a vida está trilhada por práticas que estão diretamente vinculadas aos diferentes tempos e espaços, ao tempo que os sujeitos usam recursos materiais ou simbólicos para agir em conjunto no mundo. Desde a ordem econômica, política e cultural e na vida cotidiana, todas movidas por práticas e relações sociais englobando essas práticas como crenças, valores, atitudes particulares e todas proferidas através do material discursivo.

Nesse panorama discursivo, entra a chamada mídia de massa, produto de uma sociedade globalizada, assim como fruto, criação da tecnologia que surge no cenário social e junto surgem as práticas discursivas presente na sociedade que na década de 60 começaram a lutar a buscar seus ideais é onde eles começaram a entender que por trás dos discursos hás sempre uma segunda intenção e pode ser ou não favorável a quem está discursando e ao ouvinte do discurso.

Este estudo se justifica pela importância da Análise do Discurso, visto que através pode-se haver uma transformação na vida do individuo, abrindo-lhes caminhos em busca de seus ideais e toda essa comunicação todo esse contexto do discurso traz como base a linguagem, visto que ela é levada em consideração no momento da análise.

Porque escolher analisar uma música? E mais precisamente uma música do Renato Russo cantor/compositor polêmico, aquele que fala nas entrelinhas o que deve ser dito na real? De fato Renato seria um compositor polêmico, mas não por ser um usuário de drogas e soro positivo, polêmico por não ter medo de falar o que era preciso. A música escolhida para análise não é a única do músico que é tida com protesto. Ele escolheu cantar os seus medos suas ideologias e a verdade escondida nas paredes de concretos. E como a música escolhida é tida como protesto cabe a utilização da disciplina Análise do Discurso para fazer a análise de tal discurso proferido.

ANALISE DO DISCURSO

Para cada discurso um propósito, para cada propósito um discurso e, por trás de cada discurso devidas intenções. Ninguém discursa sem um proposito, eles são sempre em prol de algo maior, ou seja, há sempre grandes intenções por trás de cada discurso.

Análise do discurso é uma prática da linguística no campo da Comunicação, e consiste em analisar a estrutura de um texto e as construções ideológicas e a partir disto, compreender as intenções presentes neles. Análise do Discurso, como bem seu nome indica, não trata unicamente da língua, da gramatica, embora isso muito lhe interesse, mas ela trata do discurso. E a palavra discurso, etimologicamente, tem em si a ideia de curso, de percurso, de movimento e o discurso é assim a palavra em movimento.

O discurso é na verdade uma construção social e nunca individual, visto que, ele é analisado considerando também o contexto social, suas condições de produções significa ainda que, o discurso pode refletir a visão de mundo do próprio autor (a) da sociedade e o meio ao qual ele possa está inserido. Um fator que se faz necessário lembrarmos sempre, que o objeto da Análise do Discurso é o próprio Discurso presente em qualquer contexto, situação ou meio em que ele possa está inserido.

Análise do discurso, disciplina surgida em meados dos anos sessenta, tempos de grandes acontecimentos históricos, tempos de guerra, de transformações humanas, de ideias e ideologias transformadoras. Década de 60, eclode a chamada “Guerra Fria” uma disputa de poder, disputa essa como outra qualquer no que desrespeito a guerras, no entanto, essa nova Guerra tem uma diferenciação, nessa época a humanidade está se libertando os jovens começaram a deixar de lado seus medos, suas passividades e passaram a agir com propósito de se mostrar ao mundo, ao Ocidente. É chegada a hora de lutar pelos seus ideais e como isso poderia acontecer se não por meio do discurso, de lutas de exposição de seus ideais.

Não se sabe ao certo fundador desta disciplina, alguns atribuem sua origem a Jean Dubois e Michel Pêcheux, visto que, ambos participavam do marxismo e da política marxistas. Pêcheux é mais voltado para a questão da ideologia, isto é, da formação de ideias do sujeito do discurso. Com passar do tempo a AD, supera a finalidade inicial, passando agora a uma reflexão sobre a discursividade e a linguagem como bem ressalta Orlandi.

Etimologicamente a palavra discurso contém em si a ideia de percurso, de correr de movimento. O objeto da Análise do Discurso é o discurso, ou seja, ela se interessa por estudar a “língua funcionando para a produção de sentidos”. Isto permite analisar além das frases, ou seja, o texto. (Orlandi 1999, p. 17).

O discurso em si é movimento, visto que sempre se discursa em prol de algo maior, e esse discurso se dá através da linguagem, no entanto ela não é totalmente visível, transparente, ela precisa de um estudo maior para poder entender o que está escondido por trás dela, e é através da AD Análise do discurso que encontramos possibilidades maiores.

É através da linguagem que o homem faz a sua historia, transforma sua vida, busca sentido para sua existência, transformando a realidade em que vive, e isso pode ser visto desde o surgimento da Análise do Discurso em meados dos anos 60(sessenta),tempos de guerra, tempo de manifestações, que, Inconformados com a rigidez do tratamento dado as crianças, mulheres e homossexuais. Diante de tantas injustiças é então criado a AD Análise do Discurso, em maio de 1968, nascida sob o signo da polêmica. E como para cada discurso um propósito, a AD serviu como instrumento de investigação, das ideias escondidas por trás de cada discurso proferido.

E como bem foi ressaltado anteriormente, Pêcheux estuda a AD, levando em consideração a Ideologia, os princípios ideológico, desse modo, faz-se necessário lembrar o que é ideologia sob a ótica de Michel Pêcheux, que teve como base o filósofo marxista Althusser([1969] 1985) que concebe a ideologia como imaginário que intermedia a relação das pessoas com suas condições de existência. Pêcheux é um herdeiro não subserviente do marxismo, da linguística e da psicanalise. Ele é o fundador da Análise de Discurso que teoriza a linguagem na ideologia e como esta se manifesta na linguagem. Ele acaba por conceber o Discurso, enquanto efeitos de sentidos.

Seguindo a lógica de Althusser, pode-se entender que o conceito de ideologia dele está ligada as ideologias Marxistas. Isso pode ser visto no pensamento Marxista quando diz que. A ideologia é o conjunto de proposições elaborado, na sociedade burguesa, com finalidade de fazer aparentar os interesses da classe dominante com o interesse coletivo, construindo uma hegemonia daquela classe. A ideologia dessa forma acaba por se tornar um instrumento de reprodução dos status da própria sociedade.

Partindo da questão de produção, sujeitos com ideias mais altas na pirâmide social; no entanto não se dão conta do sistema capitalista que os conduz cada vez mais a ocupar uma função na relação de produção, ou seja, no topo da pirâmide alguém pode proferir um discurso para incentivar quem está na parte de baixo da pirâmide, mas só lembrando o dono do discurso jamais faria tal coisa se não estivesse outras intenções por trás de Tudo isso.

DISCURSO, IDEOLOGIA, SUJEITO E LINGUAGEM.

Quando se fala em AD, Análise do Discurso tem como referência, Michel Pêcheux, ele é uma das figuras mais importantes da Análise do Discurso. E varias são as definições para o termo discurso e vários são os tipos de discurso. Na Análise do Discurso, procura-se compreender a língua fazendo sentido, fazendo relação do homem com sua história.

A ideologia, mesmo não sendo um assunto muito recente ele é trabalhada todo o estudo da filosofia. O sujeito por sua vez está relacionado a linguagem, visto que é por meio dela que o sujeito relata o seu discurso, sem falar que o sujeito não é fonte absoluta do significado do sentido, ou seja ele não é a origem em si, ele se constitui na verdade por meio das falas de outros sujeitos.

O sujeito do discurso pode até se designar senhor manipulador do discurso, das massas menores, mas ele próprio é manipulado ao ponto que no momento em que o sujeito decide discursar, criar um discurso ele já está sendo manipulado, visto que o discurso sempre parte de outro discurso, ou seja, um discurso sempre estará condicionado a um discurso já proferido, ou pelo menos idealizado. O sujeito cria uma ideologia e espalhe difunde ela através da linguagem através do discurso tanto que para Althusser (1992). A ideologia tem existência material, e nessa existência material que deve ser estudado, e não como meras ideias. Segundo o teórico:

“trata-se de estudar as ideologias como um conjunto de práticas materiais necessárias à reprodução das relações de produção O mecanismo pelo qual a ideologia leva o agente social a reconhecer o seu lugar é o mecanismo da sujeição”. (1992, P. 08)

O conceito aqui relatado pelo filósofo Althusser de sujeição é tido como mecanismo com duplo efeito, ou seja, nesse sentido as ideias não estariam sozinhas, mais também todo um conjunto de práticas. Para ele a ideologia não seria produto do pensamento, mas sim a manifestação, a própria existência incorporada no discurso naquilo que o sujeito acredita, ou seja, a ideologia não seria pensamento mais sim vivência.

O DISCURSO NA MÚSICA TEATRO DOS VAMPIROS DO AUTOR RENATO RUSSO (LEGIÃO URBANA).

A nossa língua é dos meios de comunicação, através dela podemos nos manifestar de várias maneiras, e uma delas é o Discurso. A língua nunca é solitária e por meio da linguagem pode-se fazer varias manifestações. Cada sociedade tem o seu léxico, segundo Basílio (2009) o léxico é definido como conjunto de palavras de uso da língua, neste caso implicaria dizermos e entendermos que o léxico de uma sociedade necessariamente não precisa ser e nem é igual.

A língua- linguagem na música Teatro dos Vampiros do Renato Russo mostra bem a questão ideológica e o léxico e como se trata de uma música mundialmente conhecida ela traz um léxico de fácil entendimento em o uso de variações o que torna mais fácil o entendimento, embora muitas vezes o autor esconda suas reações intenções por trás de das palavras, mas como bem sabemos essa é a função do discurso deixar a mostra apenas o que é conveniente visto que todo discurso tem o seu propósito.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, sendo esta desenvolvida a partir de material já elaborado relacionado ao tema em estudo que teve como base fundamental conduzir o leitor a determinado assunto e utilização das informações coletadas para o desempenho da presente pesquisa partiu-se de um levantamento bibliográfico sobre a temática sugerida.

A partir dos artigos encontrados foi realizada uma análise e interpretação do material bibliográfico permitindo a seleção daqueles pertinentes ao objetivo do trabalho, como Pêcheux, Orlandi, Basílio etc..

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Partido do pressuposto de que toda pesquisa de alguma forma já feita ou estudada Marconi e Lakatos (2009), dizem que: nenhuma pesquisa parte da estaca zero, ou seja, o pesquisador buscará fontes de pesquisas já existentes, tais como documentais e bibliográficas para que tenha suporte teórico ao seu trabalho, permitindo assim uma pesquisa válida e com credibilidade.

A Revisão de Literatura ou Referencial Teórico tem por finalidade conhecer as diferentes contribuições científicas para determinado tema, aém de oferecer suporte para todo e qualquer tipo de pesquisa, porque com bem já foi dito nenhuma pesquisa parte da zero, do nada, ou seja, alguém já falou sobre tal tema.

ANÁLISE DOS DADOS

No presente trabalho será analisado o discurso por trás da letra da Música tendo como corpus a própria música. Teatro dos Vampiros do cantor e compositor Renato Russo. O titulo da música por si só já chama a atenção para o ouvinte, o leitor. A música fala “sobre a TV” ou pelo menos deveria ser, no entanto se tornou algo bem maior do que simplesmente falar da TV, sem fala que a música “casa” bem com situação do país na época.

O Teatro dos Vampiros ou simplesmente Teatro dos vampiros faz parte do 5º (quinto) álbum da banda Legião Urbana, em 1991, nessa época foi uma das músicas mais tocadas segundo a Hot 100 Brasil, e foi eleita também pelos leitores da revista Bizz a melhor música daquela época.

Considerando a situação brasileira daquela época a música “casa” bem, época de mudanças, de roubos época do governo Collor, embora seja uma música escrita há cerca de 20 (vinte anos) , retrata exatamente a cara do Brasil hoje. O próprio título “Teatro dos vampiros” pode ser associado ao Senado o palácio dos políticos, onde muitos deles se escondem, finge está trabalhando, onde manipulam as leis em favorecimento dos mesmo, enquanto os Vampiros sugam sangue para viver os políticos sugam o suor dos cidadãos, mais precisamente do proletariado.

A obra escrita no século XX, ano de 1991, retrata o hoje, a sociedade manipulada pelas grandes massas e não só a massa política, mas também a mídia manipuladora e por fim a questão mais recente a massa criminosa, não a criminosa de “colarinho branco” nome dado a grandes empresário e políticos que atuam no ramo do crime, mas sim da massa criminosa que está à solta enquanto cidadãos de bem estão presos e nisso Renato Russo relata bem na estrofe de numero 2 (dois) quando ele diz: “os assassinos estão livres nós não estamos”

Diante do exposto fica claro que o autor quis dizer ao proferir o discurso “ os assassinos estão livre nós não estamos” o léxico aqui exposto retrata exatamente o hoje o século XX, onde os assassinos andam pelas ruas livremente enquanto cidadãos tem que ficar preso em suas casas cercados por cercas elétricas impedido de conviver em sociedade. para o ouvinte qualquer que escuta uma somente por escutar dificilmente entenderia o que o autor está querendo dizer, visto que como bem diz os teóricos dos discurso há sempre uma segunda intenção por trás de cada discurso.

Ainda na estrofe de número 2º (dois) quando o autor diz: “fica a poeira se escondendo pelos cantos esse é o nosso mundo o que é demais nunca é o bastante” esse é outro trecho da música com duplo sentido, ao tempo que ele poderia proferir tal discurso relacionando-o com a sua situação própria vista que ele era usuário de drogas, pode ser entendida com a situação do país onde se tem problemas e, ao invés de procurar uma solução jogam para debaixo do “tapete” criam-se “alternativas” para esconder o que de fato tem que ser resolvido.

No verso seguinte ele diz: “esse é o nosso mundo o que é demais nunca é o bastante” isso que dizer o ser humano nunca está contente com o que tem que embora tenha um país regado a liberdade, principalmente a liberdade de expressão não estão contente querem sempre mais e para isso não importa qual caminho seguir. Se formos levar para o lado pessoal do autor essa frase poderia está diretamente ligada a ele, visto que era um músico de nome de grande sucesso tinha amigos fazia o que gostava e mesmo assim não se sentia contente.

CONSIDERAÇOES FINAIS.

A década de 60 é marcado por vária manifestações, entre elas a política e essas manifestações não estava limitada somente ao nosso país mas também lá fora:

A pesquisa se justifica pela importância em pesquisar, analisar o discurso, a ideologia proferida por trás de cada discurso. Nosso objeto de estudo está pautado em analisar o discurso por trás da letra da música Teatro dos Vampiros do Cantor e compositor Renato Russo, tendo como objetivo levar o leitor a pensar e entender como uma ideologia, um discurso pode está bem nítido nas estrelinhas da música que o próprio leitor escuta com certa frequência.

Como análise escolhemos o corpus da música analisando o titulo, que por si só já vale uma analise, visto que, ele é bem sugestivo ao ponto de render duas ou mais interpretações foi analisado também a segunda e oitava estrofe da música tendo os seguintes versos como corpus “ os assassinos estão livres nós não estamos”. “fica a poeira se escondendo pelos cantos esse é o nosso mundo o que é demais nunca é o bastante”.

Dados os expostos fica claro o quanto é importante analisar o que está por traz de cada discurso proferido sendo ele pautado em música, textos orais ou escritos, lembrando sempre que quem discursa sempre discursa em prol de algo maior

REFERENCIAS BIBLIOGÁFICAS:

Althusser, L. (1976) Idéologie et appareils idéologiques d’Etat (notes pour une recherche), in POSITIONS (1964-1975), Paris: Les Editions Socieles, pp. 67-125. Tradução de João Paulo Queiroz

MARCONI, M. A; LAKATOS, E. M. Metodologia do trabalho científico. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2009.

Orlandi, E. P. (1999). Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas, SP:

Pontes.

PÊCHEUX, M. La sémantiqueet la coupuresaussurienne: langue, langage, discours.

Paris: RevueLangages, 1971.

Geusahenrico
Enviado por Geusahenrico em 18/09/2014
Reeditado em 03/08/2015
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