PROFESSOR, O SABER EM CONSTRUÇÃO

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR (*)

"Quem não se comunica, se trumbica!".

Chacrinha, o Velho Guerreiro.

O professor tem que ter conhecimento científico (ser pesquisador do ensino, pesquisa e extensão) superior ao conhecimento empírico para poder ser um profissional qualificado, digno da profissão que abraçou. O então Presidente do Brasil, Fernando Henrique¹ Cardoso (2001), defende a tese que o professor tem quer ser um pesquisador (com especialização, mestrado, doutorado, etc) e não um conformado, copiador de ideias dos outros, como tem milhões de pessoas que se formam, saem da universidade sem experiência profissional em termos de pesquisador acadêmico, encontram as portas de quem pode oferecer emprego exigindo qualificação profissional e científica em termos de ensino, pesquisa e extensão, aí a única coisa que será possível a essa gente é ir para sala de aula, ser professor, transferir o que aprendeu em termos de pesquisa e de conhecimento inventado, criado e concretizado por professores pesquisadores em sentido específico e ou stricto sensu. Pensam em ser professor se ser pesquisador permanente em cada área do conhecimento humano é lesar ou fraudar o público atendido na condição de cliente (aluno de escola privada) e ou de cidadão (aluno de escola pública). Infelizmente, tem gente que se diz professor, brincando e fingindo de ensinar, enquanto professores, pois, em sendo assim jamais serão educadores, daí vem a desqualificação generalizada do ensino público brasileiro, um dos piores do mundo. Agora em tempo de campanha política, alguém aparece cortando parte do discurso de uma personalidade como Fernando Henrique Cardoso para aparecer na mídia e tentar desconstruir a imagem e ideologia de alguém, assim como no campo da religiosidade, aparecem sempre "Messias", se intitulando de sacerdotes para cortada parte de capítulos e de versículos bíblicos para atender sua vontade humana, material, coisas da matéria e não do espírito, para falar contra "A" e ou "B" e assim sucessivamente, isso é outra coisa: falar e não sabe porque está falando da vida alheia, inveja, ciúme, medo do verdade, capitulação, derrota eleitoral, proselitismo barato de tempo eleitoral.

Fernando Henrique não desconstrói a figura do professor de forma alguma, ele em 2001, conclama ideologicamente os colegas professores de todos os níveis para voltar a estudar e transformar-se em pesquisadores, quando enfatiza que: "Se a pessoa não consegue produzir, coitado, vai ser professor. Então fica a angústia: se ele vai ter um nome na praça ou se ele vai dar aula a vida inteira e repetir o que os outros fazem", ele está falando sobre ele mesmo que foi primeiro professor e isso o prejudicou ao ingressar no mundo da pesquisa intelectual, acadêmica, aceita como verdade no mundo globalizado. Ele fala de pessoas que se formam e não dão continuidade aos estudos de pós-graduação: especialização, mestrado, doutorado, etc., não sabem pesquisar e muito menos criar ideias, teorias de aprendizagens novas, etc., e esse tipo de "profissional" só sobrevive na área de Ciências Humanas, no caso, ser professor, profissional que vai repetir o que os outros já pesquisaram, copiador de quadro negro, é um tipo de profissional sem qualquer tipo de criação e argumentação própria. Em sendo profissionais graduados da área de saúde e ou da área tecnológica, ficaram de braços cruzados e desempregados. Que escola queremos se nossos professores são copiadores e não pesquisadores e criadores de novas teorias e ou maneiras metodológicas e tecnológicas educacionais a serviço da humanidade?. A ideia de “terminar” um curso superior e já ser dono de todos os saberes da área sem pesquisa não tem comprovação cientifica. Tudo muda na vida, inclusive os saberes que vem do ato de pesquisar novos conhecimentos.

Afirmar que o escritor e intelectual Fernando Henrique Cardoso, maculou e/ou desconstruiu o profissional da educação e/ou do magistério brasileiro, é mera ideologia de desconstrução do principal candidato da oposição no momento político atual que disputa o cargo maior de Presidente da República no dia 26 de outubro de 2014, argumento de confronto barato, politiqueiro, oportunista, ideologia do atraso e profissionais da educação preguiçosos e que ficam acomodados ao concluir um curso de graduação, pois, são meros copiadores de argumentos, teses, pesquisas e teorias de pesquisadores renomados. E isso é fato, em política um jumento carregado de açúcar até o rabo é doce, conforme o universo popular e ou do senso comum, de modo que em sendo parte da população brasileira, iletrada, analfabeto funcional, dependente de bolsa escola, bolsa família, minha casa minha vida, de água para beber, de segurança pública, de educação de qualidade (porque a maioria de nomes amados professores não são pesquisadores e sim somente professores, copiadores de idéias dos outros...). Quem precisa ser alfabetizado em termos de pesquisas, são os professores, o que cai como uma luva, quando Cardoso (2001), afirma: "Lá (o instituto de Princeton) é um lugar de pessoas selecionadas nos Estados Unidos, de jovens PhD, os mais brilhantes, eu não era, porque eu já era professor, eu não sou brilhante, mas estava lá". É uma confissão do próprio “EU” dele, que teve que se nivelar para conseguir galgar o lugar de pesquisador no mundo, tudo porque antes ele tinha sido professor e assim sendo, era um mero copiador das idéias alheias.

Os professores brasileiros sabem que o analfabeto funcional é aquele individuo que não tem capacidade de demonstrar que compreende o significado de texto(s) simples: livro, artigo, entrevista, de um capítulo e versículo bíblico, etc. Esse tipo de pessoa tem cognição e capacidade de codificar nos mínimos detalhes as letras, as frases, as sentenças, os textos curtos e ou longos e bem assim os números, porém, não sabem fazer interpretação de tais textos e muito menos fazer operações ou cálculos matemáticos. Aí aparece a ideologia partidária e o proselitismo político brasileiro, quando tem gente “letrada” dizendo que o pesquisador Cardoso (2001) desfez do professor brasileiro ao afirmar que ele mesmo é professor e por isso teve muita dificuldade para transformar-se pesquisador nos Estados Unidos da América. Tanto é assim que o IBOPE²/³ (2005), afirma que há 68% (sessenta e oito por cento) da população brasileira é analfabeta funcional, onde 30% (trinta por cento) dessa população é do nível 1 (conhecida por alfabetização rudimentar, onde estão as pessoas que apenas conseguem ler e compreender os títulos de textos e frases curtas, porém, sabem contar, mas tem dificuldades em compreender números grandes,bem como em fazer operações básicas de aritméticas), bem como 38% (trinta e oito por cento) da já referida população no nível 2 (trata-se da alfabetização básica, formada por pessoas que conseguem ler textos curtos, porém, só conseguem extrair informações esparsas no texto e não conseguem tirar conclusão alguma, se bem que conseguem entender números grandes, fazem operações aritméticas básicas, porém tem dificuldades em fazer cálculos envolvendo operações matemáticas complexas). Ressaltamos ainda que somados os 68% (sessenta e oito por cento) da população brasileira de analfabetos funcionais mais 7% (sete por cento) da população brasileira totalmente analfabeta, aí teremos 75% (setenta e cinco por cento) da população brasileira não tem domínio pleno de leitura, de escrita e de operações lógicas matemáticas. Assim equivale dize que 1 (um) em cada 4 (quatro) brasileiros, o que equivale a 4% (quatro por cento) da população é que é plenamente alfabetizada, portanto é esse gente que se encontra no nível 3 da alfabetização funcional (consideração como alfabetização plena, formada por pessoas que tem o domínio em leitura, em escrita, em números e operações lógicas matemáticas básicas e ou complexas). E isso não para por ai não, o Censo Brasileiro, relativo ao ano de 2010, comprova que entre uma entre quatro pessoas brasileiras são analfabetas funcionais, tendo em vista a porcentagem de 20,3% (vinte, vírgula três por cento). E a PNAD – Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios4, informa que a Região Nordeste figura como sendo o maior problema ou índice dessa realidade, pois, entre nós nordestinos existe a taxa 30,8% (trinta, vírgula oito por cento) de analfabetos funcionais. O que vale dizer que no meio dessa porcentagem estão aqueles profissionais graduados nas diversas áreas do saber que deixarem de estudar, de fazer cursos de pós-graduação: mestrado e doutorado, para se transformarem pesquisadores, conforme se queixa Fernando Henrique Cardoso (2001), uma vez que ele quando se formou foi dar aulas, transmitir e copiar no quadro de giz, o saber que os pesquisadores criaram para servir ao mundo. E até porque os professores da rede pública básica de ensino, nas três esferas de governo (federal, estadual e municipal) não dispõem de tempo livre da sala de aula para estudar e pesquisar, para dar continuidade aos seus saberes.

No tocante ao ensino superior brasileiro, considerado de baixa qualidade, portanto, mal formadores de professores para o magistério de Educação Básica, o Instituto Paulo Montenegro e a ONG – Ação Educativa, em 2012, divulgaram pesquisa indicando que 38% (trinta e oito por cento) dos estudantes universitários brasileiros são analfabetos funcionais (INAF), pois não sabem ler e escrever plenamente5, sendo, portanto, um reflexo expressivo diante do crescimento do número de universidades, centros universitários e faculdades, oferecendo curso de baixa qualidade na primeira década do século XXI.

Infelizmente, a educação em todos os níveis e graus, instrumento do poder político brasileiro, tem ao longo dos tempos, se transformado insatisfatório e um problema sem soluções, diante de índices tão altos do chamado analfabetismo funcional, tendo como mola propulsora a baixa qualidade dos sistemas de ensino público: federal, estadual e municipal, pois, falta infraestrutura nas escolas de ensino: infantil, fundamental, médio, profissional e superior, bem como desapareceu o hábito quase que totalmente pelo interesse de leitura de nossas crianças, jovens e adultos. Daí vem a baixa qualidade de sua formação em qualquer área do saber, inclusive na área das Ciências da Educação, sem leitura, sem pesquisa, não dá, por analogia ao velho guerreiro, Abelardo Barbosa, o nosso Chacrinha, ao afirmar: “Quem não se comunica se trumbica!7”, o comunicar em sentido amplo, em termos instrucionais significa leituras, pesquisas, estudos, criações do intelecto e da alma. E isso nossa gente está buscando fazer cursos relâmpagos e quase nenhuma pesquisa para poder ensinar nossas crianças, adolescentes e adultos para impulsionar o nosso futuro em todos os sentidos como pessoas e como nação. Infelizmente, ainda somos uma nação subdesenvolvida, até quando? Quando o sistema educacional é eficiente, demonstra que esse ou aquele país é desenvolvido. Atualmente um país é desenvolvido pelos índices positivos apresentados e comprovados diante das nações do mundo em termos de educação, pesquisa e extensão, como por exemplo, acontece na Suécia6, cujo índice de analfabetos funcionais é inferior a 10% (dez por cento). Bem sabemos que “ser professor não significa estar sempre certo, não ter problemas psicológicos, ser sempre vítima dos alunos ou ser inocente em todas as situações ocorridas em classe” e até porque o professor “como qualquer outro ser humano, ele está sujeito à psicologia e à psicopatologia humanas, isto é, a apresentar distúrbios psiquiátricos, psicológicos, orgânicos, sociais ou relacionais”, segundo Içam Tiba (2013, p. 158). Agora fazer a desconstrução dos saberes alheios em nome de ideologia, proselitismo político partidário, religioso e ou social é um fato de burrice, prova máxima de ser um analfabeto funcional.

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¹ Folha de S. Paulo.: < http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u7188.shtml >

² Terra/IBOPE.: < http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI659284-EI994,00.html >

³ Ig Educacional.: < http://www.educacional.com.br/noticias/noticiaseduc.asp?id=226926 >

4 PNAD.: < http://noticias.uol.com.br/especiais/pnad/2010/ultimas-noticias/2010/09/08/pnad-um-em-cada-cinco-brasileiros-e-analfabeto-funcional.jhtm >

5 O ESTADÃO.: < http://www.estadao.com.br/noticias/geral,no-ensino-superior-38-dos-alunos-nao-sabem-ler-e-escrever-plenamente-imp-,901250 >

6 Grupo Escolar.: < http://www.grupoescolar.com/pesquisa/o-analfabetismo.html > .

7 Escola de Samba Império Serrano: < http://www.youtube.com/watch?v=Ya0nX4Mdhog >

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(*)Endereço para acessar este CV:

http://lattes.cnpq.br/5755291797607864

ACADEMIA PARAIBANA DE POESIA

CADEIRA 7 – PATRONO: CARLOS DIAS FERNANDES

REsp-1282265 PB (2011/0225111-0)

http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/detalhe.asp?numreg=201102251110&pv=010000000000&tp=51

https://ww2.stj.jus.br/websecstj/decisoesmonocraticas/decisao.asp?registro=201102251110&dt_publicacao=7/5/2013

https://ww2.stj.jus.br/websecstj/decisoesmonocraticas/frame.asp?url=/websecstj/cgi/revista/REJ.cgi/MON?seq=28033890&formato=PDF

ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL

http://www.academialetrasbrasil.org.br/albparaiba.htm

http://www.academialetrasbrasil.org.br/ArtFPMAdetentos.html

http://www.academialetrasbrasil.org.br/albestados.htm

http://www.academialetrasbrasil.org.br/artfranaguiar.htm

http://www.academialetrasbrasil.org.br/galeriamembros.htm

ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL

ESCRITORES BRASILEIROS DIPLOMADOS EM CADEIRAS VITALÍCIAS DA ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL, IN.:

http://www.academialetrasbrasil.org.br/galeriaindicados.html

ARTIGOS PUBLICADOS IN.:

http://www.academialetrasbrasil.org.br/artfranaguiar.htm

www.academialetrasbrasil.org.br/membrofcoaguiaraugustodosanjos.doc

RECANTO DAS LETRAS

http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=65161

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FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 19/10/2014
Reeditado em 20/10/2014
Código do texto: T5004499
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