REDAÇÃO DO ENEM COMPROVA O QUE ESCREVI HÁ CINCO ANOS

Em agosto de 2009 eu publiquei na minha coluna Colcha de Retalhos, no periódico virtual Jornal da Besta Fubana, o artigo: “A juventude está ficando analfabeta ou eu estou ficando burro?”, o qual se encontra no meu livro “Uma colcha, cem retalhos”, publicado em 2011.

Nesse artigo, eu mostrei diversos tipos de erros de português cometidos pelos internautas e perguntei: “isso é a nova linguagem tecnológica, para se ganhar tempo ou é falta de estudo? Onde vão parar os jovens escrevendo tão errado assim?”.

Agora, cinco anos depois, os resultados do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), lamentavelmente, respondem às perguntas que eu fiz no meu artigo.

Dos mais de seis milhões de candidatos que fizeram as provas do ENEM em 2014, exatamente 529.374 tiveram nota zero na redação, segundo dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

Entre esses mais de seis milhões, apenas 250 alunos obtiveram a nota máxima (1000) na redação e somente 35.719 participantes tiveram notas entre 901 e 999.

Entretanto, a redação dos internautas, com palavras abreviadas, sem acentos e, na maioria das vezes, erradas, não é o único motivo para os desastrosos resultados dos alunos nas provas de redação do ENEM.

Outro grande culpado dessa situação é Ministério da Educação do Brasil, pois há muitos anos, os conceitos para aprovação dos alunos foram modificados para que não haja reprovação e assim, os alunos passam de ano sem aprender os conteúdos apresentados.

Aos governantes, apenas os números interessam. A qualidade da educação não importa. Assim, alunos com notas baixas no próprio ENEM, são habilitados a ingressarem em faculdades particulares, as quais também têm mais interesse nos lucros financeiros do que na qualidade da educação.

Na antiga novela Paraíso, o personagem Alfredo Modesto, um revolucionário e sonhador, já dizia: “um país que permite transformar suas escolas em empresas de lucros fáceis jamais poderá se desenvolver”.

Deste modo, o governo tem a satisfação de divulgar aos quatro cantos do mundo que aumentou o número de alunos que ingressam nas faculdades e o povo tem ao seu dispor um grande número de profissionais com capacidade muitas vezes duvidáveis.

Estranhamente, há doze anos, o Brasil, é governado por um partido autointitulado de esquerda, progressista e comprometido com a educação do povo.