EDUCAÇÃO VEM DE BERÇO? (Que pena!)

EDUCAÇÃO VEM DE BERÇO ?

Complicado falar em educação quando ainda engatinhamos. Mas como a educação é um processo que sempre está em movimento, ou seja, não é estático, não termina, e é interdisciplinar, a educação é o que buscamos. Mas, nem para todo mundo o importante é a educação, porque as buscas, os ideais são muitas vezes diferentes. Eu recordo um pouco de minha infância querida e de que meu pai, saudoso pai, sem instrução alguma e sem trazer-me algum tipo de conselhos ou definições, comentários sobre caminhos a seguir, o uso ou não de determinados tipos de substâncias tóxicas, álcool ou até mesmo alguma iniciação sexual, ou escolhas sexuais a seguir, hetero, trans. e por ai vai, coisas que muitos pais tentam passar para seus filhos, então eu nunca tive isso, mas eu admito que observava mesmo que inconscientemente o procedimento de meu pai, que vivia de casa para o trabalho e vice e versa e talvez esses valores tenham contribuindo de certa forma para a formação de meu caráter. Sem querer dizer que as opções de gêneros influam na formação da personalidade da pessoa. Acredito que a personalidade seja algo que enxergue o justo, que encontra o certo e o errado de modo humano e leal. Mas, o que quero dizer é que quando você tem má índole você quase que não reflete sobre as coisas que você recolhe da vida, a não ser que você leve algum grande susto. Eu, levei várias "porradas" no sentido subjetivo e literal para consertar muitos dos meus defeitos e manias. Uma coisa importante também são as companhias, se a mente for forte até que tem jeito, mas se for maleável, fácil de persuadir, é mais difícil. Muitos dizem que a educação é dever da escola, mas muitas vezes o educador não teve a devida formação educacional em casa ou por toda sua vida acadêmica, porque se o sistema é falho como pode tornar-se perfeito ou exemplo para a criança ou o jovem?

Você encontra gente de comunidades carentes com fino trato e postura e dignidade e olhar sincero e maneiro, mas também encontra gente nojenta, abjeta, ignóbil, sem escrúpulos com formação universitária, ocupando cargos de direção e presidência morando em bairros muito nobres por sinal.

Então resumindo, acredito que o sujeito homem, o ser humano, o jovem, deva refletir filosoficamente sobre sua vida, seus procedimentos e descobrir-se, antes que culpar a Deus , a escola, ao País e aos seus pais, por que chega uma idade em que ele é dono do seu nariz e não tem graça ficar procurando culpados, tem que assumir as responsabilidades e discernir. Com exceções para os casos de psicopatias, psicoses, traumas, os saudáveis tem que possuir o hábito de absorver o que é bom para si e para o próximo, só assim a educação se estabelecerá.

Hoje, percebo que falar sobre educação é tão difícil quanto falar sobre política, religião, futebol e mulher. Esses assuntos são indiscutíveis. Você tem que fazer uma mesa redonda e ouvir a opinião de todo mundo, das mais inteligentes as mais absurdas ou imbecis. E depois da colheita você fazer uma peneira e tentar encontrar o resultado. Tipo quem procura ouro em um garimpo.

Sendo educar um verbo transitivo, ele sempre pedirá um complemento que o complete. Eu educo a mim e a alguém. Se educo alguém sem ter educação, eu deseduco a ambos.

Meu pai vivia no quintal cuidando da sua pequena criação de galinhas e galos e hortaliças e aipins, possuía então uma cultura e até mesmo uma instrução, quem sabe mais que rudimentar, educava através do silêncio, do olhar, e do tamanco.

Aquela fase já passou, mas como ainda estou vivo, eu ainda me educo, com os que estão a minha volta e também nas lembranças, no que ficou dos que se foram, comigo mesmo. Meus netos são os meus maiores educadores, sem serem acadêmicos. Meus líderes perfeitos ou imperfeitos. Os cineastas, os grandes escritores, os garis, as prostitutas e até a natureza morta de uma obra de arte.

Enxergo a educação como uma pirâmide, composta pela ciência (exata, biológica, não exata), filosofia e em sua base pela religião, nem que seja uma noção básica de um Criador e criaturas.

É pena perceber-se a educação como um produto do mercado, com valores monetários atribuídos, talvez isso venha a atrapalhar um pouco, quem sabe muito, a forma como ela é buscada e absorvida.

O meu berço faz tempo não existe mais, mas ainda recordo dos tamancos de meu pai voando e procurando por mim e das varinhas de goiabeiras de minha mãe querendo achar as minhas pernas enquanto eu corria. Hoje, os pais proibidos por lei de fazer isso. Que pena!

Carlinhos Real
Enviado por Carlinhos Real em 27/02/2015
Reeditado em 27/02/2015
Código do texto: T5152058
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