Filosofia - Breve comentário crítico contropondo inferências dedutivas e indutivas

O objeto deste singelo comentário é explicitar a importância da inferência indutiva como fundamento do conhecimento científico na abordagem comparativa com o método dedutivo clássico, ou seja, uma delimitação contrario-sensu.

As inferências, quando enunciadas através de argumentos podem ser de duas formas: dedutivas ou indutivas. Os próprios argumentos podem, também, ser dedutivos ou indutivos. De acordo com a teoria clássica, os argumentos indutivos estabelecem conclusões gerais a partir de premissas que expressam situações particulares, ao passo que os argumentos dedutivos partem de premissas gerais para chegar a conclusões particulares ou menos gerais. Grosso modo, pode-se dizer que “O argumento indutivo vai do particular ao geral e o argumento dedutivo vai do geral ao particular“.

Tem-se desse modo que o pensamento dedutivo é objeto da lógica formal, permitindo-nos fazer afirmações concludentes, racionais, formalmente analíticas. Em outros termos, tirar conclusões de modo apodítico (necessário). Diz-se, assim, que a inferência analítica marcha do princípio para a consequência, como tipicamente acontece com os objetos matemáticos e formalmente lógicos.

Também se diz que uma proposição é analítica se o predicado representa uma qualidade inerente ao sujeito, que dele não possa ser negada ou dissociada. (Exemplo: “O rio é líquido” )

Atribuir ao rio a qualidade de líquido não depende da experiência, é, por si, um conhecimento apriorístico. A relação entre água em estado líquido e o rio não é contingente, é apodítica.

Esse tipo de relação pertencente ao mundo da lógica formal não permite acréscimos de conhecimento científico. Seu âmbito de atuação é o mundo do pensamento abstrato, o universo ideal das relações entre ideias.

Por outro lado, há o conhecimento sintético, aquele que depende do empirismo. Quando dizemos “O feijão é uma dicotiledônea”, tal assertiva depende fundamentalmente da experiência. Esse conhecimento é contingente, podendo ser contrariado por novas experiências. Tratam-se das proposições a posteriori, consequentes. É nessa área que se constroem os patamares do chamado conhecimento científico, que vai, paulatinamente agregando mais informações a um arcabouço previamente acumulado.

Conclusão: Do cientista se requerem dois atributos na consecução de seu mister, a saber: 1) o domínio da lógica formal, sempre exercitando o bem pensar, como forma de atingir a própria manutenção da qualidade mental e 2) a técnica indutiva da lógica científica, de certo modo inversa ao conceito filosófico clássico, para que seja capaz de agregar conhecimento ao todo, levando toda a coletividade e novos níveis de domínio da realidade aparente, sem que se precise reiniciar repetidas vezes a trilha que levou a cada descoberta, qual fosse um computador que perde a memória volátil a cada vez em que é desligado.