A "MUSCULAÇÃO" DA MENTE

Ter uma boa aparência física, causar admiração sobre os outros pela sua postura. Eis a principal motivação para muitos se dedicarem a uma atividade física. E, com razão. Pois a aparência sempre será um grande diferencial na disputa pelo sucesso.

Algo, que aliás, há muito tempo já é percebido pelas pessoas. Basta ver a grande gama de academias em atividade, hoje em dia. Por mais que não seja fácil cuidar do corpo, inclusive por exigir algum tempo regular para a prática de exercícios, muitas vezes cansativos (em especial aos que começam a praticar).

Mas até os que não apreciam (ou acham difícil) qualquer tipo de atividade física, até esses reconhecem que ela não só permite uma melhor aparência pessoal, como também melhor saúde, maior longevidade, alívio ao stress, etc. Por mais que muitos se limitem a isso, reconhecer os méritos de se exercitar o corpo e nada mais.

Contudo, já é alguma coisa. Já que, em geral, nem sequer um mero reconhecer acontece com o exercitar da mente. Sim, aquele que se faz em especial por meio da prática da leitura.

Por mais que se propague como a leitura é extremamente importante para a nossa formação em geral. Por mais que se lancem campanhas para incentivar as pessoas a fazer dela um hábito. E por quê? Talvez porque as pessoas não vejam como o exercício da mente é idêntico ao exercício do corpo. Tanto nos benefícios como nas dificuldades de o começar.

Pois o maior desafio de se começar a praticar a leitura é exatamente o mesmo que o de uma pessoa que começa a fazer caminhadas. Ou musculação ou ginástica. Onde os primeiros passos são difíceis.

Somente conforme vai se persistindo que o exercitar se torna menos complicado. E só então que ele lentamente vai se revelando prazeroso. Até se chegar ao momento em que aquilo que lhe parecia tão difícil, se torna mais fácil, praticável e assim, como havia acabado de expor, aos poucos, realmente muito prazeroso.

Todavia, o esforço de exercitar a imaginação é muito mais complicado do que exercícios físicos repetitivos. Devido ao fato de que exercitar o cérebro é justamente o contrário: fugir do mesmismo. É enfrentar desafios que podem sempre estar a mudar.

Como ter, por exemplo, que criar em sua mente a imagem para cada uma das cenas que um livro descreve. E nisso forçar as limitações da sua imaginação. Ou encontrar a sua própria conclusão de uma ideia que um autor expõe. Mais uma vez tendo um trabalho que exige esforço.

Entretanto, igual a um passear de bicicleta àquele já habituado. Uma liberdade sem igual, mas que a maioria enxerga apenas como uma exigência por demais difícil. Ou melhor, prefere encarar deste modo. Isso em vista da excessiva comodidade de respostas prontas (oferecidas aos montes pela mídia eletrônica) que em nada precisam forçar a sua mente.

Comodismo este, aliás, muito semelhante ao que para se distrair, prefere apenas dirigir um carro do que caminhar também um pouco. Por mais que se veja uma liberdade mais ampla de um breve passeio a pé se o compararmos com as limitações de se apegar apenas ao veículo.

Contudo, somente se a preguiça de uma mentalidade que se esquiva do primeiro grande desafio, não dominar ao nosso íntimo. Justamente a causa de muitos verem como “pesado” o imperativo de pensar, gerar conflitos em seu íntimo, preferindo apenas sensações banais, respostas simplórias, porém, já prontas que a mídia atual oferece com generosidade.

O que explica porque é mais fácil enxergar os benefícios de se exercitar exteriormente do que o interiormente. Por mais que não seja demorado se perceber como um interior exercitado aos poucos se sobressai sobre um físico perfeito.

Senão vejamos que pessoas bonitas podem se revelar cansativas quando as percebemos serem vazias intelectualmente. Tal qual, casamentos mais duradouros não se baseiam em beleza, quando sim se fazem numa variedade de assuntos a conversar, entreter e despertar curiosidade e admiração que realmente cativam as pessoas.

Porém, como este trabalhar da mente é difícil, porque exige muito esforço que somente com o tempo se percebe como é válido, que comumente se opta pela reles banalidade. Pelas sublimações vulgares de amor, desejo e emoções; muito criticadas em novelas, programas, etc, mas que a maioria a elas se apega. Porque é preciso um longo esforço para se aprender toda a liberdade que a “musculação” da mente permite.

Toda a gama de prazeres e emoções que uma vez descoberta, dela não se quer mais abrir mão. Todavia, somente quando descoberta, após uma estrada longa. O que explica porque nem todos a terminam, não tendo a menor ideia de como uma mente quanto mais sagaz, mais sucesso ela terá.

Esperteza que não depende só do hábito de ler, mas que este pode completar ao que nem sempre se aprende com a vivência por si só. Esta, a experiência de vida, muito mais uma exceção que é, erroneamente, vista como regra.