EDUCAR PARA LIBERTAR

À Srta. Stella Verzolla Tangerino,

incondicional incentivadora e

diletíssima orientadora de toda minha vida.

O substantivo “aluno” deriva da palavra latina alumnus e é o particípio substantivado do verbo alere, que quer dizer “alimentar” ou “nutrir”. De mesma raiz etimológica, vem o verbo “educar” educare, educere, que significa literalmente “conduzir para fora” ou “direcionar para fora”.

Na contemporaneidade, o professor não é mais um repositório de sapiência e conhecimento, - que somente transfere de forma ordinária e ortodoxa o que sabe - e sim, um elemento imprescindível para o fazer docente, impelindo o aluno à curiosidade, o interesse e às disposições necessárias no processo de construção do conhecimento individual.

Ademais, atribuiu-se ao processo de formação a compreensão de si mesmo e a concepção de personalidade e identidade, como desenvolvimento do educando como ser humano e social.

Entretanto, infelizmente, há uma impressão dicotômica e axiomática entre a educação concebida, idealizada e teorizada e a que é efetivamente posta em prática em sala de aula.

Engessados em um sistema educacional que converge a exames e ao temido vestibular, os docentes inarredáveis aos maçantes conteúdos não conseguem trabalhar aptidões e predicados naturais característicos e inerentes aos alunos.

E assim, segue de forma insatisfatória o processo de ensino-aprendizagem, posto que os alunos, desmotivados por terem de aprender e decorar fórmulas e conteúdos que muitas vezes nunca serão aplicados de forma habitual em sua vida. – Gerando a pergunta, por parte dos alunos, de desconcertante sinceridade aos professores: “Para que usarei isso em minha vida? ”

Do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, com especial ênfase ao Ensino Médio, os alunos são preparados para uma prova – a qual definirá seu futuro – que considera a capacidade de preencher gabaritos, descartando e homiziando de forma aviltante, impudica e lastimável as competências, sonhos, talentos e a vocação do vestibulando, reduzindo-o e o resumindo em um número, mera informação.

Estudos realizados pelo psicólogo Howard Gardner, pesquisador da prestigiada Harvard Graduate School of Education, dos Estados Unidos, defende a existência de “Inteligências Múltiplas. ” Ele identificou e definiu oito tipos diferentes de inteligência, todavia, na escola só são aferidos, verificados e experimentados com maior proeminência as inteligências Linguística e Lógico-matemática. De forma que o sistema educacional, em sua forma atual, é defectivo para o desenvolvimento pleno das aptidões do educando. Resumindo e reduzindo todo o seu potencial em avaliações bimestrais, trabalhos científicos e atividades avaliativas.

Não se trata de ostentar o desprestigio no concernente a estes instrumentos avaliativos, - posto que há por trás deles, extenso conteúdo programático para verificação da absorção do conhecimento, - mas denunciar sua ineficácia enquanto método avaliativo, porquanto não avalia o aluno enquanto ser humano e social, analisando suas valências e inclinações, e sim sua aptidão a decorar conteúdos que, muitas vezes, em tempo algum serão usados na vida prática do aluno.

A docência deve-se valer da interdisciplinaridade, fugindo de uma mentalidade reducionista, onde alunos e docentes são absorvidas por modelos educacionais demasiadamente formalistas.

Nunca se falou tanto em educar, e paradoxalmente houve por tanto tempo e em tão alto grau desabono e desvalimento da prática docente, ratificando que a - “melhoria da qualidade da educação” e a “Garantia do padrão de qualidade” - assegurada pelas Leis de Diretrizes e Bases da Educação e também o Plano Nacional de Educação, está sendo transgredida descaradamente (pelo próprio sistema.)

Não obstante, de nada adiantará o esforço didático por parte dos professores, se não houver mudança no modo de admissão dos educandos nas universidades, que hoje é tão “conteudista”, engessado e penoso.

Todavia, não se deve atribuir o ônus da culpa aos professores, o declínio que houve na educação se deve, especialmente, devido ao Sistema Educacional, o qual professores, gestores e alunos estão subordinados a cumprir às temáticas previstas na legislação vigente.

Portanto, verifica-se que a culpabilidade da crise educacional se deve a um conjunto de fatores. Seja por um sistema antiquado, falta de estrutura física nas instituições oficiais, salários indignos ou o parco interesse por parte dos discentes, que em alto grau, desmotiva o corpo docente.

Considerando a teoria de Aprendizagem de Vygotsky, - de que todo conhecimento amplia o universo do educando, - e na sorte de sanar os problemas que se fazem presentes, com base na devida avaliação do curso da história da educação, teorias de aprendizagem e na realidade em sala de aula dever-se-á repensar o modo como se educa e se avalia. Considerando os predicados naturais dos educandos, de forma a prepará-los – não de forma compartimentada e superespecializada, – mas de acordo com suas capacidades e finalidades específicas em consonância com suas vocações e a vida que, presumivelmente, os educandos, como seres integrados em sociedade, terão. – Explorando a interdisciplinaridade. - Concebendo uma educação que os faça críticos e cônscios do mundo, sociedade e realidade em que estão inseridos.

“O homem não é nada além daquilo

que a educação faz dele. ”

(Immanuel Kant)

Matheus Hipólito
Enviado por Matheus Hipólito em 09/04/2017
Reeditado em 22/06/2017
Código do texto: T5965583
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.