CINCO MOTIVOS PARA SE DEBATER GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL NAS ESCOLAS

Primeiramente, é preciso esclarecer que:

1. A expressão “Ideologia de gênero” não tem respaldo científico e é criticada pelos especialistas em Educação, pois leva a sociedade a pensar que as pessoas que querem falar sobre diversidade sexual nas escolas estão querendo bagunçar o mundo, e incentivando as crianças a “virar” gay. E não é isso que eles defendem. O que eles pretendem é promover o respeito às diferenças, ou seja, uma “Educação para a diversidade”.

Quem explica melhor é Viviane Melo de Mendonça, professora do Departamento de Ciências Humanas e Educação da Universidade Federal de São Carlos: “A educação para a diversidade não é uma doutrinação capaz de converter as pessoas à homossexualidade, como se isso fosse possível. O objetivo é criarmos condições dentro das escolas para que professores e alunos possam aprender e ensinar o convívio com as diferenças que naturalmente existem entre todos”.

2. O preconceito contra homossexuais na cultura ocidental advém da doutrinação da Igreja baseada sobretudo na Bíblia, em dois trechos específicos: Levítico 20,13, onde manda matar os homossexuais, e 1 Coríntios 6,9 onde declara que efeminados não irão para o céu.

Entretanto, essa era a visão do escritor bíblico, não de Deus.

O repúdio aos homossexuais era devido única e exclusivamente ao medo dos dirigentes israelitas de que a nação parasse de crescer. Quem estuda História das Religiões sob o viés científico e histórico, sabe que atribuir a Deus uma legislação, valores morais e regras de comportamento era prática comum na Antiguidade, e foi utilizada por muitos reis, imperadores, legisladores, filósofos e pretensos profetas porque dava mais autoridade e credibilidade às ideias que pretendiam divulgar. Os homens bíblicos, dizem os especialistas, seguiram essa tendência. A lei de Moisés foi baseada nos códigos legislativos existentes à época, sobretudo no Código de Hamurábi. Deus está muito acima dos preconceitos e regras humanas.

Dito isto, vamos aos cinco motivos para se debater gênero e diversidade sexual nas escolas:

1. As pesquisas indicam que entre 11 e 14% da população mundial não seguem o padrão da heterossexualidade. Essa minoria sexual sofre discriminação, perseguição, bullying, e muitas vezes é vítima de assassinatos por conta do preconceito. Adolescentes homossexuais são propensos a tentar o suicídio duas a três vezes mais do que os héteros, porque não suportam viver em uma sociedade onde a maioria é contra seu modo de ser. Os índices de evasão escolar de alunos homossexuais têm aumentado nos últimos anos devido à homofobia, muitas vezes incentivada do alto dos púlpitos.

2. O preconceito contra as minorias sexuais é cultural. Aquele que é contra o debate por achar a homoafetivade errada e um perigo à sociedade, não veria nada de mais nela se vivesse ao tempo de Aristóteles na Grécia, ou em uma das 49 das 76 sociedades estudadas por Clellan S. Ford e Frank A. Beach (Vida Íntima, Enciclopédia do Amor e do Sexo). Nessas 49 sociedades, a homossexualidade era tolerada sem nenhuma histeria coletiva.

3. Falar sobre gênero e diversidade na escola não vai:

Provocar terremotos nem tsunamis; tirar o emprego do trabalhador; causar impotência; aumentar o desemprego e a inflação; acabar com a família tradicional; transformar alunos héteros em gays, por que nossa orientação sexual é inata. Ou você acha que crianças de 5, 6 anos que já mostram desejo por crianças do mesmo sexo aprenderam com os pais, na TV ou na escola?

O que provavelmente vai acontecer é que com o debate e os devidos esclarecimentos, diminuirá bastante as agressões e preconceitos contra minorias sexuais. Em sociedades desenvolvidas, onde os direitos humanos funcionam e o respeito à diversidade é compartilhada pela maioria, a vida dessas minorias é muito melhor.

4. Pessoas que são contra o debate, podem ter um filho ou filha sofrendo calado neste momento, talvez pensando em suicídio, ou fugir de casa, simplesmente porque a maioria não aceita que os homossexuais tenham os mesmos direitos dos héteros.

5. Estar fora do padrão da heterossexualidade não é pecado, nem imoral, nem errado, nem anormal. Todos merecem ser respeitados e amados. O que define uma pessoa não é sua orientação sexual, e sim seu caráter.

Se você concorda com o texto, compartilhe, pois ele poderá ajudar na conscientização das pessoas da urgência em se debater gênero e diversidade sexual. Não apenas nas escolas, mas em clubes, nas folgas do trabalho, nas ruas, e, especialmente, dentro de casa. Assim, estaremos ajudando milhares de pessoas inocentes que sofrem por não serem aceitas do jeito que são, e contribuindo para uma sociedade mais justa e humana.