Uma Breve História da Educação

EDUCAÇÃO ANTIGA

Na Grécia, no período homérico, a educação tinha um caráter eminentemente prático, compreendendo um duplo ideal: há o homem da ação e o homem da sabedoria, e todos os gregos livres tinham que alcançar tal patamar, sabedoria e poder de ação.

Mais importante que a prática pedagógica grega é a filosofia grega, pois suas reflexões promoveram diversas buscas para a melhor forma de educar. Com Sócrates aprendemos que o diálogo é fundamental para obtenção de conhecimento, e a educação tem por objetivo final o desenvolvimento da capacidade de pensar. Platão nos ensina que o papel do educador é promover o processo de interiorização do aluno, o seu diálogo interior, para que ele possa desenvolver suas próprias ideias. Aristóteles acrescenta que os fatores da educação humana são as disposições naturais para aprender e a prática para afirmar o assimilado (exercitatio).

Para os romanos, o papel do educador era ajudar os alunos a desenvolverem as aptidões necessárias para cumprirem seus deveres, sendo os principais: obediência, firmeza de caráter, prudência, honestidade e sobriedade. A educação cristã herdaria um pouco das duas concepções, mas acrescentando um aspecto fundamental: o ensino deve levar o aluno a buscar a Deus. Ensinar é uma forma de evangelismo.

EDUCAÇÃO MODERNA

Martinho Lutero enfatizava que a tarefa da educação não era uma prerrogativa exclusiva da Igreja, a família e o Estado tinham responsabilidade sobre a formação de sua juventude. Defendia uma escola pública, gratúita e obrigatória. John Locke criticou o autoritarismo e as punições corporais como métodos educativos, exaltando os princípios da liberdade e da autonomia. Contribuiu também com a percepção de que o fator principal do processo educativo não é o conteúdo do que é aprendido, mas a forma como é aprendido.

Rousseau apresenta um sistema educativo que entende que a imposição dos saberes na tenra idade não produz bons efeitos, que o próprio caráter natural da criança deve ter espaço para se desenvolver desvencilhado das amarras sociais que o conhecimento profundo representava. O professor deve ter a mínima intervenção possível na educação da criança, sua função é muito mais a de protegê-la do que fomentar lhe um ideal de caráter.

Immanuel Kant acentua o papel da educação na formação moral e entende a necessidade da autoridade e da disciplina. O objetivo da educação para Kant é transformar a “animalidade” em “humanidade” através da razão. Sua pedagogia baseia-se em quatro aspectos: a disciplina, a cultura, a educação das boas maneiras e a moralidade. Johann Pestalozzi fundou uma espécie de fazenda-escola onde jovens pobres estudavam e trabalhavam. Friedrich Frobel acreditava na função educativa do jogo. E Johann Herbart busca fazer da pedagogia uma ciência, baseada na psicologia e na ética, e orientada por três princípios: ordem, instrução e disciplina.

EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA

Há uma busca por parte dos educadores, de ideias e técnicas que possam proporcionar uma educação mais realizadora e produtiva para o ser humano, contexto em que surgiu a chamada Escola Nova. Segundo eles, o aluno aprende melhor quando aprende fazendo, o que transformou os métodos pedagógicos. O aluno deveria deixar de ser um simples ouvinte passivo que, na prova, se limitaria a repetir o que o professor disse. Muito mais do que isso, o aluno deveria ter uma participação ativa, fazer experimentos, pesquisas, procurar ele próprio as respostas para os problemas escolares e construir o próprio conhecimento. O professor seria um auxiliar, um orientador e não um mero transmissor de informação.

Para John Dewey a educação é a soma dos processos pelos quais uma comunidade transmite objetivos, com o propósito de assegurar sua existência e desenvolvimento. William Kilpatrick entende aprendizagem como formação de hábitos, habilidades, valores e antecipações, sendo assim uma parte inerente ao processo de adaptação ao meio. Ovide Decroly destaca o caráter global da atividade da criança e a função da globalização do ensino. Valorizava o respeito a personalidade do aluno e o fato das crianças serem seres sociais e, portanto, a escola precisa ser pensada de forma a favorecer o desenvolvimento das tendências sociais latentes na pessoa.

Jean Piaget concluiu que o conhecimento evolui progressivamente por meio de estruturas de raciocínio que substituem umas às outras através de estágios. Ele identifica quatro estágios essenciais da evolução mental de uma criança: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal. No estágio sensório-motor a criança busca adquirir controle do próprio corpo e aprender sobre os objetos físicos que a rodeiam por meio de suas próprias ações. No pré-operatório, ela adquire habilidade verbal, mas ainda não consegue coordenar operações fundamentais. No operatório concreto, dos 8 aos 12 anos, ela começa a lidar com conceitos abstratos como os números e relacionamentos. No operatório formal ela começa a raciocinar lógica e sistematicamente.

Para Lev Vygotsky a vivência em sociedade é essencial para a transformação do homem de ser biológico em ser humano. É pela aprendizagem nas relações com os outros que construímos os conhecimentos que permitem nosso desenvolvimento mental. Segundo o psicólogo, a criança nasce dotada apenas de funções psicológicas elementates, como os reflexos e a atenção involuntária, presentes em todos os animais mais desenvolvidos. Com o aprendizado cultural, no entanto, parte dessas funções básicas transforma-se em funções psicológicas superiores, como a consciência, o planejamento e a deliberação, características exclusivas do homem. Essa evolução acontece pela elaboração das informações recebidas do meio. Ele destaca o papel do contexto histórico e cultural nos processos de desenvolvimento e aprendizagem, sendo chamado de sociointeracionista, e não apenas de interacionista como Piaget. Piaget enfatiza os aspectos estruturais e nas leis de caráter biológico do desenvolvimento, enquanto Vygotsky destaca as contribuições da cultura, da interação social e a dimensão histórica do desenvolvimento mental.