Vamos consertar as janelas?

    Outro dia, lendo um artigo de jornal, conheci a Teoria das Janelas Quebradas.
     Como um experimento, pesquisadores de uma universidade deixaram dois carros idênticos abandonados em dois lugares distintos em Nova York.  Um dos carros foi deixado com o capô aberto e os vidros quebrados num bairro carente da cidade. Em 24 horas foi totalmente destruído. O outro automóvel foi deixado estacionado, trancado, intacto em um bairro de classe média.  O carro permaneceu em perfeito estado durante alguns dias, quando então, um dos pesquisadores riscou sua lataria e quebrou algumas de suas janelas. A partir daí o carro foi totalmente destruído, exatamente como havia acontecido com o outro.

    O que se concluiu do experimento é que, sinais de destruição e comportamento inadequado geram mais destruição e piores comportamentos.

    Veja que interessante: se você chegar à sua casa, tomar um copo d´água e a pia estiver cheia de louça suja, naturalmente você vai colocar seu copo junto e a cozinha vai acumular cada vez mais louça suja. Porém, se está tudo em ordem, limpo, a tendência é que quem sujou algo lave e deixe tudo como encontrou.

    Se você chega a um ambiente em que todos falam palavrões e se agridem gratuitamente, acaba ser comportando dessa mesma forma.

    O comportamento das crianças se desenvolve de maneira semelhante: se uma criança chega a um ambiente em que todos gritam, discutem por qualquer motivo e são desleixados com tudo que existe à sua volta, no mesmo ato as crianças farão o mesmo.

    Por outro lado, se uma criança convive num ambiente calmo, limpo, onde as pessoas se respeitam, é dessa forma que ela vai construir sua identidade e autonomia.

    Quem sabe seja uma hora boa de analisar nossa vida cotidiana, desde seus momentos mais simples.  O que quero para meus filhos: uma vida num ambiente hostil e bagunçado ou um lugar onde eles possam viver bem e em segurança junto com sua família...

    Sempre será o momento certo para parar, pensar e consertar nossas janelas.
Artigo original: Ulrich Kuhn in Jornal de Santa Catarina, 18/02/2018.