controle das emoções em tempos de pandemia através da Psicanálise

A humanidade que já atravessou inúmeras catástrofe desde as naturais como erupção do vulcão Vesúvio, em Pompéia (79 D.C), que destruiu cinco cidades na Baía de Napóles, entre elas a Itália, causando morte de centenas de pessoas, terremotos, ciclones, Tsunami e tantos outros. Enfrentou grandes pandemias como a Peste Negra que ocorreu na Europa, Cólera, Gripe Espanhola, Tifo, Febre Amarela, Aids etc., além de doenças ocasionadas por bactérias e vírus que dizimou uma grande parte da humanidade ao longo dos anos. Agora, mais uma vez, encontra-se lutando em uma guerra contra um inimigo invisível, ultrapassando a margem de 828 mil casos de morte no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde.

Embora, o coronavírus já vinha evoluindo entre os humanos e entre alguns animais, o convid-19 trouxe algo inesperado: O isolamento social. Voltamos a era das “cavernas”. Como lidar com a solidão que veio acompanhado com o isolamento social que, segundo os especialistas, constitui-se em uma das formas de diminuir a proliferação da doença, não obstante, pode acarretar outros problemas que afeta diretamente a psique do indivíduo. Neste contexto, como psicanalista pode ajudar as pessoas a lidar com o isolamento social?

Comparando o Mito da caverna de Platão, onde o “sair”, que levou a todos ao conhecimento do saber e que trazemos na memória os arquétipos dos antepassados, agora o cenário muda e voltamos para as nossas cavernas. Entretanto, conviver e lidar com os problemas internos relacionados com “Ego”, não é fácil. O enfrentamento perante o nosso “eu” pode ocasionar dores que normalmente tentamos fugir. E, como fazer isso? Se o tempo nos pede para permanecer enclausurados em nossas cavernas. Pior do que lutar contra a convid-19 é lutar contra nossas emoções, pois elas muitas vezes é que nos direciona e estamos acostumados a ser dirigidos no piloto automático e quando somos submetidos a estar no controle das nossas emoções, corremos o risco de deparamo-nos com a nossa realidade que fantasiamos constantemente. O isolamento social faz com que a máscara que é utilizada todos os dias, não seja necessária, segundo pesquisas o índice de depressão, violência domésticas, crise de Ansiedade, síndrome do Pânico, vem crescendo a cada dia.

Levando em conta toda problemática que envolve o isolamento social é que a psicanálise através do método da livre associação, traz a tona tudo que estava recalcado e reprimido no inconsciente e busca promover a cura por meio da fala do sujeito. A psicanálise é uma ciência que investiga o que se passar no inconsciente “uma estrutura que dá conta do estado de fenda, de ‘Spaltung’ em que o psicanalista o situa em sua práxis” (Lacan, [1965-1966] 1998, p. 869). O psicanalista é condutor para motivá-lo, inconsciente, através da prática que é “práxis”. Nesse momento o paciente começa até clareza de tudo aquilo que acontece em sua volta tendo insight, fazendo com que ele se torne responsável e consciente de seus atos. Podemos dizer que a psicanálise com o seu método investigativo é uma ciência muito além da convencional, embora isso não a torne melhor do que as outras ciências.

Através de seus estudos Freud percebeu que o inconsciente é ambivalente, posto que o tempo não é linear. Freud dividiu o inconsciente em três partes: Consciente, pré-consciente, inconsciente. Na qual o inconsciente é a maior parte do psiquismo humano; o pré-consciente fica responsável pelas informações que pode ser acessada por um espaço curto de tempo, embora não seja tão volátil quanto o consciente que o acesso é de imediato. Tudo aquilo que visto naquele exato momento, ocorre um fluxo entre os três constantemente.

As ferramentas utilizadas dentro de uma clínica psicanalista se baseiam na fala do analisando, diferentemente da clínica médica que apenas no olhar, a fala é crucial para que ocorra uma eficácia em todo processo psicanalítico. Está ligado a verdade do sujeito, não uma formação acadêmica, é um saber singular.

Segundo Freud o psicanalista deve se colocar em um estado flutuante, ou seja, pressupondo nada na escuta do analisando. O analista deve-se colocar como ouvinte, não julgando a fala do analisando por meio de suas ideias pré-concebidas. A cada novo paciente, uma nova experiência, ao ponto de ser sempre o primeiro. A singularidade dita por Freud nos fornece o saber do aprendizado. Essa experiência analítica é preponderante para a formação de um psicanalítica.

As emoções não resolvidas no inconsciente, caso não sejam tratadas podem se manifestar por meio de doenças psicossomáticas, ocasionado problemas emocionais ou psiquiátricas afetando diretamente os órgãos do corpo.

A psicanálise vem ajudar o sujeito a enfrentar seus problemas psíquicos de maneira séria, advém que falar do sofrimento ocasionado pelos sintomas trará um alívio, fazendo com que aos poucos desapareça os sintomas, cujo tratamento psicanalítico procura ir além da cura dos sintomas, mas para o reconhecimento do desejo. Portanto, partindo dessa premissa o psicanalista precisa manter uma postura adequada diante do analisando, tendo consciência da prática psicanalista, seguindo o tríplice aspecto da psicanálise: análise pessoal, estudo teórico e supervisão clínica. A psicanálise é uma ciência que segue a contemporaneidade e por isso, requer que estudo e aperfeiçoamento de todos que querem exercer a psicanálise Clínica.