O ensino de História praticado com qualidade, responsabilidade, por professores competentes, que atualizam-se cada aula, consultam fontes diversas, são exemplos de leitura e escrita, é um forte instrumento para melhorar a qualidade de vida dos nossos alunos. O desenvolvimento intelectual, analítico do indivíduo passa, obrigatoriamente, pelas boas aulas de História no ensino fundamental, médio e universitário. Um professor de História não pode se aposentar com os mesmos conteúdos que aprendeu na sua graduação ou com os quais começou sua carreira. Seguem algumas ideias, que podem ser discutidas, debatidas com os colegas.

 

1. Atualize suas leituras. Vá numa boa livraria de usados. Não venda seus livros, compre mais livros. Conte aos seus alunos que títulos está lendo e lhes ofereça pequena resenha. Use livros didáticos em sala, mas no seu preparo se valha de clássicos, produções historiográficas, autores que marcaram a interpretação histórica. Leve estes livros consigo e coloque-os na mesa à vista dos alunos. Nosso exemplo estimula a leitura. 

 

2. Sempre que introduzir assunto novo em sala, recorde seus alunos das diferentes correntes historiográficas e metodológicas sobre aquele assunto. Seja corajoso em expor uma interpretação mesmo que não seja a sua e disponha-a para reflexão dos alunos. Incentive-os a que, fora de sala, se aprofundem. Se nem sempre o tempo nos permite extender todas as interpretações, coloque as principais. Como a intensidade do assunto, a quantidade de debates que tenha provocado, pode formar pequenos grupos em sala para eventuais discussões. Os alunos levam vantagem quando tomam conhecimento dessas correntes. Não criminalize interpretações. Os nossos alunos tem direito de conhecer as diferentes visões de mundo, o positivismo, história dos annales, história da vida privada, antropologia histórica, marxismo, estruturalismo e anarquismo, para mencionar algumas. Os cursos de História nas universidades oferecem "Introdução aos estudos históricos" onde, em geral, se tem boa bibliografia a respeito. De início, Que é a história? de Edward Hallet Carr, rica fonte de conhecimento para robustecer o desempenho em sala de aula do professor que ama ensinar História. 

 

3. Estimule a produção de textos dissertativos nas provas. É preferível uma boa dissertação que um amontoado de questões inúteis apenas para contabilizar a nota. Faça interação com o professor de Língua Portuguesa, Filosofia ou Sociologia, se eles concordarem. Um ensino multidisciplinar é mais rico em ensino e aprendizado. A escola também prepara para concursos, emprego e vestibular. 

 

4. Para o ensino de História do Brasil o primeiro livro que um bom professor deve ter em mãos é "O que se deve ler para conhecer o Brasil" de Nelson Werneck Sodré. Depois, deste mesmo autor, "Síntese Histórica da Cultura Brasileira". Recomendo também "Raízes do Brasil" de Sérgio Buarque de Holanda. O professor da educação básica pode e deve recomendar também livros analíticos destes e outros autores de nível universitário. Assim, o nosso aluno vai adquirindo contato e intimidade com a linguagem das Ciências Sociais. 

 

5. Estimule o debate saudável, respeitoso, com regras parlamentares, em sala sobre assuntos polêmicos. Demonstre sempre a importância de se buscar fontes de informação, acessar arquivos, fontes orais, para se defender com equilíbrio e maturidade determinada ideia. Convide representantes das correntes historiográficas para falar, antecipe noções elementares com seus alunos, formulando perguntas a serem feitas ao entrevistado. Sempre que as possibilidades permitirem, traga professores universitários para dialogar com os alunos da educação básica. 

 

6. Cada ano escolar deveria começar com noções de teoria da História, evidentemente melhoradas, notas acrescidas, revistas para que os alunos tenham, constantemente a lembrança da importância do Conhecimento Histórico. Cada série oportunizará uso de trabalhos práticos, visitas a museus e monumentos próximos, sejam de História local, regional, nacional ou mundial, que sirvam de ilustração e fixação do conteúdo ministrado em sala.