Concursos e autoconhecimento

Concursos e autoconhecimento

Uma das maiores preocupações das pessoas é a estabilidade financeira. A ansiedade dispara constantemente quando não se sabe quanto se ganhará no mês, se o dinheiro estará na conta no dia prometido, ou se o emprego estará garantido no próximo ano. Em virtude disso, há muitos anos só aumenta o público que se dedica a concursos públicos almejando um cargo, ainda que não seja, de fato, aquele trabalho dos “sonhos”. Mas a sensação de segurança é determinante para que se busque a aprovação nos certames. Em virtude disso, propagam-se as oportunidades em todo o país, e diversos centros de preparação, os cursinhos, expandem-se de forma presencial e remota.

Apesar da oferta e da concorrência expressiva, é necessário se atentar para o modo como o candidato está se preparando. A energia dispendida e o tempo investido podem ultrapassar uma década, sobretudo se as estratégias utilizadas são insuficientes. Diante disso, há algo que é imprescindível: o autoconhecimento. O historiador israelense Yuval Harari na sua obra “21 lições para o século 21” afirma que a pergunta “quem sou eu?” é a mais urgente e complicada, diante de um mundo repleto de muita informação e que nem sempre se transforma em conhecimento. São coisas distintas. E, quando se fala em autoconhecimento, torna-se ainda mais complexo.

Isso porque tendemos a nos subestimar ou a nos superestimar, o que contribui para que não desenvolvamos adequadamente as nossas potencialidades – valendo também para o universo dos concursos. Por quê? Porque o emocional conta muito no momento em que estamos realizando uma prova na qual muitas vezes depositamos muita esperança e ansiedade. Ao ter domínio sobre si, o candidato poderá perceber as alterações da sua mente, o nível de nervosismo, cansaço etc. Assim, terá mais ferramentas para enfrentar o exame e, por conseguinte, se sair melhor. Evidentemente, o conhecimento intelectual não é dispensável, mas não é o único elemento importante.

Também é necessário motivação que, como diria o escritor Zig Ziglar, deve ser exercitada todo dia tal como o banho é recomendado diariamente, visto que ambos têm duração limitada. É preciso constantemente relembrar os motivos que temos para lutar. É preciso entender – como dizem – o motivo para a ação. O que nos move para que sejamos cada dia melhores? O verdadeiro sonho é uma lembrança perseverante. Se passa tão facilmente, é mero desejo fugaz.

Convém destacar que, para desenvolver um projeto, é preciso flexibilidade. Ninguém está pedindo para abandonar tudo e todos. Claro que deve haver renúncias, como abdicar das maratonas nas séries das plataformas stream, o uso excessivo de redes sociais e as noitadas constantes não devem ocorrer. Já se disse que para obtermos resultados diferentes é imprescindível termos atitudes diferentes. E devemos evitar o contato com pessoas que não coadunam com nossos planos, aquelas que vivem reclamando da vida ou que nos desestimulam, reduzindo nossa vontade de vencer.

Tudo isso é processo e é fundamental esse entendimento para que não acreditarmos que o nosso objetivo será alcançado rapidamente. Se com alguém ocorreu assim, não cabem comparações, pois estas são formas de minar energia, gerar descrédito, provocar inveja. Conscientizemo-nos de que nós somos responsáveis pelo nosso futuro, não o(a) nosso(a) esposo(a), pai, mãe, vizinho.

No mais, vamos dormir o suficiente, praticar exercícios físicos, nos alimentar bem, organizar nossos horários, buscar (se possível) um ambiente silencioso, como bibliotecas. Bons estudos e sucesso!

Leo Barbosa é professor, escritor e poeta.

(Texto publicado em A UNIÃO em 10/02/2023)

Leo Barbosaa
Enviado por Leo Barbosaa em 10/02/2023
Código do texto: T7715970
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