Uma prova de Língua Portuguesa. E uma teoria: a origem da língua portuguesa falada no Brasil.

Dia destes uma jovem - ou seria adolescente, ou pré-jovem?! - mostrou-me uma prova de Língua Portuguesa. Está a cursar a jovem a sétima séria. E é a prova deste ano; portanto, para que não haja maus entendidos, é prova de Língua Portuguesa que se ensina na sétima séria - e sendo da sétima séria revela o que nas salas-de-aulas se ensina, se em todas as escolas, se unicamente naquela que a jovem persongem desta aventura frequenta, não sei; mas, todavia, vejamos bem, em se tratando do Brasil... Eu estava para escrever "naquela em que a jovem estuda", e corrigi-me a tempo.

Com a leitura das próximas palavras, poucas, deste piruá, tu, leitor, entenderás esta minha reveladora observação.

Declarei que é a prova de Língua Portuguesa. Penitencio-me, leitor. Tenho de contigo ser sincero, absolutamente sincero, pois sei que tu confias em mim, daí tu dedicar-te à leitura de meu texto: é a tal prova de qualquer coisa; de Língua Portuguesa não tem que seja um pingo, tampouco uma casca. E por que cheguei à conclusão tão ostensivamente negativa?! Ora, espera-se que uma prova de Língua Portuguesa tenha questões relacionadas à Língua Portuguesa, à Gramática Normativa da Língua Portuguesa, à Literatura escrita em Língua Portuguesa, do Brasil e de outros planetas. O que tem, então, a prova - e da sétima série - que a jovem e bela princesa - posso chamar uma jovem de princesa, ou tão carinhoso epíteto é desprezivelmente medievalesco e está a revelar a masculinidade tóxica que me preenche o espírito de macho da espécie humana?! - apresentou-me? Direi, no próximo parágrafo, que, acredito, não será deste piruá o último.

Tem de tudo a prova; de Língua Portuguesa, nadica de nada. Em uma das questões, uma ilustração na qual se vê mesa sobre a qual está uma toalha e sobre esta um prato vazio, e um garoto famélico, negro, debruçado sobre a mesa, a fitar, entristecido, o prato. A mesa, a toalha e o prato a representarem a Bandeira do Brasil: mesa, retângulo; toalha, losango; prato, círculo. A ilustração, em preto e branco. Ninguém precisa ser um bidu para entender a referência. Até o Steve Rogers, que é meio devagar das idéias, a entenderia. E o que a questão pedia aos alunos? Um comentário acerca do que a ilustração representava. Em outra questão, uma ilustração com dezenas de tocos de árvores enraizadas numa floresta. O tema desta questão: o desmatamento. Em outra questão pede-se um comentário acerca de... Paro por aqui. É tanta asneira que não me estenderei a descrever, nem com um resumo bem resumidamente resumido, todas as questões propostas.

Entendi, e tu, leitor, já entendeste, que em tal prova de Língua Portuguesa há discurso político ideológico, seja isso o que for, ou coisa que o valha, e da pior espécie.

Nas aulas de Língua Portuguesa mandaram a última flor do Lácio à cucuia.

E quanto à origem da Língua Portuguesa falada no Brasil?! Querido leitor, há uma teoria, cujo berço desconheço, que conta a origem da Língua Portuguesa: ao contrário de sua mãe, a respeitável anciã lusitana, a Língua Portuguesa Brasileira, esbelta, bela, formosa, uma sílfide, nasceu do senhor Latim, respeitável e venerável ancião, e a trouxeram para o Brasil com um único fim, catequizar os índios, daí ser ela melhor do que a senhora sua mãe. Não sei de onde tiraram tal idéia, mas tem ela a sua graça, convenhamos.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 25/11/2023
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