A JABULANI DA VEZ

Sérgio Martins Pandolfo*

Vai que é tua, Dunga!

Estamos a viver as emoções de mais um campeonato mundial de futebol. A Copa do Mundo FIFA de 2010 é a 19º edição do evento e ocorrerá pela primeira vez no Continente Africano, tendo como anfitriã a África do Sul, país localizado no extremo inferior do continente. Há que ser ressaltado, também, que o Brasil é o único país que participou de todas as copas e que, em todas elas, esteve entre os quatro semifinalistas, assim - 4º lugar: 1930 (Uru); 1934 (Ita); 1954 (Suí); 1966 (Ing); 1974 (Ale); 1982 (Esp); 1986 (Méx); 1990 (Ita); 2006 (Ale); 3º lugar: 1938 (Fra); 1978 (Arg); 2º lugar (vice-campeão): 1950 (Bra); 1998 (Fra); 1º lugar (Campeão): 1958 (Sue); 1962 (Chi); 1970 (Méx); 1994 (EUA); 2002 (Cor/Jap).

Vale salientar que nesta edição da Copa do Mundo, na África do Sul, teremos a participação de todos os campeões mundiais, o que não ocorreu na competição da Alemanha. Destarte, o pentacampeão Brasil, a tetracampeã Itália, a tricampeã Alemanha, os bicampeões Argentina e Uruguai, bem como os campeões França e Inglaterra terão participação nesta Copa.

Realmente o esporte - e para nós, brasileiros, mais precisamente o futebol, em que somos pentacampeões mundiais, com grande chance de ascensão a hexa - mexe com o ânimo, o humor e até com a força de trabalho e a criatividade do povo, o que é bom, saudável e mesmo revigorizante. Muito ao contrário do que se pensa e diz, o futebol - e a Copa em particular - alicerça e infla as finanças do País. Se ganharmos, então, e com a definição deste “patropi” para sediar a de 2014, a festa será tamanha que nos elevará alguns pontos no ranking do PIB mundial.

Pela criatividade, habilidade e mestria no trato com a bola (desta vez com a Jabulani) nosso povo fez de um esporte que se iniciou na Idade Média, disseminou na Europa onde recebeu regras estabelecidas pelo Reino Unido, mas nunca chegando a ser grande coisa, uma modalidade desportiva de primeira grandeza.

O futebol chegou ao nosso País somente no dealbar do século passado e os times brasileiros mais antigos (entre os quais se inscrevem a Tuna Luso-Brasileira, de 1903, e o Clube do Remo, de 1905, cá, em nossa Parauaralândia) são dos primeiros anos dessa centúria, contudo, em relativamente pouco tempo fizemos do “Football Association” um espetáculo que hoje empolga "meio mundo". E não é força de expressão não! Estima-se que mais de três bilhões de terrícolas verão os jogos desta 19ª Copa da FIFA, pela primeira vez jogada no sempre antes rejeitado Continente Negro.

Nossos craques (e técnicos) estão espalhados por todo o mundo, integrando os planteis dos principais clubes, contratados “a peso de ouro”, muitos deles integrando seleções de países disputantes do torneio, como é o caso de Portugal, nossa pátria-mãe. Da mesma forma que aconteceu com o Carnaval, em que transformamos uma manifestação popular espontânea profana, desenxabida e até condenada pela Igreja e grande parte da população europeia onde se originou e de onde nos chegou trazida pelo colonizador português, em espetáculo realmente grandioso, organizado, apreciado e que até já começa de ser copiado, no “maior espetáculo da Terra”, como é hoje classificado por instituições internacionais especializadas nesse tipo de avaliação.

A empolgação também nos atingiu (não era para menos!) e estamos a acompanhar, passo a passo, o que se vai passando pela pátria de Mandela (um exemplo sublime de retidão, caráter e luta para todos nós) chegando mesmo a cunhar esta singela, mas esperançosa trova: “Nesta Copa a Jabulani/ vai rolar para o Brasil;/ que a vuvuzela proclame/ e o hexa venha a mil!”

Oxalá possamos comemorar, ao final, com a "pátria de chuteiras" sob o barulho ensurdecedor das vuvuzelas sul-africanas, a vinda do sexto caneco.

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(*) Médico e Escritor. SOBRAMES/ABRAMES

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Sítio: www.sergiopandolfo.com

Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 12/06/2010
Reeditado em 14/06/2010
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