FRANÇA DESPACHADA. “Adieu, les Bleus”

Sérgio Martins Pandolfo*

A “esquadra francesa” saiu desta Copa eliminada, humilhada, dando vexames e show de indisciplina e palavrões, a começar pelo verdadeiro tsunami provocado com o gentil tratamento dispensado pelo jogador Nicolas Anelka ao técnico Raymond Domenech no intervalo da partida contra o México, em termos absolutamente impublicáveis (O jornal L’Équipe de lá publicou). A situação foi de tal maneira inusitada, nunca vista numa competição esportiva como esta, que nada menos que a Ministra dos Esportes, Roselyne Bachelot houve que intervir para acalmar os ânimos. “Chegamos ao fundo do poço, somos uma piada para o mundo todo”, falou o ex-jogador da seleção francesa Jean-Pierre Papin. Não se há de esquecer, para início de conversa, que o time gaulês já se classificou de forma ostensiva e sabidamente irregular, para não dizer desonesta, com aquele gol “manual” de seu atacante Henry.

Cá entre nós, os franceses são conhecidíssimos pela grosseria e ar de superioridade, empáfia, com que tratam as outras gentes, até parecendo que ainda vivem sob Napoleão, principalmente quando esses são os turistas que para lá se deslocam a fim de ver e admirar o que por ali existe de belo. O que não é pouca coisa. A decantada finesse francesa é pura balela e só exercitada quando do estrito interesse deles.

Nem precisa recuar muito no tempo para constatar que tais atitudes, nada edificantes e antidesportistas, frequentam as partidas futebolísticas em que a França participa; basta lembrar da famosa cabeçada (ou testada) desfechada pelo mais famoso jogador francês de todos os tempos, Zinedine Zidane, contra um adversário que com ele disputava uma jogada, quase eliminando para sempre o colega de profissão. Aliás, que esse “astro” francês saiu em defesa e apoio ao destemperado Anelka que, por sua boca suja, foi eliminado do plantel. Desta vez, contra os sul-africanos que os eliminaram, quase temos o repeteco da partida anterior depois do cartão vermelho mostrado a Gourcuff, após forte cotovelada na cara do africano Sibaya. Era a pá de cal que faltava! Após o jogo, o técnico da África do Sul, nosso velho conhecido Parreira foi educadamente cumprimentar o selecionador francês Domenech que, com gestos grosseiros e virando a cara recusou o cumprimento do brasileiro. Show de grossura! Vão embora - e já vão tarde! - sem vencer uma partidinha sequer. Os bafana bafana anfitriões encarregaram-se de os despachar.

Contudo, se recuarmos um pouco mais no tempo, vamos ver que os gauleses nunca foram mesmo de futebol, conquanto algumas exceções devam ser anotadas como Platini, por exemplo, e só começaram a apresentar algum futebol de melhor qualidade depois que venceram o arraigado racismo e “importaram” jogadores, principalmente sul-americanos. Basta fazer um retrospecto, nem tão minucioso, para verificar que o time de Malasartes – vá lá, Bonaparte - só foi mesmo campeão mundial em 1998, lá mesmo, em seus próprios domínios, quando derrotou o Brasil de forma nada convencional ou convincente, com aquele nunca esclarecido nem jamais assaz pesquisado episódio das “convulsões” de Ronaldo, o que desperta suspeita em meio mundo, inclusive em nós, eis que o craque brasileiro, ora passando por fase não tão brilhante, nunca mais veio a ter nada ao menos parecido com “aquilo”, todos esses anos. Estranho, não acham?

Pois é. De forma absolutamente merencória cai a máscara de mais um primeiro-mundista. Vivo fosse, De Gaulle, envergonhado, não mais diria que não somos um país sério!

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(*) Médico e Escritor. SOBRAMES/ABRAMES

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Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 23/06/2010
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