Copa do Mundo, essa não!

A Copa do Mundo acabou e todos sabem qual a seleção de futebol levantou a taça, porque faz muito tempo que toda a mídia vem ocupando noventa por cento de seu espaço jornalístico em divulgar cada detalhe da movimentação dos jogadores, principalmente dos profissionais brasileiros, com seus humores, estrelismo, arrogância e “frescurites”, em meio da maior mordomia cinco estrelas e, o que é pior, sendo ovacionados, adorados, idolatrados e até endeusados, como, vergonhosamente, acontece com os “hermanos” argentinos.

Quem, pertencente ao país que ganhou a Copa, foi agraciado por algo que lhe tenha auferido grande proveito para sua qualidade de vida, afora os jogadores, comissão técnica, dirigentes e demais parasitas da sociedade, além dos patrocinadores, e grandes apostadores mafiosos internacionais? E quem de todos os demais países ganhou algo, participando de torcidas organizadas, de bolões, de compras de bugigangas (“vuvuzelas”, camisetas, bonés, adereços, apitos, bandeirinhas etc.) e ainda sentiu-se feliz com a perda do seu time? Ora, de verdade mesmo, com exceção dos organizadores do evento e dos participantes profissionais, todos perderam tempo precioso e dinheiro, muitos até perdendo a saúde, por estresse, ou mesmo a vida, devido a problemas cardíacos, tudo isso simplesmente por dar crédito, mediante afinco e dedicação, a algo com extrema inutilidade pública mundial! O engraçado em tudo isso é que, aqui em nosso País, vamos encontrar um enxame de caras exultantes e ansiosos pela vinda de toda essa pantomima em 2014, com a esperança de que iremos ganhar dessa vez (_Ganhar o quê, meu Deus?!), ou seja, está-se projetando para um futuro de quatro anos algo que não tem a mínima consistência para melhora política, administrativa, sociológica, cultural, econômica ou útil à nossa sobrevivência, no meio da violência, da fome, do analfabetismo e do caos moral e ético que está espalhado por todo nosso território nacional! _Isso é, no mínimo, revoltante!

Existem inúmeras e incontestáveis evidências incongruentes e até estúpidas, que são difíceis de serem engolidas por pessoas sensatas e equilibradas, mas que comandam e convivem com todo esse circo de ilusões “ilusórias” e “ilusionistas”, que não têm fundamento racional ou produtivo para o crescimento espiritual, intelectual, tecnológico, cultural e profissional da humanidade. Toda essa parafernália, provocadora de desvios de conduta e, perigosamente, de inversão de valores e de prioridades, está por aí, agindo com muita força e persistência, que são as mais evidentes características das energias negativas, cuja função é a de criar situações de aparência prazerosa e inofensiva, com a intenção de desviar os tolos do caminho do equilíbrio espírito/matéria, forçando-os a “detonarem” com inutilidades o muito do precioso tempo de vida, jogando no lixo o crescimento da própria individualidade! Isso tudo é muito desolador, demonstrando a arrasadora vitória do Mal contra o Bem, avalizando, explicando, provando e reforçando os porquês da situação caótica mundial. As pessoas persistem em agir como estando em pleno “paraíso”, desfrutando das benesses propiciadas pelo dinheiro, pelo tempo e pelas ilusões, provocados pela preguiça, pelo apego, pela ignorância, pela comodidade e pela mediocridade da infeliz demonstração de um “patriotismo” sem alicerces.

Alguém já parou para reparar a estúpida incongruência que o futebol cria no mundo profissional? Em primeiro lugar, vamos comparar a remuneração de muitas das estrelas futebolísticas que, em um mês, ganham o equivalente a 30 anos de profissão de um trabalhador mediano, ou então, o que é mais escandaloso, o equivalente a uma vida inteira de um bombeiro, cuja utilidade para a população é de relevância incontestável e imprescindível, exatamente contrária a de um jogador de futebol, que não tem absolutamente nada a oferecer de útil para a continuidade da civilização; essa mesma discrepância brutal e indecente encontra-se na remuneração dos professores, dos policiais, dos caminhoneiros, dos pedreiros, dos enfermeiros, enfim, na mão de obra daqueles que trabalham pra valer!!!

Moacyr de Lima e Silva
Enviado por Moacyr de Lima e Silva em 14/07/2010
Reeditado em 02/09/2011
Código do texto: T2377277