Corinthians foi vítima da maldição do Centenário

Não pode existir outra explicação para o fracasso do Corinthians em 2010. Só pode ter sido a maldição do Centenário. Duas semanas atrás, o Corinthians dependia apenas do seu próprio esforço para conquista do título brasileiro, mas a pressão psicológica sobre o seu elenco revelou-se um fenômeno tão poderoso que o time sucumbiu diante de dois rebaixados: o Vitória e o Goiás, este último com um time reserva, cheio de garotos da divisão de base. Acabou em 3º, superado pelo Cruzeiro.

Desde o início do Brasileirão, em maio, Fluminense e Corinthians disputaram, semana a semana, a liderança da competição. Não por acaso, os dois chegaram à 38ª rodada em condições de conquistar o título.

O Fluminense sofreu pra ganhar do rebaixado Guarani, mas festejou um título depois de 26 anos de jejum, jogando num estádio que leva o nome de um ilustre torcedor do clube, o ex-presidente da Fifa, João Havelange.

Nas últimas semanas, falou-se muito na possibilidade de acabar com o regulamento de pontos corridos, sobretudo depois de jogos polêmicos envolvendo Palmeiras e São Paulo. Em nome de rivalidades histórias, os dois times teriam facilitado a vida do Fluminense. só pra não beneficiar o Corinthians. São acusações difíceis de provar, mas, sem dúvida, foram jogos pra lá de suspeitos. Uma vingança, talvez, à mesma postura adotada pelo próprio Corinthians, um ano atrás, quando jogou “pra não ganhar” do Flamengo.

Para evitar esse tipo de marmelada, muitos defendem a volta do mata-mata, lembra? Reúne-se os 8 primeiros colocados num cruzamento dirigido, que poderia culminar, por exemplo, com um playoff entre Corinthians x Fluminense.

Este pode ser o formato ideal para a aumentar audiência e o faturamento das emissoras de TV, mas os pontos corridos – consagrados pelos principais campeonatos da Europa – não deixam dúvidas sobre os méritos do vencedor. O Fluminense é um campeão incontestável. Poderia ter sido o Corinthians, mas, repito, é muito dificil se livrar da maldição do centenário.

Recorde-se que o Timão não está sozinho nessa história de fracassos. Flamengo, Botafogo, Grêmio, Atlético-MG e Coritiba também frustraram seus torcedores no Centenário. O caso do Flamengo, em 1995, também foi doloroso. Na época, com um dos melhores ataques do mundo – fomado por Romário, Sávio e Edmundo – o clube da Gávea perdeu o Carioca na inusitada barrigada de Renato Gaúcho. Sucumbiu também a Supercopa da América para o Indepediente, da Argentina. Livre dessa maldição e (quem sabe?) reforçado do Imperador Adriano, é possível que o Corinthians de 2011 tenha melhor sorte.

O Fluminense, de Muricy Ramalho, que nada tem a ver com isso, levantou a taça com toda justiça. Muricy, aliás, atinge uma marca inédita e quase insuperável. É o primeiro tetracampeão brasileiro numa única década (já tinha 3 títulos com o São Paulo antes da conquista deste domingo). Vanderley Luxemburgo foi tri nos anos 90; assim como Rubens Minelli nos anos 70.

O herói Muricy Ramalho acaba se constituindo também numa espécie de “prêmio de consolação” para o futebol paulista. Depois de muitos anos de supremacia em torneios nacionais, os paulistas vêem o Rio de Janeiro ganhar o Brasileiro pela segundo ano consecutivo.

Alguma coisa está fora de ordem no Estado mais poderoso do País.

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Marcondes Brito
Enviado por Marcondes Brito em 06/12/2010
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