Acredite: um juiz de futebol vai administrar construção do estádio de Natal para a Copa-14

O torcedor paulistano sabe quem é Rodrigo Martins Cintra, árbitro que pertenceu durante alguns anos ao quadro da Federação Paulista, hoje vinculado à Federação da Bahia. Aos 34 anos, esse professor de educação física, com mais de 100 jogos apitados na Série A brasileira, deve ser obrigado a “pendurar o apito” para poder cumprir uma nova missão em sua vida.

Cintra é o novo secretário Municipal de Esportes e Lazer & Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014. O cargo, da Prefeitura de Natal-RN, é de nomenclatura tão grande quanto o próprio desafio que terá pela frente. Na última segunda-feira, ao tomar posse, Rodrigo Cintra anunciou – ao lado da prefeita Micarla de Sousa e da governadora Rosalba Ciarlini – que o consórcio OAS ganhou a licitação para tocar – por meio de Parceria Público Privada – a obra da Arena das Dunas, orçada em R$ 400 milhões.

Cintra não tem padrinho político nem está interessado em disputar qualquer cadeira parlamentar no Rio Grande do Norte. Foi uma indicação puramente técnica, uma aposta do vice-prefeito de Natal, o ex-deputado estadual Paulinho Freire, baseada na experiência que ele (Cintra) desenvolveu na Bahia, dando início às obras de construção da novissima Fonte Nova.

Numa conversa rápida com Rodrigo Cintra, anotei algumas experiências curiosas vividas por ele como árbitro de primeira linha do País:

1) – Portuguesa Santista x São Paulo, Paulistão 2006, em Santos. Pênalti em favor do tricolor. Luiz Fabiano bate, faz o gol, mas Rodrigo Cintra percebe que Kaká invade a área e anula. Nova cobrança, outra vez Luiz Fabiano converte, mas Kaka invade a área de novo. Cintra anula e dá cartão amarelo ao ainda jovem Kaká. Só na terceira tentativa o São Paulo faz o gol. Luiz Fabiano, aborrecido, nem comemora.

2) - Clássico Santos x São Paulo pelo Paulistão. O técnico Wanderley Luxemburgo (então no Santos) foi denunciado pelo TJD da FPF por ofensas a Rodrigo Cintra. Em entrevistas ainda no Morumbi, o treinador disse que foi “paquerado” durante os 90 minutos, deixando a entender uma perseguição por parte do apitador da partida. Mais que isto: insinuava que ele era gay. Rodrigo Cintra entrou na Justiça Comum, processou Luxemburgo e ganhou, em primeira instância, o direito a uma indenização de R$ 100 mil.

3) - Brasileirão de 2006. Rodrigo Cintra foi apitar um jogo do Grêmio, no Olímpico. Quando ia saindo do hotel para o estádio, a recepcionista – uma gaúcha linda, loira, alta, olhos verdes, charmosa e insinuante – em tom de brincadeira, fez um pedido: “Vê se marca pelo menos uns três ou quatro pênaltis em favor do Grêmio, sr. Cintra…” Resultado: o jogo terminou 3×2 para o Grêmio, com três gols de pênalti. “Foram três pênaltis legítimos e incontestáveis, mas, pela inacreditável coincidência, fiquei com medo que algum repórter bisbilhoteiro transformasse aquilo numa grande polêmica”, comentou Cintra.

Marcondes Brito
Enviado por Marcondes Brito em 17/03/2011
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