Renato/ Botafogo

No futebol, sou sãopaulino. Confesso que fiquei estupefato ao saber que o jogador Renato (34 anos) do Botafogo vai ficar suspenso por uma partida pela primeira vez em toda a sua longa e brilhante carreira, por ter tomado o terceiro cartão amarelo no último jogo. É claro que estou indignado é com o árbitro que lhe aplicou o cartão. Não vi o lance, mas dizem que foi imerecido o cartão, pois o lance ...foi involuntário. Entretanto, este seria um lance corriqueiro e pode até ser que passe “em branco”, a despeito de sua leal, respeitosa, dura, brilhante e cortês vida nos campos de futebol deste mundo de meu Deus. É compreensível que o árbitro erre em alguns lances, todos afinal falham, todavia, o ponto principal de toda esta minha ira é por não termos na nossa cultura, o culto à memória, à história. Dia desses um conceituadíssimo jornalista esportivo disse que não suporta mais homenagens a Ayrton Senna. Pelo Twitter, escrevi-lhe: “depois jornalistas dizem que o Brasil não tem memória”. Um jogador como Renato em outros países, é reverenciado por sua postura em campo, pela sua educação e pelo respeito ao adversário. Mas infelizmente aqui no Brasil, isto não é sequer levado em conta. É preciso mesmo é ser “esperto/malandro”, como diz Galvão Bueno.

O ex-jogador do Botafogo e craque Gerson entregou a camisa nº 8 –a pedido do saudoso craque Didi, dizendo: “quando aparecer um jogador que honre e mereça vestir esta camisa que eu usava, entregue a ele” - para Renato na sua contratação e ele Gerson ficou tão emocionado que chorou, com toda razão. Pois bem, o cara apareceu e Didi deve ter ficado contente, posto que Renato trata a bola e os adversários com o mesmo carinho que Didi tratava.

E o árbitro? Sabia dos cartões anteriores? Estava informado? Está ciente que manchou a carreira mais limpa e respeitosa dos últimos tempos no futebol do Brasil?

Se eu fosse dono de jornal esportivo, Esta seria uma matéria de capa com muitas laudas internas. Porque brasileiro não tem outra cultura que não seja a de levar vantagem. Pobre dos brasileiros que fazem de tudo para trilhar o caminho do Bem. São jogados todos na vala comum. Todos são culpados até prova em contrário.

E qual jogador se habilitará a jogar futebol com mesmo respeito e imaginar que no fim de sua carreira poderá aparecer um árbitro e em apenas um lance, jogar tudo no lixo? Triste para o Esporte. No Brasil, há muito tempo, só se dá valor a quem é polêmico. Ser honesto é como avião que sai no horário: não vira notícia. Ninguém vê, ninguém sabe. E jornalistas esportivos deveriam cobrar respeito, mas...