Dirigindo na grama

Dirigindo na grama

Até meados de 1970, a armação de um time de futebol era simples para o torcedor entender. Existiam defensores (goleiro e beques), meias (armadores) e atacantes (pontas e centroavante).

Depois da copa de 1970, estudiosos europeus começaram a elaborar esquemas novos para superar o poderio do Brasil (único país que participou de todas as copas).

Desenvolveram diversas táticas, a preparação física e a disciplina (inclusive fora de campo – algo que temos enorme carência). A nossa “soberba” impediu que 95% de nossos técnicos (a maioria composta de orgulhosos sem capacidade de absorver conhecimentos através de estudos) se preocupassem em acompanhar esta evolução de nossos adversários. Eram adeptos da crença que podíamos gerar uma “nova seleção” a cada ano.

Talvez seja possível se conseguirmos aproveitar muitos talentos que abandonam os campos por não se submeterem aos gananciosos empresários que agora comandam nosso futebol.

Lentamente estes oponentes deixaram de ser mero “fregueses” e atualmente pelo menos 4 países estão 5% melhores que nossa seleção. Enquanto outros 8 ou 10 estão no mesmo nível por superarem a deficiência técnica individual pelo aplicado esquema coletivo.

Nossos torcedores, iludidos por manchetes enganosas, ainda acreditam que somos infinitamente superiores pelo fato de possuirmos excelentes “cabeças de área” (ou de bagre?), valentes “homens de contenção” (ou armadores cansados?), o “quatro”(?) e poderosos “volantes”.

Agora, na 2ª década do novo milênio, ficamos assustados por não vermos nosso plantel golear as fracas seleções africanas, asiáticas e da América Central. Ficamos perdidos dentro dos labirintos que nós mesmos criamos.

Talvez precisemos de novos elementos para ajudar nossos “volantes”. Algo do tipo “câmbio” (para mudar a marcha da partida), “breque” (para reduzir a correria sem sentido) e “seta” (para saber mudar a bola de lado). A serem energizados por gasolina, ao invés do álcool que ingerem em longas noitadas antes das partidas decisivas.

Haroldo P. Barboza

Autor do livro: Brinque e cresça feliz.