Parabéns, Lula, Cabral, Paes e Dilma! Vocês venceram!

Finalmente vocês unidos, conseguiram acabar com a paixão pelo futebol, pelo menos aqui no Rio de Janeiro, onde eu vivo e trabalho como antropólogo, escritor, poeta, professor e pesquisador. Falta apenas um dia para o início da 'Copa das Copas' e na rua onde moro não escuto buzinas, gritos e muito menos existem bandeirolas, ou pinturas nos muros das casas, como aconteceu há 4 anos através e nos eventos anteriores. Vivemos aqui um clima de indiferença total. Se não existe revolta, pelo menos vemos tristeza e melancolia no rosto das pessoas. Tenho percorrido alguns bairros do Rio de Janeiro e é muito raro encontrar lojas ou bares enfeitados com bandeiras do Brasil e pinturas nas ruas.

Estou descrevendo exclusivamente apenas a minha experiência pessoal, a minha própria vivência.

Recordo-me das outras copas e lembro de que durante a Copa e os meses que antecediam o evento eram plenos de alegria e participação popular. Por isso vocês venceram! Finalmente conseguiram transformar um esporte popular em evento apenas para as elites do país e do estrangeiro. Construíram um esporte apenas 'para inglês ver', afinal foram eles que criaram o jogo de futebol. Mas quem o tornou popular foram os brasileiros, a grande massa trabalhadora, humilde, que no passado podia ver os jogos na geral do Maracanã, que podia receber até 200.000 torcedores. Por isso era chamado de o maior estádio do mundo. Agora não podem mais falar isso. A geral foi destruída para dar lugar a camarotes de luxo, para uma gente que não sente no sangue o gosto que o futebol tinha, que não grita na hora do gol, não se desespera, que torce educadamente, como manda os bons costumes e a etiqueta dos bacanas da zona sul do Rio de Janeiro.

A galera no Maracanã oferecia um espetáculo à parte. Era isso que nos levava ao Maracanã. Agora não me interessa mais ir ao Maracanã, mesmo na Copa do Mundo. Não me interessa participar de um evento cuja platéia, em sua maioria, foi comprada, com ingressos patrocinados pelo governo. Em teatro, chamamos isso de 'claque'. Por isso, Gilberto Carvalho, as pessoas que como eu estamos compartilhando este mesmo sentimento, estamos protestando, porque não nos resta mais nada a fazer a não ser reclamar, protestar, gritar aos quatro ventos, divulgar a nossa indignação diante do crime que vocês cometeram contra o povo brasileiro. Acabando, não sei por quanto tempo, a sua paixão por futebol.

Paulo Freire, este grande sábio brasileiro, já dizia, que não é necessário termos escolas para que haja educação. Da mesma forma, não é necessário doze novos estádios, para que haja futebol, e entusiasmo por ele. É necessário que o povo se envolva, se apaixona. Não sou vidente, mas presumo que depois da Copa, devemos encontrar outro destino para os novos estádios construídos, para justificar seu alto custo para o país. Quem viver verá.

NÃO VAI TER COPA!

WILL NOT HAVE COPA!

FIFA GO HOME!

Prof. Douglas Carrara