“Roda de Rua: memórias da capoeira do Maranhão da década de 70! (resumo)

‘Memórias da capoeira” -do Professor e Mestre de Capoeira Roberto Augusto Pereira –

“Roda de Rua:memórias da capoeira do Maranhão da década de 70 do século XX”

Em “Memórias da Capoeira do Maranhão” pesquisa de Roberto Augusto A. Pereira, o livro Roda de Rua – Memórias da Capoeira do Maranhão da Década de 70 do Século XX, lançado em dezembro de 2009, em São Luiz, tem como ponto de partida as rodas de capoeira nas ruas de São Luís e, entre os personagens marcantes da capoeira na época, o livro foca especialmente nos capoeiristas Anselmo Barnabé Rodrigues, o Mestre Sapo; Mestre Roberval Serejo e Firmino Diniz, o Mestre Diniz.

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Leopoldo Vaz:

O Autor diz que a Capoeira no Maranhão começa nos anos 70… Não lí o livro, apenas a sinopse dos jornais de hoje… mas nas memórias de Mestre Diniz afirma ser ela mais antiga… e é!

Memórias de Mestre Diniz…

Mestre Firmino Diniz – nascido em 1929 – era o Mestre mais antigo de São Luís. Teve os primeiros contatos com a capoeira na infância, através de seus tios Zé Baianinho e Mané. Lembra ainda de outro capoeirista da época de sua infância, Caranguejo.

Mestre Diniz se referia, ainda a outros Capoeiras: Lembra ainda de outro capoeirista da época de sua infância, Caranguejo, apelido vindo de seu trabalho de vendedor dessa iguaria, que costuma tocar berimbau na “venda” de propriedade de sua mãe, localizada no bairro do Tirirical. Viu, algumas vezes, brigas desse capoeirista com policiais. (SOUZA, 2002, citado por MARTINS, 2005, p. 30)[14].

Mestre Diniz teve suas primeiras lições no Rio de Janeiro com “Catumbi”, um capoeira alagoano. Diniz era o organizador das rodas de capoeira e foi um dos maiores incentivadores dessa manifestação na cidade de São Luís.

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Iniciou nos anos 70 a Capoeira baiana, trazida por Sapo, que se consolidou como ‘bem imaterial do povo brasileiro’; Roberval Serejo era de outra escola… de uma capoeira ‘primitiva’, talvez por ser carioca, tenha suas raizes em Sinhozinho, ou mesmo Zuma, ou Hermany… Só lendo o livro…

Mestre Patinho, relata o aparecimento do Grupo Bantus: “… bem aqui na Quinta, bem no SIOGE. Década de 60 era um grande reduto da capoeira principalmente na São Pantaleão, onde nasci…. Pois bem, um amigo que tinha recém chegado do Rio de Janeiro, Jessé Lobão, que treinou com Djalma Bandeira na década de 60; Babalú, um apaixonado pela capoeira; outro amigo que era marinheiro da marinha de Guerra, também aprendeu com o mestre Artur Emídio do Rio, Roberval Serejo; juntamos Jessé, Roberval Serejo, Babalú, Artur Emídio (sic) e eu formamos a primeira academia de capoeira, Bantú, e estava sem perceber fazendo parte da reaparição da capoeira no Maranhão. Também participaram Firmino Diniz e seu mestre Catumbi, preto alto descendente de escravo. Firmino foi ao Rio e aprendeu a capoeira com Navalha no estilo Palmilhada e com elástico, nos repassando.” (Antonio José da Conceição Ramos – Mestre Patinho – em entrevista concedida a Manoel Maria Pereira) [2]. in

http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2009/12/27/artur-emidio-e-a-capoeiragem-em-sao-luis-do-maranhao/

A ‘Capoeira do Maranhão’ – sim, temos uma capoeira, e a raiz dela não é a baiana… embora a Angola tenha se consolidado – como em todo o resto do Brasil – e a Regional tenha se espalhado pelo mundo com suas grifes, temos uma ‘capoeira maranhense’, registrada desde a década de 20, dos 1800… tal qual, seu inicio, nos outros estados considerados os de surgimento dessa arte/luta: Rio de Janeiro e Bahia, correndo por fora Pernambuco....

Desde 1820 têm-se registros em São Luis do Maranhão de atividades de negros escravos, como a “punga dos homens” . Mestre Marco Aurélio (Marco Aurélio Haickel) [Jornal do Capoeira] esclarece que, antigamente, a Punga era prática de homens e que após a abolição e a aceitação da mulher no convívio em sociedade passa a ser dançada por mulheres, apenas. Destaca que desde 1820 há referencia à Punga, com a participação unicamente por homens: “Há registro da punga dos homens, nos idos de 1820, quando mulher nem participava da brincadeira sendo como movimentos vigorosos e viris, por isso o antigo ditado a respeito: “ quentado a fogo, tocado a murro e dançado a coice” . (Mestre Marco Aurélio, em correspondência eletrônica, em 10 de agosto de 2005).

Por ter certa semelhança com uma luta, a “pernada” ou “punga dos homens” tem sido comparada à capoeira. A pernada que se constata no tambor de crioula do interior, lembra a luta africana dos negros bantus chamada batuque, que Carneiro (1937, p. 161-165) descreve em Cachoeira e Santo Amaro na Bahia e que usava os mesmos instrumentos e lhe parece uma variante das rodas de capoeira.....

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Aceitamos, para este estudo o que afirmam Adid (2009) e Luiz Renato Vieira (1998) que antropólogos, como Herskovits, têm apontado para a existência de “danças de combate” que trazem semelhanças com aquilo que conhecemos hoje como capoeira, não só na África – como o Muringue, em Madagascar -, como também em vários pontos da América, nos locais em que a diáspora negra se instalou. Relatos sobre o Mani em Cuba, e a Ladja na Martinica são dois exemplos dessas práticas. Sobre a Ladja, Vieira mostra a impressionante semelhança com a capoeira, verificada não somente do ponto de vista da execução de movimentos e golpes, como, o que é mais importante, o fato de congregar aspectos lúdicos, musicais (pratica-se ao som de atabaques) e de combate corporal.

Concordamos com Almeida e Silva (?) , para quem a história da capoeira é marcada por inúmeros mitos e “semi-verdades”, conforme nos esclarece Vieira e Assunção (1998). Esses mitos e estórias dão base às tradições que se perpetuam e proporcionam a continuidade de um passado tido como apropriado. Na capoeira, a narrativa oral das suas “estórias” adquiriu uma força legitimadora tão forte que, por muitas vezes, podemos encontrar discursos acadêmicos baseados nelas....

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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. A CARIOCA. in BOLETIM DO IHGM, no. 31, novembro de 2009, edição eletrônica

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A Guarda Negra. Palestra proferida no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão em agosto de 2009, publicado no BOLETIM DO IHGM, no. 31, novembro de 2009, edição eletrônica

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Capoeira/Capoeiragem no Maranhão. In DACOSTA, Lamartine Pereira da (editor). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL.

http://colunas.imirante.com/leopoldovaz/category/capoeira/

ALMEIDA, Juliana Azevedo de; SILVA, Otávio G. Tavares da. A CONSTRUÇÃO DAS NARRATIVAS IDENTITÁRIAS DA CAPOEIRA. Vitória; UFES. e-mail: julazal@yahoo.com.br