Capoeira: Zumbi e o 20 de Novembro!!!

Em 1926, surge o Centro Cívico Palmares, com atuação de importante ativistas negros, como Correia Leite e Jaime Aguiar.

Mas e Zumbi e, principalmente, o 20 de Novembro?

Quando ganham mais importância?

Essa é uma história que merece ser mais conhecida.

O poeta Oliveira Silveira, falecido prematuramente em 2008, não só teve um papel decisivo nas propostas de novos significados políticos, como deixou isso registrado em textos e depoimentos. Em Porto Alegre, entre o final dos anos 1960 e o inicio dos anos 1970, um grupo de jovens intelectuais e artistas negros se reunia para reflexões sobre a questão racial e a historia do negro.

A mobilização negra destacava-se ainda com a Frente Negra Brasileira, a Associação Cultural do Negro, a associação do Negro no Brasileiro, a Legião Negra, a Cruzada contra o Preconceito Racial, a União dos Homens de Cor e o Teatro Experimental do Negro.

A inquietação gaúcha de Oliveira Silveira e outros não surgia num vazio. Pelo contrário, em Porto Alegre juntavam-se poetas, grupos teatrais negros e professores, que debatiam a democracia e o preconceito racial.

Um dos focos dos debates, cujo “tema logo galvanizou o bate-papo,ao longo de várias reuniões”, foi o 13 de maio, a farsa da abolição, surgindo a unanimidade: ‘não havia por que comemorar essa data”.

Foi Oliveira Silveira quem se debruçou sobre livros e material disponível a respeito da história de Palmares, achando O Quilombo de Palmares, de1947, de Edison Carneiro, e As guerras nos Palmares, de Ernesto Ennes, editado em 1938. Foi entre uma reflexão e outra que se chegou a uma forte transcrita com a data de 20 de novembro de 1695:

Dia do assassinato de Zumbi!.

Assim, em julho de 1971 surgiram a idéia da data. Na programação daquele ano, constavam homenagens a Luiz Gama, em agosto (ocorrida em setembro), a José do Patrocínio, em outubro, e a Palmares, em 20 de novembro. As festividades para “Luiz Gama e Patrocínio foram encontros realizados na Sociedade Floresta Aurora e a homenagem a Palmares em 20 de novembro foi feita no Clube Náutico Marcílio Dias”.

Segundo o próprio Oliveira Silveira a proposta de evocar o 20 de novembro teve analogia com o caso de Tiradentes, reverenciado na data de sua morte por execução na forca e esquartejamento. Não havia a data precisa do nascimento de Zumbi ou do início, bem anterior, dos Palmares em 1595, mas havia a data da morte do líder palmariano, em combate durante uma emboscada - 20/11/1695.

Surgiu o movimento Negro unificado em 1978 contra a discriminação racial - MNUCDR, em 18 de junho daquele ano, aderindo e propondo em novembro em Salvador-BA a designação Dia Nacional da Consciência Negra para o dia 20, sugestão do militante Paulo Roberto dos Santos.

O último mais recente evento - mas não menos importante - de evocação história de Palmares e Zumbi, numa simbologia ressemantizada, foi a fundação da Faculdade Zumbi dos Palmares, que tem como mantenedor o Instituto Afro-Brasileiro de Ensino Superior. De acordo com seus estudos, disponíveis no site oficial, essa instituição de ensino privada, sem fins lucrativos, surgiu com a missão de possibilitar “a inclusão do negro no ensino superior, viabilizando a integração de negros e não negros em ambiente favorável à discussão da diversidade social, no contexto da realidade nacional e internacional”.

A inauguração se deu no 20 de Novembro de 2003, constituindo-se na “primeira faculdade idealizada por negros, tendo como foco a cultura, a história e os valores da negritude” no Brasil e na América Latina. Com cursos de administração, direito e pedagogia.

De olho em Zumbi dos Palmares

histórias, símbolos e memória social

Flávio dos Santos Gomes

Editora Claro Enigma

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O Fio D'Agua do Quilombo

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