Capoeira no Maranhão: Mestre Índio Maranhão!

Entrevista com Mestre Índio Maranhão

Conheça um pouco da história dos 43 anos de capoeira do Mestre Índio Maranhão por suas palavras. Saiba como ele conheceu a capoeira, como a vive e como aprendeu a história da capoeira do Maranhão na qual ele ensina aos seus alunos com alegria e dedicação.

Entrevista com Mestre Índio Maranhão

Publicado em 19/11/2015, enviado por: jeffestanislau

UMA CONVERSA DESCONTRAÍDA E EMOCIONADA

RODA DE CAPOEIRA: Como o senhor conheceu a capoeira?

MESTRE ÍNDIO: Minha primeira lembrança com a capoeira vem de 1970, assistindo um programa de televisão da TV Difusora em São Luis do Maranhão, onde um grupo de capoeira de Anselmo Barnabé Rodrigues “Mestre Sapo”, que eu fui conhecer muito tempo depois, quase 2 anos. Vendo todos aqueles movimentos eu me apaixonei, gostei pra caramba e comecei a fazer aqueles movimentos aleatórios, sem nenhuma técnica e sem ninguém para me orientar.

Já em meados de 1971, eu conheci um rapaz que me vendo pular, dando flip, mortal, chapéu de couro, fazendo esses movimentos de capoeira que até então eu não tinha certeza de que eram de capoeira. Aí ele começou a me iniciar, esse rapaz não era um capoeira, ele era boxer, ele ia para a academia fazer o treinamento dele de boxe e assistia o Mestre Sapo dando aula de capoeira e ouvia os nomes dos movimentos e golpes que o mestre falava e vinha pra mim e passada assim: Oh, eu vou dar meia lua de frente e você desce na cocorinha, eu vou dar meia lua de costa e você desce na negativa de frente ou negativa de dentro, eu vou dar o martelo e você faz a resistência. E assim eu fui pegando esses movimentos. Então ele me iniciou sem nenhum sentido exato de capoeira, ele falava aquelas coisas e eu acompanhava ele.

Até que em junho de 1972, eu assistindo uma roda de capoeira, o grupo estava com dois berimbaus e dois pandeiros, eles se apresentaram para a festa de São João, e após aquela apresentação, vendo os movimentos que os camaradas faziam eu me identifiquei. Aí terminou a roda de capoeira, e eu e um colega meu começamos a brincar e o rapaz que comandava o som, colocou o disco de Osvaldo Muniz, na época muito tocado...

“Você me chamou pra jogar, capoeira na beira do mar

Tenho fama de bom jogador, esse convite eu não vou rejeitar

Não importa que chova ou que faça sol, o que eu faço é fazer tocar berimbau

Toque o berimbau, que eu quero jogar...”

E eu brincando ali com aquele colega meu e de repente formou aquela multidão, aquele grupo de gente da festa de São João que esperava o Bumba Boi, Quadrilha e Cacuriá, formou aquela roda imensa em volta de mim e o outro companheiro e o rapaz do som voltou a repetir a música que é comprida mais ou menos umas 4 vezes, e daquela data em diante eu me tornei capoeira, 22 de junho de 1972.

Passou julho, agosto e em setembro eu conheci outro grupo de capoeira que estavam brincando no meio da rua, e eu fiquei ali quietinho observando, até quando o Babalu, que só depois eu vim saber o nome dele, chegou e disse assim:

- Sabe jogar capoeira?

Eu respondi: Não.

E ele: Quer aprender?

E eu: Vontade eu tenho.

E ele: Então vem brincar!

E com essa brincadeira, com os movimentos que eu já fazia, o Babalu se surpreendeu e me chamou de malandro, “Tu é malandro heim, que me pegar!” aquela brincadeira de capoeira mesmo. E dali então, ele me colocou o apelido de Índio. “Tu parece um índio rapaz, vou te chamar de índio.” E esse índio está até os dias de hoje, conhecido agora como Mestre Índio Maranhão.

Logo em seguida, eu conheci outra roda de capoeira, que tinha como comandante o Firmino Diniz ou “Velho Diniz”, que eram rodas de rua, e ele fazia essa roda em vários bairros e setores lá de São Luis, e eu comecei a acompanhar esse cidadão, que foi aluno de Mestre Catumbi no Rio de Janeiro na década de 50, quando ele serviu na Marinha. E eu o acompanhei, fazendo minha caminhada até 2012 quando ele veio a óbito aos 87 anos de idade, falecendo por doenças múltiplas, pois ele já vinha meio adoentado. Ele foi o homem que me formou a Mestre em 1996. Na minha caminhada muitos já me chamavam de mestre, mas ele foi o homem que deu a minha graduação de mestre.

Pausa: “Neste momento Mestre Índio se emociona pela lembrança do velho amigo”.

RODA DE CAPOEIRA: Mestre Índio, voltando lá atrás, nessa iniciação de sua caminhada a partir de quando o senhor conheceu o Babalu e o Velho Diniz, quais eram as referências de capoeira conhecidas em São Luis do Maranhão? Teve alguma roda ou um momento que te marcou e deixou saudade?

MESTRE ÍNDIO: Neste tempo lá atrás eu não acompanhei muito, mas eu tenho conhecimento da história da capoeira de São Luis do Maranhão, pois o Velho Diniz passava isso para a gente. Ele dizia que a história da capoeira lá no Maranhão, precisamente em São Luis, ela começa em 1885. Ele dizia que os estados mais antigos da capoeira, eram Salvador, Recife, Rio de Janeiro e Maranhão. A capoeira chega em 1885 no maranhão, porque os escravos que eram enviados para lá, vinham do Rio de Janeiro, não vinham de outros estados, eram específicos do Rio de Janeiro, enviados para a cidade de Turiaçu, e de Turiaçu para São Luis.

Deste período de 1885 a 1959, quando surgiu o primeiro grupo de capoeira, um grupo chamado Grupo Bantu de Capoeira, comandado por Roberval Cereja, que era marinheiro, e foi do Rio de Janeiro para São Luis, e chegando lá montou esse trabalho de capoeira. Lembro muito bem do Velho Diniz contando isso para a gente, eram: Roberval Cereja, Babalu, Jese, Patinho, Bizerra, Manuel Peitudinho, Murilo, Lourinho, Elmo Cascavel e Alô, esse grupo de 10 pessoas. Era um grupo isolado, não saia muito até por causa do preconceito da época e da taxação que aquela rapaziada recebia de vagabundo, arruaceiro e etc, pois capoeira era tudo o que não prestava na boca da sociedade. Então nego se isolava muito, treinavam muito ali e às vezes saiam para as festas, onde aconteciam as brigas, ai eles quebravam a galera e os caras às vezes nem sabiam de quem estavam apanhando, anos depois vieram a saber, que eram da capoeira.

Em 1966, um grupo chamado Aberrê, fez sua primeira viagem a São Luis, era comandado pelo Mestre Canjiquinha, acompanhado de Brasília, Vitor Careca e João Pequeno. Dois anos depois eles retornaram, isso em 1968, dessa vez com uma alteração no quarteto, tendo Canjiquinha como mentor, Sapo Cola, Brasília e João Pequeno, o Vitor Careca não foi. Assim eles ficaram como uma referência dos percussores da capoeira, sendo que o Sapo Cola, a convite do governador, permaneceu em São Luis. Dessa forma, até o José Sarney, querendo ou não, tem um dedo dele na capoeira do Maranhão, isso em 1968 quando ele foi governador do nosso estado.

A roda de capoeira mesmo que me marcou, foi quando eu comecei a frequentar as rodas do Velho Diniz, que era uma roda lá na Bom Milagre, com vários companheiros que eu lembro até hoje o nome deles, que era o Velho Diniz como chefe da roda, Sargento Gouveia, Babalu, Jese, Elmo Cascavel, Esticado, Raimundão, Alan, Gordo, Volf, Mimi, Ribaldo Branco, Ribaldo Preto, Zeca Diabo, Curador, Cordão de Prata, Sabujá, Patinho e Mareco, tinha mais ou menos uns 30 capoeiras que ele comandava essa galera todinha que comparecia lá nessa roda, e isso marcou a minha iniciação na capoeira, foi a roda da Bom Milagre, eu estava com uns 15 anos de idade na época, hoje estou com 58, daqui a 2 anos eu completo os 60 anos nesse mundo cão ai da capoeira.

Em 1976 eu vim no Rio de Janeiro, e o primeiro capoeira que eu conheci nessa cidade foi o Dentinho, irmão do Mestre Touro, depois eu vim conhecer o Farpa, o Mosquito que dava aula lá na Pompeu Loreiro em Copacabana, e depois eu fui conhecendo mais a galera aí da capoeira. Em 1980 eu conheci o Mestre Zé, Mestre Medeiro, o Canelinha e mais um outro que eu não consigo lembrar o nome dele agora. E essa caminhada já tem aí 43 anos, que eu completei em junho passado.

RODA DE CAPOEIRA: Com essa sua caminhada, que como o senhor disse já tem 43 anos iniciado no Maranhão, passando pelo Rio de Janeiro e com certeza muitos outros estados e até outros países, o senhor tem uma história muito grande, muitas vivências. Como o senhor vê a capoeira hoje em dia? Pois naquela época a capoeira era bem recriminada como o senhor já citou, quem praticava era considerado como vadio, arruaceiro, vagabundo e hoje em dia está em um patamar que talvez ainda não seja o ideal, mas teve uma melhora significativa!

MESTRE ÍNDIO: Vou falar como vejo lá em São Luis, a capoeira no Maranhão teve uma mudança já dos anos 80 pra cá, após a morte do Mestre Sapo “Anselmo Barnabé Rodrigues”, vários capoeiras que estavam isolados, criaram seus grupos, eram grupinhos mesmos só para treinar, eu mesmo criei o meu nessa época. Antes disso se o Sapo soubesse que tinha capoeira ou roda de capoeira, ele ia lá e dava porrada em todo mundo. Por que ele queria ser o centro das atenções, capoeira era só ele, e o resto era o resto. E após a morte, vitima de um atropelamento em 29 de maio de 1982, após uma confusão muito grande que ele arranjou, enquanto ele foi em casa buscar um revolve, na travessia dele um carro em alta velocidade lhe deu uma trombada, e ele veio a óbito no dia 1 de junho sendo sepultado em 2 de junho, para esperar alguns parentes que moravam em outro estado. Como eu disse, após isso surgiram vários grupos, eu criei o meu que na época se chamava Filhos de Ogum, e tinha o Gayamus, Filhos de Aruanda, Aruande, Cascavel, Escola de Capoeira Laborarte e outros que eu não lembro os nomes nesse momento.

Com essas minhas andanças com a capoeira, passei por Rio de Janeiro, Goiania, São Paulo, Fortaleza, Belém e outros estados. Em julho de 1999 tive a felicidade de ir à Espanha através da capoeira, pelo Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua do Rio de Janeiro, por intermédio de um intercâmbio eu passei 35 dias na Catalunha. E dessa época pra cá, eu vejo a capoeira só se fortalecendo, com viagens que outros mestres vem fazendo pelo outro lado do atlântico, como o Nestor Capoeira que é um dos percussores da capoeira para a Europa, e outros tantos mestres para Estados Unidos, Ásia e etc, tendo a capoeira em mais de 160 países. Veja só, não são 60, são 160 países, graças a Deus. E a UNESCO vendo a capoeira em todos esses territórios, veio a agraciar a Roda de Capoeira como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. E temos visto vários projetos sendo feitos no Senado e Câmara dos Deputados beneficiando a capoeira, então isso para nós é de tamanha grandeza, porque lá nos anos 60 e 70 a capoeira era muito mau vista, hoje a capoeira deu um salto muito grande e isso satisfaz muito nós capoeiristas, apesar de ter um grupinho querendo a profissionalização da capoeira, mas a capoeira já é profissão a muito tempo, começando do Bimba que foi o camarada que levou a capoeira pra dentro de recinto fechado, pois a capoeira primitiva era praticada na rua e de repente o Mestre Bimba coloca dentro de recinto fechado, tendo a maioria dos alunos sendo de família nobre, abastada de Salvador que passam a pagar para assistir as aulas. E hoje, querendo ou não a capoeira passou a movimentar dinheiro, não enriqueceu os Mestres como eu e muitos outros que tem por aí, mas a capoeira move bilhões e bilhões no Brasil e no mundo, e isso está crescendo o olho dos camaradas, querendo fazer essa profissionalização. Veja bem, a capoeira já é profissão para muitos desde os anos 30, para outros que só querem vadiar e jogar é esporte. Mas a capoeira como sempre é uma luta de resistência, e vamos resistir a mais isso aí.

RODA DE CAPOEIRA: Como o senhor lembrou a UNESCO declarou a Roda de Capoeira como Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade. O senhor já viajou para fora do Brasil, indo à Espanha em 1999. Como se diz no futebol, o brasileiro já nasce com um gingado, e vemos hoje muitos estrangeiros se esforçando para aprender a capoeira e a nossa língua. Com essa percepção, como o senhor vê atualmente os estrangeiros na capoeira?

MESTRE ÍNDIO: Estava a pouco conversando com outros mestres ali sobre essa situação dos estrangeiros na capoeira. Na década de 80 os Estados Unidos estavam investindo em pesquisas para provar que a capoeira não era genuinamente brasileira. O Mestre Dé que é mais velho do que eu, confirmou essa história.

Vou citar a Europa que tem muito países, onde vemos que os estrangeiros são muito determinados, querendo ou não é a palavra perfeita para isso, e eles também são exigentes e cumpridores de horários, e eles são terríveis neste ponto, pois eles te sugam até a última gota querendo aprender e vemos que cada um é melhor do que o outro.

Nos meus encontros, lá em São Luis do Maranhão, eu tenho recebido pessoal da França, da Itália, que vão a eventos de outros capoeiras e acabam indo visitar o nosso evento através de outros mestres, e você vê aqueles camaradas jogando capoeira, até muitas vezes melhor do que nós brasileiros. Eu acho incrível, como aqueles meninos se sobressaem dentro da roda de capoeira. E hoje, tem roda de capoeira em Portugal e na Espanha que brasileiro não joga, é proibido jogar. E o que vai acontecer é que esses caras vão olhar a gente de cima.

Esse Campeonato Internacional que eles estão querendo fazer aqui no Brasil tem dinheiro deles aí. A nossa comunidade, os grandes estados da capoeira no Brasil, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Bahia não estão muito de acordo. Eu não sei qual é a linguagem deles, mas eles estão aí pra fazer, com financiamento alto.

RODA DE CAPOEIRA: Fale um pouco sobre o seu grupo e o seu trabalho?

MESTRE ÍNDIO: O meu grupo foi fundado no dia 07 de julho de 1987, inicialmente com o nome de Grupo de Capoeira Filhos de Ogum, no bairro Bom Milagre em São Luis – MA. Em 1992, alterei o nome do grupo para Centro Cultural de Capoeira São Jorge e em 2000, consolidamos o nome como Associação Cultural de Capoeira São Jorge.

Atualmente a Associação Cultural de Capoeira São Jorge realiza trabalhos nas cidades do Rio de Janeiro – RJ, São Bento - MA, São Vicente – MA, Palmeirandia - MA e na capital maranhense onde fica a nossa sede.

A 8 anos eu venho realizando um evento que eu chamo de encontro, este ano estaremos fazendo nosso 8ª Encontro Nacional de Capoeira no Maranhão, e a realização disso é um trabalho muito grande, eu levo mestres do Rio de janeiro, de São Paulo, de Brasília pra lá aos trancos e barrancos sem um puto de governo nenhum pra ajudar. A capoeira é essa luta o tempo todo.

Sabemos que todos os Iphans do Brasil possuem uma verba para investir na cultura, mas quando você chega lá com seu ofício, com sua solicitação, é exigido um monte de documentos que você não tem, te pedem nada costa de INSS, nada consta do Ministério do Trabalho, nada consta da Polícia, nada consta disso e daquilo. É tanta burocracia, e você precisando daquilo para ontem. E você acaba desistindo, e esse dinheiro acaba não sendo usado e volta para os cofres públicos. Em 2012, voltou 300 milhões para o caixa da receita federal do Iphan, porque esse dinheiro não foi usado.

Eu tenho um trabalho na periferia, na zona rural, onde temos 60 crianças, e não temos ajuda do governo, seja federal, estadual, municipal, é bancado pelo organizador, que é o Sargento Edson, ele e a esposa, eles são policiais, e são eles que dão o lanche para essas crianças 3 vezes por semana. Eu dou aula nas terças e quintas, e no sábado é o Bombeiro Mirim, isso para ocupar aquela criançada lá, o que deveria ser um trabalho do governo. Sabemos que dinheiro tem, mas nego fica fazendo aquelas enroladas e dinheiro não aparece, mas a gente tá lá, aconselhando, educando e disciplinando essa criançada, ocupando o tempo deles para eles não ficarem lá a toa fazendo bobagens.

Para esse evento, sortíamos 10 cordas e 10 camisas para essas crianças que não tem nada, com o dinheiro que conseguimos com as cordas e camisas nos outros núcleos, utilizamos para montar a estrutura do evento e para trazer outros mestres e convidados de fora, pagando passagem de avião, translado, estadia e alimentação. Eu já tive a oportunidade de trazer para evento meu o Mestre Toni Vargas, Mestre Bocka, Mestre Ramos, Mestre Onça, Mestre Deputado sem precisar da ajude de nenhum infeliz. Mas quando é época de eleição, aparece um monte de infeliz oferecendo ajuda, pois sabe que temos uma presença dentro das comunidades com a galera, mas fora disso quando precisamos, se a gente chega lá atrás deles, e eles nunca podem.

RODA DE CAPOEIRA: Mestre Índio, para não continuar tomando muito seu tempo, pois estamos aqui num evento, eu gostaria que para encerrarmos esse papo, o senhor deixasse uma mensagem para os jovens que estão iniciando na capoeira?

MESTRE ÍNDIO: Bons mestres nós temos em todo lugar, maus mestres também não faltam, isso é claro! Para o aluno, ele tem que procurar uma boa casa, uma boa escola de capoeira. Temos aí vários nomes na capoeira, seja ela capoeira angola, capoeira regional, capoeira contemporânea, capoeira moderna ou capoeira mista, lá em São Luis nomeamos como capoeira mista, que é a capoeira angola e regional tudo junto. Já diz o Mestre Deputado muito bem, para você dizer que é Angoleiro, você tem que ser de uma Escola de Capoeira Angola, para dizer que é regional, você tem que ser de uma Escola de Capoeira Regional. E nossa rapaziada hoje que tá iniciando, que quer aprender realmente a capoeira, tem que ter determinação, estudar muito, porque num futuro bem próximo, o que está acontecendo hoje, alunos querendo ser mestre a qualquer custo, comprando corda e outros se auto-graduando, acabam que não conhecem sua raiz, não conhecem sua vertente, não conhecem a sua linhagem. Não tem história para contar e assim, o que ele vai ensinar para seus alunos no futuro? Por isso, você tem que se dedicar muito há capoeira, não só na capoeira mais como nos estudos, completar o colégio e se possível chegar a faculdade, podendo fazer a área da Educação Física que vai te ajudar a conhecer toda a anatomia do corpo humano. Na minha época tivemos pouca oportunidade para isso, mas hoje em dia é preto no branco, você não é ninguém se não tiver um bom estudo.

O que eu peço hoje para os alunos é que não parem de estudar para um dia chegar a ser um mestre de capoeira. O Mestre Deputado é um grande cirurgião, o Mestre Medicina é outro grande médico nesse Brasil e no mundo, e são meus camaradas, e de uma simplicidade sem igual. E temos outros mestres que são advogados, engenheiros e outras profissões que estão ai no mundo da capoeira, pois se apaixonaram pela arte, se dedicaram e hoje são mestres. A rapaziada de hoje pode ter o mesmo caminho, ter uma boa profissão, ser um doutor, advogado, promotor e até juiz, mas tem que se dedicar e estudar. Isso que eu falo para meus alunos, para que eles possam ter um futuro bem próspero.

Eu não sobrevivo 100% da capoeira, pois eu sou funcionário público lá em São Luis do Maranhão, mas é ela que me leva e me trás, e eu só tenho que agradecer a ela por tudo que ela me deu.

RODA DE CAPOEIRA: Mestre Índio Maranhão, queremos deixar registrados o nosso agradecimento por aceitar o convite para esse bate-papo, deixando as portas do site abertas, sendo mais uma ferramenta para o senhor e para o seu grupo continuar contribuindo com a capoeira.

Fonte:

Publicado em 19/11/2015, enviado por: jeffestanislau

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