BOURBON – WHISKEY
 
FEITO DE MILHO E COM SABOR DE MADEIRA
 
 
 
Até hoje ninguém está muito certo sobre a origem do scotch: Irlanda ou Escócia? A certeza que se tem é que a arte de destilar cereais para fazer uísque emigrou também para a América do Norte, dando origem ao bourbon. Na Escócia se usa cevada maltada, e os Estados Unidos, mesmo utilizando os cereais da nova terra (milho e centeio), adotaram a grafia irlandesa, whiskey.
 
Mais doce do que o scotch, porém mais ativo na garganta, o bourbon é um tipo de uísque feito de uma mistura que precisa conter pelo menos 51% de milho, em vez de cevada maltada.
 
O uísque norte-americano nasceu rude, conquistou os habitantes locais e cresceu junto com o país. Era um companheiro dos cowboys do Velho Oeste e dos pioneiros, na solidão das novas terras, além de representar uma maneira inteligente de aproveitar os cereais. 
 
O bourbon tem consumo significativo no Brasil e sua iniciação se deu com o Tennessee Whiskey “Jack Daniels”, seguida pela entrada no mercado dos autênticos “bourbons” Jim Beam, Four Roses e o perfeito Wild Turkey. Sobre o Jack Daniels, é voz corrente de que ele não é tecnicamente um bourbon, porque tem sua origem na divisa do estado, no seco condado de Lynchburg, no Tennessee. Histórias à parte é um dos whiskeys mais consumidos do mundo. 
 
O processo original de fabricação era extremamente simples e o produto final uma verdadeira bomba. Os cereais eram macerados junto com água. Depois, essa espécie fermentava rapidamente e era finalmente destilada. Em pouco tempo estava pronto. Com o tempo o processo foi se refinando, mas a origem permanece a mesma.
 
A utilização de toneis de carvalho queimados internamente para o envelhecimento é obrigatória e dá o gosto forte e característico do bourbon. Os apreciadores da bebida dizem que possui um “gosto amadeirado”. Provavelmente essa prática de se queimar os toneis foi herdada dos produtores de rum, a bebida preferida dos norte-americanos na época colonial.
 
Atualmente os whiskeys são definidos e catalogados por lei e a produção é controlada, sendo vários os tipos e subtipos.
 
BOURBON – É oriundo do Kentucky, onde ainda ficam os principais produtores. Mas pode ser feito em outros locais dos Estados Unidos, desde que sejam seguidas as especificações legais. Deve possuir no mínimo 51% de milho e o restante de outros cereais, como o centeio. A destilação necessita ser cuidadosa, não podendo resultar num álcool com mais de 80 graus. Se ultrapassar esse limite, o álcool fica neutro demais e não reflete as características do cereal de origem. Depois precisa ser envelhecido durante dois anos, no mínimo, em toneis de carvalho. No rótulo, a inscrição Straight Whiskey indica que ele foi feito dessa maneira.
 
BLENDED STRAIGHT WHISKEY – Nasce da mistura de dois ou mais whiskeys feitos da mesma maneira. É considerado muito bom pelos especialistas.
 
BLENDED WHISKEY – Mais neutro e dizem que é um tanto sem caráter (sic). Feito com uma mistura (20 a 50%) de Straight Whiskey com um destilado neutro ou com outro tipo de whiskey.
 
CORN WHISKEY – Feito normalmente em zonas rurais, com um mínimo de 80% de milho. Um produto mais rude, que pode ou não ser envelhecido em toneis de carvalho.
 
RYE WHISKEY – Outro produto nobre. As especificações são quase as mesmas do bourbon e deve envelhecer também em toneis de carvalho queimados internamente. Sua produção concentra-se praticamente na Pennsylvania e em Maryland.
 
TENNESSEE WHISKEY – Uma variação do bourbon, também feito basicamente com o milho. Seu representante maior é o Jack Daniels, um dos melhores e mais conhecidos whiskeys do mundo, e que tornou esse tipo famoso. O Jack Daniels é filtrado num carvão feito com uma árvore típica do Tennessee, o bordo, o que lhe dá mais personalidade e distinção.
 
LIGHT WHISKEY – Para produzir esse whiskey a partir de cereais, a lei americana permitiu a destilação um pouco acima dos 80 graus. Com isso, consegue-se uma bebida não tão característica, porém mais suave. A quantidade de álcool no produto final, como em todos whiskeys, é baixada com a adição de água pura. Pode ser envelhecido em toneis usados com o interior chamuscado, ou em barris novos de carvalho.
 
CANADIAN WHISKEY – Também produzido a partir da mistura de cereais, notadamente milho e centeio, no Canadá. Costumam ter classe, sendo mais leves que os americanos. Os canadenses têm por hábito misturar um pouco de cevada maltada, que é o ingrediente básico do scotch. Geralmente têm menos álcool que os americanos. O Canadian Club é um bom representante dos whiskeys canadenses.
 
O que distingue mais fielmente um bourbon de um scotch é o processo de envelhecimento. As temperaturas num depósito de toneis no Kentucky são bem superiores às da Escócia e, portanto o bourbon envelhece mais rapidamente, atingindo seu pico de maturação por volta dos sete anos.
 
É comum, nas destilarias do Kentucky, a fabricação de quantidades limitadas de uma versão mais nobre de bourbons: o Maker’s e o Turkey estão à venda sob marcas “super Premium” – o Maker’s Mark Limited Edition e o Wild Turkey Kentucky Legend. O Jack Daniels e o Jim Beam também têm marcas exclusivas; o Gentleman Jack e o Booker Noe. O Gentleman Jack é simplesmente uma versão “premium” do produto encontrado na familiar garrafa quadrada de rótulo negro, mas tem uma cor mais clara e um sabor mais delicado.
 
Para finalizar vamos ao brinde. É voz corrente que deve ser consumido em copo pequeno e de uma só vez, tal como fazem os cowboys nos filmes do Velho Oeste. Nada de gelo ou água. Essa é a minha forma predileta de apreciá-lo. Porém, eu entendo que a melhor maneira de saborear um bourbon é da maneira que mais lhe agradar. Se pretender extrair os aromas e sabores da bebida, então nada de água ou gelo. Se preferir em forma suave, como um refresco, acrescente muita água e muito gelo. Afinal, um dos maiores especialistas em uísques do mundo, o executivo da Glenlivet (*), Jim Cryle, respondeu assim quando lhe perguntaram se os “single malts” podiam ser misturados aos coquetéis: “Why not?”.        
 
 
 
(*) Glenlivet é um dos mais perfeitos e famosos “puro malte” do mundo, a classe mais nobre de todos os uísques.
 
 
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