USO CONSAGRADO

Li no Voz as inconformações do meu amigo Roque Hartmann. À primeira vista a questão do “X” realmente semeia minhocas na cabeça. Longe de conhecer bem nosso lindo português, sou um zero à esquerda quanto ele. Escondo-me atrás dos pilares do autodidata para justificar o meu não conhecimento. Mas isso não quer dizer que eu não tenha alguma opinião formada sobre o tema. Procuro aproveitar todas as oportunidades para aprender sempre mais um pouco e, se a Deus aprouver dar-me outro tanto de vida cá na terra, creio que chego lá. Quanto ao polêmico “X” na língua portuguesa, tenho para mim que se deve suas diversas pronúncias ao uso consagrado, isto é, de tanto tempo ser falado por todos, torna-se um hábito que é inserido na gramática e no dicionário – e vale como sendo certo!?! Porém, se alguma dúvida se me aflora que a não possa destrinchar sozinho, recorro ao mestre Alfredo Bays. Ele, com a simplicidade que lhe é peculiar, no tocante ao caso do “X”, opinou orientando-me que se trata realmente de um uso consagrado da nossa língua; que nada há o que fazer, por mais “esdrúxula” se nos pareça a colocação. E disse mais que, sempre que o “x” aparece – nos parecendo – em lugar errado, é que estamos respeitando a etimologia da palavra; que na formação do idioma muito contribuíram as línguas faladas pelos povos brasileiros por “excelência” – os indígenas, que enriqueceram nossos dicionários, principalmente palavras vindas do tupi-guarani, com sua beleza original. Assim escrevemos “guaraxaim” – cachorro crespo, conservando-lhe a originalidade. Quanto a esse tal de “uso consagrado”, concordo com o amigo Roque, em parte. Faz-nos imaginar um carimbo com a palavra – ASNO – na testa de quem contribuiu para a perpetuação de certas palavras. Tomo por exemplo o FAX. Vem do latim – fac simile, isto é, fazer igual. O X foi ali grafado por quem nada conhece de etimologia e, muito menos, de latim.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 09/04/2010
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