OLINDA E A MAÇONARIA

OLINDA E A MAÇONARIA

Quando criança, ao tomar conhecimento das primeiras palavras, o nome OLINDA logo me atraiu ao se introjetar em definitivo em meu subconsciente. Fui crescendo e esse nome sempre a me despertar curiosidade; algo de mavioso o revestia. Já no grupo escolar, nas aulas de historia de que tanto gostava, soube que o nome teria surgido de uma frase pretensamente atribuída ao donatário de Pernambuco, Duarte Coelho Pereira, quando em procura de lugar seguro para edificação da sede da capitania; teria declarado extasiado: OH!. LINDA SITUAÇÃO PARA UMA CIDADE!

Confesso que sempre descri desse fato. O certo é que, em 12 de março de 1537, surgia a cidade de Olinda, rapidamente a progredir impulsionada por um crescente comércio. Mais tarde o opróbrio: os holandeses invadem Pernambuco e se localizam em Recife e Olinda.

Ao contrário do que hoje se propaga sobre os holandeses, foram dias de muita perseguição e jugo forte; saquearam e humilharam os moradores da cidade. Não satisfeitos, tempo mais tarde, a incendeiam e quase a arrasam. No entanto, tal qual a fênix da mitologia egípcia, Olinda renasce das cinzas a aflorar em sua população o sentimento nativista; a sua participação, juntamente com o Recife, é decisiva para a expulsão do invasor batavo.

Hoje, com orgulho, assistimos à pujança de Olinda monumento cultural da humanidade; primeira capital brasileira da cultura. Olinda a se descortinar, ao legar às próximas gerações um passado impregnado de um pioneirismo ímpar, singular, a encher de orgulho seus filhos nativos e aqueles que a adotam como sua cidade querida.

Olinda, a emergir para a historia nacional, a esboçar o primeiro movimento para libertação dos escravos; Olinda, no grito bem alto pelo desejo incontido de Bernardo Vieira de Melo, no antigo Senado da Câmara, porta voz do anseio nacional a exigir a república; Olinda, no despertar da consciência jurídica brasileira, a criar junto com a cidade de S. Paulo, os primeiros cursos jurídicos.

Reconheçamos e façamos nossas as palavras do saudoso Barreto Guimarães, olindense destemido e incondicional:

ESTÃO FINCADAS AS MATRIZES DA NACIONALIDADE BRASILEIRA. OLINDA, COM TANTAS GLÓRIAS E TANTOS TRIUNFOS, SEMPRE A SERVIÇO DO BRASIL. ”Reforçando estas afirmações, Maciel Monteiro arremata: QUEM PODE VER-TE SEM QUERER AMAR-TE? QUEM PODE AMAR-TE SEM MORRER DE AMORES?

A 12 de março de 1978, quando do aniversário de Olinda, a figura olindense de Geraldo Guimarães ao integrar um grupo de irmãos maçons, exercitando a um só tempo sua vocação telúrico/talássica, lançou a pedra fundamental da loja 12 de março que ao longo dos seus 28 anos dignifica a maçonaria pernambucana. Esta Loja enfrentou, porém, um longo período de árduos sacrifícios até que assumisse a feição atual.

Embora alguns tentassem solapar sua destinação em forjar irmãos voltados para o bem comum, as vicissitudes enfrentadas ao longo de todos esses anos foram superadas. Hoje, aqueles que a compõem, estão imbuídos do desejo de consolidá-la enquanto instituição, preocupada e compromissada com a conhecida trilogia: liberdade, igualdade e fraternidade. Que o aniversário da Loja 12 de março enseje a que, de forma harmônica, reflitamos sobre o papel que cabe a cada um de nós, vetores de uma entidade voltada para a melhoria dos mais necessitados.

Resgatemos a nossa tradição, tão aviltada nos dias atuais por pessoas destituídas do verdadeiro espírito maçônico, deplorada por aqueles irmãos que vivenciaram o período áureo da franco-maçonaria. Conclamemos os irmãos para que não confundamos uma loja maçônica com um clube recreativo, ou em tertúlia de fim de semana. Esqueçamos a mesmice e despertemos da hibernação em que nos encontramos, pois tal estado só sedimenta o retrocesso.

Enveredemos por um novo caminho, a despertar de forma incisiva o verdadeiro maçom existente em cada um de nós; do contrário continuemos a praticar um arremedo de maçonaria, descaracterizada, cética, amorfa. Na iminência, pois, de enfrentarmos dificuldades no arregimentar profanos que dêem andamento a essa instituição outrora ativa, a obstar a manutenção da fidelidade aos ideais daqueles que num passado distante se sacrificaram em prol de sua aceitação e consolidação.

Pregoeiro do caos? Não; apenas preocupado em ver triunfar e tremular a sagrada bandeira da maçonaria Olindense e a preservar a soberania da loja 12 de março de 1537.

Olinda, 12 de março de 2006.

ANTONIO LUIZ DE FRANÇA FILHO –

Loja 12 de Março de 1537

ANTONIO FRANÇA
Enviado por ANTONIO FRANÇA em 29/11/2010
Reeditado em 23/11/2014
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