Laços de Mundo

LAÇOS DE MUNDO

O tempo passa e se desdobra em impressões próximas da memória que vamos construindo nas mutações do período gerúndio que vivemos. E eu amo mais e mais a essência de tudo, tudo é fundamento dentro desse exercício de vida que ensaiamos.

O universo translúcido dos meus sentimentos é poesia dando graças às criaturas concebidas através de meu ventre. Sinto-me em aliança com Deus e leio-me no livro do gênese como uma nova “Abrão” com a prole gerada na essência de meu âmago começando a dispersar-se em suas caminhadas. Com as mãos espalmadas para o céu olho as estrelas sem ter como contá-las, mas sinto a magnitude da benção cósmica polinizando minhas mãos para que minhas atitudes sejam destras.

Transversos a tanta alegria choram meus versos também às angústias e medos do cotidiano, e enclausuro no vácuo meus tropeços, falhas minhas e não minhas.

O medo egoísta de me sentir responsável pelos desacertos de meus rebentos esvaiu-se juntamente com as minhas vaidades. Sinto-me plena do espírito de criação concedida por Deus que me semeou frutos, descendentes, grupos que se multiplicam numa comunidade entremeada de mim, encetada como uma mera e simples Eva repetida e reproduzida indefinidamente pelo mundo afora. Maturo agora uma expressão que me aproxima cada vez mais de uma Maria não virgem, mas autêntica em cada passo, em cada queda, em cada omissão. Aprendi a despetalar decepções sem desperdiçar o núcleo de um átomo espiritual.

O tempo me ensinou a mergulhar na prece, a perscrutar na acusação mentirosa, digladiada entre sofismas e silogismos, a resposta certa, com a verdade absoluta já implícita nos encaminhamentos que Deus me enviar.

Existe analogia em tudo, dentro de uma aparência símil, mas quase tudo é distinto por isso é tão difícil a partilha perfeita.

O tempo passa lépido sobre o campo por vezes minado de impassibilidades.

E eu, compassiva, me integro etérea e deixo tocar às cordas de minha sensibilidade o código compacto de preceitos ditados pela fé que emana do Deus uno, cósmico que é cerne de minh´alma. Os que não lêem o módulo sublime de seu interior não conseguem interpretar o cosmopolitismo traçado por Deus. A pátria de todos os homens é o universo.

JOYCE RABASSA

joyce rabassa
Enviado por joyce rabassa em 01/01/2011
Código do texto: T2703256