ENSAIO SOBRE A FE E OS COSTUMES AMAZONICOS

Aqui na AMAZONIA, vivemos esse dilema às claras, entre as missões evangelizadoras e as missões catequéticas, entre as varias etnias de indígenas aqui residentes. Hoje o grande debate na região oeste do Pará, e a migração dos Índios Zoe, a Cidade de Oriximiná, (vide www.jesocarneiro.com.br/).

Eu porem entendo, e parto do principio, que esses povos, devem ser preservado de qualquer forma de "evangelização". Seus deuses, e suas crenças, não podem e não devem sofrer influencia de qualquer credo ou tradição religiosa.

Assim como os Católicos, (e eu Sou Católico e Mariano), catequizavam para dominar, assim também os missionários sob as mais variadas designações de fé que professem, invadem um espaço muito individual do SER.

Acreditar em um deus, ou seja, lá, o nome que você lhe der, é uma opção SUA, e deve-se partir do principio que DEUS, é um conceito, uma VERDADE TUA, e jamais deve ser ofertada a quem não vai entender, logo se convence com facilidade, portanto não crê, acha que crê, na existência de um DEUS, que existe em minha vida, fruto de minhas verdades e convicções. CRER EM DEUS é uma opção intima que cabe a você, o momento e a forma de crer. Não importa se esse Deus vai chamar-se Javé, Adonai, Alá, ou Emanuel, ou simplesmente sol, lua, flor, AMOR. Esse conceito Deus, se sobrepõe, a luz da razão e das praticas Cristãs, fruto de nossas escolhas e tradições.

As diferenças culturais, a luz do aspecto antropológico do homem, devem ser mantidas, como forma de racionalizar a conduta individual, sem qualquer fator externa. Aqui na Amazônia, cultuamos a Virgem Maria, a quem todos os anos celebramos grandes caminhadas, aqui conhecidas como CIRIO, onde o mais famoso é o de Belém do Pará, com 3.000.000 de pessoa participando dessa forma de devoção que tem mais de 200 anos.

Em todas as cidades do Estado do Pará, a tradição religiosa, com seus círios, e suas procissões em louvor aos santos católicos, é muito forte e muito rica, o que nos remete a costumes e tradições centenárias.

A Festa do Sairé, realizada em Alter do Chão, em Santarem-PA, mantém tradições centenárias, fruto da miscigenação existente entre os jesuítas, que catequizaram essas terras mocorongas, e os Boraris, povo que habitava aqueles rincões, e que hoje, já não existem mais, mas que ficou com seus caboclos, seus costumes e tradições.

Bebida como o Caxiri, a Manicuera, o Tarubá, a Pajiroba, se confundem com as tradições dos catequistas e dos boraris, embora essa catequese e/ou missão, como queira, ao meu ver, não veio só apresentar Jesus, o Maior de Todos os Mestres (que seu nome seja sempre bendito entre os homens), mais veio também influenciar na vida e nos costumes milenares de povos, com suas tradições próprias.

Entendo que os Amazonidas, os ribeirinhos, os Indígenas, os povos das florestas, os quilombolas, devem ser preservado da contaminação cultural/religiosa, e manter a sua maneira, seus costumes, sua fé, no DEUS, existente em cada um de nós.

Parto do principio, que a Universalização do cristianismo, trouxe consigo a imposição de um DEUS único, pautado na pessoa de Jesus, o Maior de todos os Mestres, o que levou a aniquilação de culturas, e tradições de povos, não cristãos, que o diga as cruzadas, a inquisição, a pré-catequese dos indígenas brasileiros, a colonização dos povos amazônidas, tudo em nome de DEUS.

Entendo que por mais profunda que seja a verdade teológica, a luz do entendimento cristão, ou melhor, monoteísta, a profissão de fé, tem que ter como verdade as reais convicções do homem, em seu conceito já definido, respeitando sempre, seu lugar, sua origem, sua historia, sua FÉ.

Eu creio num DEUS, libertador, JUSTO E PERFEITO, que não te impõe nada, que te liberta, que te deixa livre. DEUS, o Grande Arquiteto do Universo (que seu nome seja sempre bendito entre os homens), esta em cada ser, e esse encontro com o DEUS LIBERTADOR, se da no coração de cada pessoa, seja cristã, ou não.

Catequizar, levar a palavra, educar, ensinar a Palavra de DEUS, a um povo como os Zoes, e ir de encontro a tudo aquilo que o Criador, E Grande Arquiteto do Universo, AMOR E BONDADE, quer da vida de cada um de nós. Disse Jesus, o maior de todos os Mestres, “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundancia”, deixemos os Zoes, viverem suas culturas, seus costumes, suas crenças, no jeito puro e sereno que eles tem, diferente do nosso jeito aculturado, civilizado, cristianizado de viver.

ANDRE LUIZ CORREA MOTA
Enviado por ANDRE LUIZ CORREA MOTA em 10/01/2011
Reeditado em 12/01/2011
Código do texto: T2721152
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