RODA DA VIDA

A jovialidade, a maturidade e a senilidade, são apenas ciclos fechados que adotamos para contar o tempo, tempo esse que inexiste dado sua relatividade e sucessão imposta pela roda de “Samsara”, de onde teoricamente, partimos inocentes rumo a luz eterna, que é eterna porque assim entendemos o tempo, para chegarmos alados e luminosos num flash do universo em contraponto a milênios em dores, batalhas e purgações. Isso não é prosaico, devo admitir, mas dessa idéia eu compartilho, só assim, sem a prescrição do tempo ou sua relatividade absoluta, eu poderia entender as idas e vindas, o antes do inicio e o depois do fim, pelo simples fato de não poder finalizar algo que nunca começou.

Em nossa concepção de tempo, marcamos no hoje um encontro com nós mesmos amanhã para tratarmos de assuntos pertinentes a um passado que na verdade só existiu para dar sentido a tudo isso, mas que sempre delibera hoje, o amanhã nunca vem e ontem não há, vivemos num grande e interminável hoje, isso passará a fazer sentido quando retirarmos de nossas vidas a truculência do tempo, a perdição das horas que nos prende, nos circunda e nos envelhece. Nunca caminharemos para a senilidade se retirarmos o marasmo dos anos de nossas vidas, pois a roda que gira, não transmuta a alma, sempre seremos nós mesmos independente da capa nova ou enxovalhada que se esteja usando. Ao invés de nos preocuparmos com o inevitável, deveríamos retirar hoje o que ele de bom tem a nos oferecer. Por mais poderoso que eu possa vir a ser, por mais domínio que tenha sobre o arbítrio que me pertence, não conseguirei permanecer para sempre aqui, independente da minha vontade, vou espernear, me esconder, mas não vou poder ficar. É amargo o remédio, mas eu insisti em adoecer.

Anderson Du Valle
Enviado por Anderson Du Valle em 04/05/2011
Código do texto: T2948925
Classificação de conteúdo: seguro