Monteiro Lobato e Nietzsche

Monteiro Lobato e Nietsche: uma relação de confluência entre filosofia e literatura

Este ensaio pretende sugerir o impacto que a filosofia do filósofo alemão Nietzsche causou na obra do escritor brasileiro Monteiro Lobato, tanto na construção de sua literariedade, quanto na formação moral e filosófica de suas personagens. Polemista, Monteiro Lobato faz de sua vida e da sua obra o que Nietzsche irá chamar de além homem. Mas não se pode chamá-lo de nietzschiano porque isso seria dizer que Monteiro Lobato não compreendeu Nietzsche. Ao contrário, por compreender Nietzsche é que Monteiro Lobato foi lobatiano e sendo lobatiano é que podemos dizer que o escritor de Taubaté foi nietzschiano.

Num de seus artigos “ Confissões Ingênuas” (1959, p.223) Monteiro Lobato afirma que o que mais impressionou em Nietzsche foi o aforismo “Queres seguir - me? Segue – te”. E foi dessa maneira que Lobato recebeu Nietzsche, sendo ele mesmo o tempo todo, tanto na vida quanto na obra literária. Nesse artigo, Lobato confessa que “ assim foi que me fiquei na vida sem sistematização nenhuma, livre como um passarinho” (1959, p. 224). Entende-se que a finalidade da investigação deste trabalho é analisar em que sentido a não sistematização a uma ordem pré-estabelecida, princípio nietzschiano, “estendeu-se à literatura de Lobato” (1959, p.224) e é o escritor mesmo quem diz que “ tudo quanto produziu, contos ou sonhos infantis, não se subordinaram a norma nenhuma” (1959, p.224).

Como foi colocado, a interligação entre a literatura do escritor brasileiro e do filósofo alemão é abordada pelo próprio Lobato em Confissões Ingênuas e em várias cartas endereçadas a Godofredo Rangel. Essas cartas compõem uma das mais poéticas obras epistolares da nossa literatura que é a Barca de Gleyre, de acordo com Enio Possani (2002). Para Vasconcellos, por exemplo; Nietzsche seria responsável em Monteiro Lobato pelo “seu individualismo libertário, inimigo de sistemas e de valores estabelecidos” ( _, 1982 p.19). Whitaker (1997 p. 49) destaca que em Nietzche está a origem do cetismo lobatiano, enquanto Eliana Yunes destaca que “da leitura de Nietzsche advém o seu idealismo romântico e individualista, subjacente e remanescente de sua própria educação” (_ apud WHITAKER : 1997 p. 47). Contudo, na houve aprofundamento de que maneira esse idealismo romântico e individualista trazido por Nietzsche a Lobato foi crucial na construção literária e moral de sua obra maior, que é o Sítio do Pica - Pau Amarelo.

Nelly Novaes Coelho ( apud WHITAKER: 1997 p 51) também aborda a criação e a educação de Monteiro Lobato, marcadamente realista/naturalista/positivista e coerente com a época em que Lobato nasceu, que é o final do século XIX. Nelly admite a “influência materialista aprofundada depois pela filosofia dinâmica do Super – Homem e da Vontade de Domínio de Nietzsche ( influência de que a vida e a obra lobatiana estão repletas)”, entretanto, não destaca de que forma essa influência Nietzschiana, que aqui chamo de confluência para não ser incoerente com o Vade Tecum, se apresenta na literatura infantil de Monteiro Lobato. Quer dizer, a análise da importância da leitura da filosofia nietzschiana, da qual Monteiro Lobato também foi tradutor, se concentra na formação intelectual e novamente política do criador da Literatura Infantil como o consideram todos esses estudiosos mencionados.

Por exemplo; Eliana Yunes ( apud WHITAKER: 1997 p. 19) relaciona a descoberta de Nietzsche por Monteiro Lobato a “uma sociologia moral fundada no relativismo axiológico e na transmutação de todos os valores”. Já Enio Passiani ( 2002 p. 68) sublinha que até Cassiano Nunes e Edgar Carvalheiro se referem que o individualismo libertário de Monteiro Lobato nasceu das leituras de Nietzsche. O que só reforça a idéia de que muito se verificou na pessoa e no ser que foi Lobato a presença de Nietzsche, mas pouco na sua literatura.

Os autores que estudaram e pesquisaram a obra de Monteiro Lobato, geralmente tendem para uma análise política e ideológica de sua obra, como é o caso das pesquisas de Zinda Maria Carvalho Vaconcellos e de Roberto Whitaker Penteado, respectivamente em O universo ideológico da obra infantil de Monteiro Lobato e Os filhos de Lobato. A influência do tempo histórico e de um contexto social de uma época também é extremamente abordada nos textos lobatianos, como é o caso do livro Na trilha do Jeca, Monteiro Lobato e a formação do campo literário no Brasil. Esse interesse excessivo pelo contexto social e político que permeiam a obra lobatiana se deve de fato de seu escritor ser um homem inteiramente engajado, defensor de suas autênticas idéias. E é nesse sentido, na postura anárquica de Lobato, que os autores citados acima reconhecem o papel da filosofia Nietzschiana na formação do caráter do escritor. Pouco se diz de sua importância na construção da tessitura literária do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Uma análise crítica ainda muito voltada para a personalidade pessoal do homem e do brasileiro que foi o escritor de Taubaté, sem dúvida nenhuma. Isso se deve ao fascínio e à importância histórica do escritor na vida política do país em meados do século XX.

Essa tendência da crítica literária e das pesquisas sobre Monteiro Lobato se concentrarem nas suas relações políticas e nas suas posturas pessoais, e mais ou menos como isso tudo se reflete em sua obra, revela a tendência de considerá-lo mais pelo viés biográfico e sociológico do que pelo viés literário.

Não que a formação do homem e da pessoa de Lobato não tivesse e não fosse extremamente importante para a consolidação de sua literatura, contudo, essa abordagem apenas sociológica e política de sua literatura contribuíram para a visão de que o texto lobatiano é um texto menor. Isso se deve à interpretação generalizada da crítica de que um texto engajado é necessariamente fraco em matéria de laboração estética, sem levar em consideração exemplos como: Victor Hugo, Brecht, Dostoievski, João Cabral de Melo Neto etc... Essa tendência e interesse dos pesquisadores de analisar a obra de Monteiro Lobato pelo fator sociológico e político é confirmado por Zinda Maria Vasconcellos que afirma “De qualquer forma não é o estudo da literariedade de Lobato o que mais nos preocupou na elaboração da presente dissertação, e sim o da possível influência da obra sobre os seus leitores” (_ 1982 p. 23). Essa ensaio tentará, além de abordar a ligação do Sítio do Pica - Pau Amarelo com a filosofia, também verificará de que maneira essa filosofia foi responsável pela tessitura da obra lobatiana.

O corpus central da pesquisa é a Literatura Infantil de Monteiro Lobato, mas poderia se estender a análise para alguns títulos de sua literatura considerada adulta. Por enquanto, o estudo se concentrará na saga do Sítio do Pica-Pau Amarelo, considerada uma das maiores e melhores obras feitas para as crianças da Literatura Mundial. No espaço ontológico como o Sítio é que se desenvolveria a criação de uma sociedade à la nietszche, quer dizer, voltada às pessoas e suas individualidades, onde cada ser é essencialmente importante para a singularidade do Sítio, um lugar no qual se pode “seguir a [si] mesmo”. Emília, por exemplo, a personagem mais fantástica da literatura brasileira, seria uma espécie do além homem nietzschiano realizado, pois ela se sobrepunha à moral familiar tradicional para se colocar acima do bem e do mal, apenas ela mesma, Emília. Em uma de suas cartas destinadas ao seu amigo e escritor Godofredo Rangel, Monteiro Lobato confessa em 1913, que o seu grande sonho literário é escrever um livro jamais escrito onde haverá:

“uma visão da humanidade extra - humana ou sobre – humana. O homem visto pelos olhos dum ser extra – humano, um habitante de Marte, por exemplo, ou dum átomo, ou da Lua. Um quadro da humanidade feito com idéias de um não – homem ( que maravilhoso absurdo !). [...] E essa pintura seria um susto e um assombro para o homem, que não consegue jamais conhecer-se a si mesmo porque ninguém o desnuda. Livro de um Louco”

(LOBATO: 1959 p. 341)

E esse não homem que veria humanidade de fora, o além homem nietzschiano, não teria se realizado na personagem Emília, já que, ela é exatamente não uma criança, mas uma boneca viva? Uma boneca viva que veria a humanidade de fora e que ensinaria as crianças a olhar também por essa ótica, ultrapassando a condição mediana e moralista das coisas. E no que diz a respeito à construção estética, é o próprio Monteiro lobato que confessa novamente a Rangel o fascínio que o estilo nietzchiano exerce sobre a sua maneira de escrever e de perceber a literatura:

“E que estilo, Rangel! Aprendi nele mais que em todos os nossos franceses, é o estilo cabrito, que pula em vez de caminhar. O estilo de Flaubert é o estilo de tatorana: vai indo até o fim. O de Nietzsche nunca se arrasta, voa de pulo em pulo – e chispa relâmpagos, e chia, urra, insulta. È a mais prodigiosa irregularidade artística. Quando leio Nietzsche sinto ódio contra Flaubert o Impecável. Nietzsche é o Grande Pecador.”

(LOBATO, 1959 p. 66)

A metáfora usada para diferenciar o estilo de Flaubert do de Nietzsche, o primeiro tatorana vai indo até o fim e o segundo voa de pulo em pulo, lembra as definições de poesia e prosa de Paul Valery; a prosa é como o caminhar e a poesia como a dança. Esse fascínio pelo estilo chispa relâmpago e que voa de pulo em pulo de Nietzsche, um estilo reconhecidamente poético, irá se manifestar na elaboração literária do Sítio do Pica–Pau Amarelo que é um reino, antes de tudo, dos sentidos: “em filosofia física fiquei na Evolução e na filosofia estética fiquei naquele maravilhoso “ Vade mecum?Vade tecum! Do Nietzsche”. (LOBATO, 1959 p. 246).

Alguns exemplos nietzschianos no Sítio Do Pica Pau Amarelo

Para autores como Rosemberg ( 1985 p. 26 a 30) e Vasconcellos (1982 p. ) a literatura infantil se caracteriza pela relação assimétrica entre o adulto e a criança, relação na qual o escritor se direcionará para um público específico e idealizado. Pois o adulto-escritor pensará em formar o adulto futuro, ou se relacionará com uma infância idealizada e mítica, distante da criança real. Assim, a literatura infantil se diferenciará de outros gêneros enquanto produção, porque é uma literatura para e não da criança, o que demonstra uma relação de imposição. É o adulto que escolhe o tema e a linguagem que se direcionará à criança, como é o adulto que comprará e selecionará esses livros para ela. Já Monteiro Lobato ( 1959 p. 255), ressalta em seu artigo, A criança é a humanidade de amanhã, que os seus livros fazem sucesso justamente por não serem escritos para crianças, mas com as crianças “ como as coitadinhas não sabem escrever, admito que me pedem que o faça”. O que mostra a preocupação do escritor de aproximar suas histórias o máximo possível da criança real. Apesar de Lobato acreditar na criança como devir, como o futuro, ele não direciona sua literatura para um adulto em miniatura nem para uma infância saudosista.

A criança é a humanidade de amanhã. No dia em que isto se transformar num axioma – não dos repetidos decoradamente, mas dos sentidos no fundo da alma – a arte de educar crianças passará a ser mais intensa preocupação o homem. [...] Duas corrente, entretanto, se denunciam bem distintas. Uma a dos que consideram a criança como um homem em miniatura e de que e dê a ela o mesmo alimento mental e moral que se dá ao homem, com apenas redução de dose. [...] A outra corrente admite a criança como um ser especialíssimo, do qual o homem vai sair, mas que ainda tem muito pouco de homem. Em conseqüência, o seu alimento mental há de ser, nunca uma redução de dose, mas algo especial. E de qualidade desse alimento, elas tem que ser os julgadores. SE refugam, não presta; se mostram avidez, é ótimo.

(LOBATO, 1959 p.250)

Essa mudança de postura enquanto escritor de literatura infantil (o fundador dela praticamente no Brasil) demonstra o quanto Monteiro Lobato adotará uma postura um tanto agressiva com a sociedade em questão, onde a criança é vista como um ser de pouca capacidade, sem direito de opinar ou de escolher, sua única opção é acatar e obedecer. Essa visão de criança é ideologicamente transmitida pela literatura que se propunha para os meninos e as meninas da época, uma literatura de cunho didático e livresco, onde a preocupação com o conteúdo moral é maior do que com a forma literária: “Forçarem a e recrearem com tais livros, as crianças suportam-nos nas aulas ou fora delas com obrigação. Nunca os procuram espontaneamente. Elas também suportam o óleo de rícino, a erva de santa - maria...” (LOBATO, 1959 p. 250) . Subvertendo essa lógica, Lobato colocará como personagens centrais de sua saga: duas crianças e uma boneca, esta não deixa de ser também criança em sua essência. Porém, todas são personagens com vontade própria e profundidade, diferentemente do formato pré-construído de literatura infantil com função moralizante, onde há uma criança boazinha ou uma criança mal educada que deve padecer no final.

Monteiro Lobato tem uma idéia muito clara de como deve ser a educação da criança; a qual deve estar fundada no humano com o objetivo unicamente de fazê-la seguir a si própria, uma educação que dê autonomia para que ela torne segura de seus interesses e desejos. Pois foi lendo Nietzsche que Lobato compreendeu o significado de seguir a si - mesmo:

A idéia de tornar-me um aparelho receptor, nu de qualquer preconceito, deixado sempre ao léu, ferrenhamente defendido contra tudo que fosse “Imposição”, pareceu-me – coisa certa – e a procurada. “SEGUE –TE”. Nunca uma palavra foi melhor compreendida, melhor apreendida, melhor sentida. Sua significação última era liberdade mental e moral.

(MONTEIRO LOBATO, 1959 p. 1959)

Essa confluência com Nietzsche fez de Monteiro Lobato implacavelmente defensor de suas idéias, e não poderia deixar de participar da sua concepção de educação que invariavelmente perpassa a criação do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Embora a saga não fosse propriamente um compêndio didático, mas literário onde o prazer pela leitura fluísse muito mais que as intenções morais, estas não deixam de estarem presentes na narrativa. Porém, a moral apresentada não é aquela tradicional, imposta e parcial, mas aberta a construção e argumentação.

No trecho abaixo, tirado de um rascunho do Sítio do Pica-Pau Amarelo que não chegou a vingar de uma história da ciência para crianças, Dona Benta expressa a teoria de educação em voga no Sítio:

“Criança gente doma, como potros!” disse o compadre e como quase todas as pessoas pensam – é aqui no sítio que eu vejo exatamente o contrário. Não domei Pedrinho, nem Narizinho, em Emília, e duvido que haja crianças mais bem educadas. “Bem educadas” no verdadeiro sentido, não no sentido comum; pois o que vejo por aí é a confusão de “bem educado” com “ bem comportado”, isto é, com a submissão das pobres crianças a todas as ordens dos pais ou professores. “Sente-se com as mão sobre o colo e fique quietinha – e a triste criança, o bichinho mais irrequieto da natureza, fica ali a constranger-se e a bocejar de tédio, para que umas toupeiras, Omo este meu compadre, se rejubilem e digam: “Estão vendo como é bem educada esta criança?”

(LOBATO, 1959 p. 298)

Uma educação que se baseia nos princípios nietzschianos nunca será domadora nem condicionadora, mas se aproximará das contradições humanas até expô-las em grau elevado. A criança será sujeito de sua educação e não apenas receptora. Em referência à construção da personalidade infantil lobatiana tem-se nitidamente a influência de Nietsche, pois o filosofo cria o conceito de além homem como um princípio norteador de sua teoria, que é uma filosofia para a libertação do ser, filosofia do devir, pois “o homem é superável” (NIETZSCHE, Assim falou Zaratrusta p. 9). Aqui, o além homem é anunciado como aquele que transpassou a incompletude do homem para ver a humanidade do alto da montanha, reconhecendo em si todo o seu instinto e natureza: “O homem não passa de um rio turvo. É necessário ser um mar para, sem se ofuscar, receber um rio turvo. Pois bem; eu lhes apregôo o super-homem; é ele esse mar; nele pode abismar-se os seus menosprezos” (NIETZSCHE, Assim falou Zaratrastura, p.10)

Por essa razão, Lobato necessitará de uma boneca, Emília, para ver a humanidade de longe e se situar além, enquanto seus colegas humanos, Pedrinho e Narizinho, não serão crianças passivas porque estarão libertas do mundo adulto e serão donas de suas próprias aventuras. Toda saga gira em torno das peripécias dos três que acabam contagiando e movimentando todo Sítio. Ao invés de serem condenados e severamente punidos pela responsável adulta que é a Dona Benta (aqui uma avó, nem mãe nem pai) Pedrinho, Narizinho e Emília são levados por ela a refletir sobre suas ações e nesta reflexão, terão o direito de postular suas razões. Quer dizer, a relação entre avó e netos no Sítio não está fundamentada na obediência cega à hierarquia, mas no diálogo. A autoridade é conferida pela experiência e pela argumentação e não pela força. Neste sentido, o Sítio do Pica-Pau Amarelo não deixa de ser um mundo diferente do mudo real, onde a utopia se torna verdade.

No livro A Reforma da Natureza, por exemplo, Dona Benta e Tia Nastácia são convidadas para uma Conferência Internacional pós-guerra para ensinar aos ditadores do mundo como representar a humanidade e não só seus países. Enquanto isso, Emília, que ficou no Sítio, resolve colocar seu plano de reformar a natureza em prática. Quando Dona Benta chega encontra tudo mudado, todas as coisas fora do lugar e diz à Emília:

- Vá já desfazer o que fez! – ordenou rispidamente.

Emília fez beicinho e disse para a Rã: “Ela era democrática quando saiu daqui. Depois que lidou com os ditadores da Europa voltou totalitária e cheia de vás.Pois não vou e não foi!

(LOBATO, 1970 p. 247)

No trecho acima, Dona Benta agiu de maneira não esperada e não habitual com Emília impondo sua autoridade, contudo, Emília exerce a sua individualidade e sua vontade numa atitude que poderia ser chamada de desobediente e não conveniente para se mostrar às crianças. Aqui, mais uma vez Emília pode ser comparada ao super-homem de Nietzsche porque é dona de suas vontades e não se dobra à moral comum. Para vencê-la ou convencê-la nada melhor do que argumentar com propriedade.

- Emília, eu reconheço as suas boas intenções. Você tudo fez na certeza de estar agindo pelo melhor. Mas não calculou uma porção de inconveniências [...] as abóboras na jabuticabeira. São furtas muito grandes para ficarem em árvores; a Natureza sabe o que faz. Põe as frutas grandes no chão e as pequenas em árvores.

- Isso não! Protestou Emília. A maior fruta que eu conheço é a jaca, e a jaca é fruta de árvore, ahn!

( LOBATO, 1970 p. 247)

Mas não é fácil convencer Emília, como um ser que está acima do bem e do mal, dos valores comuns, ela não aceita respostas simples do tipo é assim que é. Emília só aceita respostas que estejam calcadas no conhecimento:

- Também fiz que as frutas das árvores dessem só nos galhos debaixo – continuou Emília, de modo a facilitar a colheita – e quero ver o que a senhora diz a isto.

Dona Benta declarou que essa reforma só era aceitável do ponto-de-vista humano, mas explicou que as frutas não existiam para que nós as apanhássemos e comêssemos - existiam para o bem da árvore, e apareciam em todos os galhos, tanto os debaixo como os de cima, porque assim ficavam mais bem distribuídas pela árvore inteira, podendo vir em maior quantidade.

- Os galhos debaixo serão só metade dos galhos da árvores toda – disse ela – Fazendo que as frutas só apareçam nos galhos debaixo, você diminui de metade o número de frutas de uma árvore.

Emília concordou que havia errado, em companhia da Rãzinha foi restabelecer o sistema antigo.

-Agora, sim – ia dizendo Emília – agora ela deu uma razão boa, clara, que me convenceu a por isso vou desmanchar o que fiz. Mas com aquele “Vá!” do começo, a coisa não ia, não! Vá o Hitler. Vá o Mussolini. Comigo, é ali na batata da convicção, do argumento científico!

( LOBATO, 1970 p. 248)

Percebe-se que a moral aqui é construída pelo grupo e não imposta de um poder central. Porque durante grande percurso da história o ser - humano acreditou que a moral fosse uma coisa universal e atemporal. Foi Nietzsche que mostrou o caráter ambíguo e pernicioso da moral, criada para obstruir o crescimento do homem (NIETZSCHE, 2003 p.9) Assim, Nietzsche revoluciona toda uma maneira de conceber os valores humanos, pois é da moral que se origina “ nosso bem e nosso mal” (NIETZSCHE, 2003 p. 9), o que leva o pensamento do século XX a repetir a pergunta de Nietzsche: “ sob que condições o homem inventou para si o juízos de valor ‘bom’ e ‘mau’? (NIETZSCHE, 2003 p.9).

Imbuído pela concepção libertária de moral de Nietzsche, Monteiro fará do Sítio do Pica-Pau Amarelo um reino utópico, “um verdadeiro paraíso na terra [...] No dia em que o nosso planeta ficar inteirinho como é o sítio, não só teremos paz eterna como a mais perfeita felicidade” (LOBATO, 1970 p. 194). Um mundo governado por mulheres, Dona Benta e Tia Nastácia, “duas criaturas em condições de representar a humanidade, porque são as mais humanas e também são grandes estadistas” (LOBATO, 1970 p.194) e pleno de seres fantásticos, onde uma boneca-criança é dona das situações e de seus próprios interesses. E a educação das crianças não será mais normatizada e rotulada pelos adultos, mas circundada pela espontaneidade gratuita de Emília. O autor de Taubaté acredita que pode ensinar às crianças, seu público tanto quanto o adulto, divertindo-as sem banalizar a aprendizagem. Porque é pensando na criança como criança que ele prepara o adulto do amanhã. Enquanto numa sociedade voltada ao adulto a criança é um vir- a – ser e ele a educa com objetivo de torná-la humana e livrá-la da natureza que é representada pelo corpo.

Nietzsche irá criticar justamente essa ilusão humana: a de se livrar dos sentidos e tentar estabelecer uma distância entre natureza/cultura, corpo e mente. A dicotomização do mundo impõe uma moral opressora que faz de sua maior vítima a criança e a mulher, consideradas incompletas; por estarem mais próximas dos sentidos e da natureza. Para Nietzsche nada mais ilusório; os sentidos participam ativamente da construção da realidade – por isso os filósofos renegam o contexto histórico como se as idéias existissem cristalizadas em si mesmas, puras e independentemente dos seres humanos:

E que pereça antes de tudo o corpo essa lamentável idéias fixas dos sentidos! O corpo contaminado por todos os defeitos da lógica, refutado, até mesmo impossível, embora seja bastante impertinente para se comportar como se fosse real [...] Se falseamos o testemunho dos sentidos é a razão a causa disto. Os sentidos na mentem enquanto mostram o vir a ser, o desaparecimento, a mudança

(Nietzsche, 2003 p.29 e p.30).

E o Sítio do Pica-Pau Amarelo é o espaço onde prevalecem os sentidos: cheiro, sabor, cor, tato e sons emanados com o conhecimento. Porque o ambiente e a paisagem de um sítio são feitos de natureza: matéria palpável, comestível, cheirosa e atraente. Ela não permite pela sua multiplicidade uma única interpretação e uma forma de ver o mundo, daí o Sítio ser o reino da liberdade e da relatividade do pensamento: “os sentidos são múltiplos e variáveis” (NIETZSCHE, 2003 p. 30). E por isso mesmo, um lugar que seja convidativo aos sentidos não pode se fundamentar em apenas uma versão das coisas. Repare na descrição do Sítio em O Saci, onde surge um mundo vivo pleno de flores, árvores, frutas e pássaros, onde a sinestesia comanda a própria linguagem:

Paladar e Olfato : “ E havia ainda a tia Nastácia, a melhor quituteira deste e de todos os mundos que existem. Quem comia uma vez os seus bolinhos de polvilho, não podia nem sequer sentir o cheiro de bolo feitos por outras cozinheiras”

(MONTEIRO LOBATO 1970 p.169)

Visão: “Que varanda gostosa! Cercada dum gradil de madeira muito singelo pintado de azul claro [...] Pedrinho havia plantado em cada canto da varanda um pé de cortinha japonesa, uma trepadeira que dá uns fios avermelhados da grossura dum barbante, que depois ficam amarelos e descem até quase ao chão formando uma verdadeira cortina viva.”

(LOBATO, 1970 p.172)

Audição: No tempo das laranjas o pomar enchia-se de sabiás de peito vermelho amigos de cantar a célebre música de sabiá que os pais vão ensinando aos filhotes, sempre igualzinha, sem a menor mudança.

(LOBATO, 1970 p.’175)

Em relação à ambigüidade dos valores e à multiplicidade dos pontos de vista, no livro O pica-pau Amarelo, Monteiro Lobato dá um subtítulo “O Sítio de Dona Benta, um mundo de verdade e de mentira” em que se pode observar já no início, uma preocupação latente com o equilíbrio entre os possíveis opostos. Mais uma vez Monteiro Lobato se utiliza da filosofia arquitetada por Nietzsche, na qual o filósofo alemão propôs à Filosofia Ocidental a tensão existente entre forças do real útil e o fantástico fútil. Pondo uma valorização de um em relação ao outro, considerando um fim esperado, o indivíduo na maioria torna-se outro. Enquanto as fabulas são o carro forte da imaginação da criança para um bom desenvolvimento na vida adulta, se assemelhando com as fábulas teatrais gregas que fundamentavam a estrutura de um povo. E tudo é real, sem a distinção de verdade e mentira, a ligação com os sentidos humanos e a fábula, irá consistir no questionamento das verdades universais. Salta no Primeiro Capitulo de O Pica-Pau Amarelo:

O Sítio de Dona Benta foi se tornando famoso tanto no mundo de verdade como no chamado Mundo de Mentira. O Mundo de Mentira, ou Mundo da Fábula, é como a gente grande costuma chamar a terra e as coisas do País das Maravilhas lá onde moram os anões e os gigantes, as fadas e os sacis, os piratas como o Capitão Gancho e os anjinhos como Flor das Alturas. Mas o Mundo da Fábula não é realmente nenhum mundo de mentira, pois o que existe na imaginação de milhões e milhões de crianças é tão real como as páginas deste livro, o que se dá é que as crianças logo que se transformam em gente grande fingem na mai acreditar no que acreditavam.

_Só acredito no que vejo com meus olhos, cheiro com o meu nariz, pego com minhas mãos ou provo com a ponta da minha língua, dizem os adultos _ mas não é verdade. Eles creditam em mil coisas que seus olhos não vêem, nem o nariz cheira, nem os ouvidos ouvem, nem as mãos pegam.

_Deus, por exemplo _ Disse Narizinho. Todos crêem em Deus e ninguém anda a pegá-lo, cheirá-lo, apalpá-lo.

_ Exatamente. E ainda acreditam na Justiça, na Civilização, n Bondade _ em mil coisas invisíveis, incheiráveis, impegáveis, sem som e sem gosto. De modo que se as coisas do Mundo da Fábula não existem, então também não existem nem Deus, nem a Justiça, nem a Bondade, nem a Civilização _ nem todas as coisas abstratas.

(LOBATO, 1970 p. 3 e 4)

No trecho acima, o narrador que aqui confunde com o autor, indaga sobre a relação do que é verdade e do que é mentira tendo como exemplo a afirmação dos adultos de que o Mundo da Fábula seria um mundo de mentira enquanto o mundo da verdade seria inerente da vida adulta. O narrador, isto é, Monteiro Lobato argumenta, no início do primeiro capítulo, que: O que existe na imaginação de milhões e milhões de crianças é tão real como as páginas deste livro, tornando a denominação de mundo da mentira uma sobreposição da visão adulta em detrimento da criança que esta um dia foi “o que se dá é que as crianças logo que se transformam em gente grande fingem na mais acreditar no que acreditavam” (LOBATO, 1970 p. 3). Logo em seguida deste trecho, entra o diálogo entre Narizinho, Dona Benta e Emília compartilhando da visão do autor e trazendo novos argumentos de que o Mundo da Mentira é tão real quanto o Mundo dito da Verdade. Porque se real e verdadeiro é apenas aquilo que pode ser provado, o que significa aqui uma verificação do ambiente, do outro e do objeto pelos cinco sentidos, então significações abstratas como Deus, Justiça e Bondade também não existiriam.

A comparação entre o Mundo da Mentira, Mundo das Fábulas, com o Mundo da Verdade, através dessas instituições (Deus, Bondade, Justiça e Civilização) quase sagradas para a fundamentação da realidade, que os adultos acreditam que criaram, tem o objetivo claro de mostrar o quanto essas denominações são tão improváveis e abstratas quanto o Conto de Fadas, sendo a noção de verdade ou mentira, real ou irreal apenas uma denominação de poder, uma questão de quem nomeia e de quem detém a palavra.

Pode-se dizer que o que vemos de mais nietzschiano no Sítio do Pica-Pau Amarelo é a harmonização das tensões entre as polaridades trazendo a relatividade dos valores. No espaço ontológico do Sítio, o avanço tecnológico convive com o atemporal, o material com o espiritual, o conhecimento com o irracional e principalmente o real com o fantástico, a verdade com a mentira, como se não houvesse diferenças entre estar acordado e estar sonhando, entra a realidade e a imaginação, que é o sonhar acordado:

Entre a coisas que podem levar um pensador ao desespero, figura o reconhecimento de que o ilógico é necessário para o homens e que do ilógico surge muita coisa boa. Ele está tão firmamente ancorado nas paixões, na língua, na arte, na religião e geralmente em tudo aquilo que confere valor à vida, que não pode ser retirado dela sem causar com isso um irreparável dano a essas belas coisas. Somente seres por demais ingênuos podem acreditar que a natureza humana poderia ser transformada numa natureza puramente lógica; mas se houvesse graus de aproximação para esse objetivo quantas perdas não se sofreria por esse caminho! Até o homem mais racional necessita, de vez em quando retornar à natureza, isto é, à sua relação fundamental ilógica com todas as coisas.

(NIETZSCHE, 2007 p.51)

Esse retorno à natureza no Sítio do Pica Pau Amarelo, para o ilógico, se fará não somente pela descrição do ambiente natural ou pela imaginação, mas também pela sugestão que essa natureza oferecerá aos sentidos, pois são eles que nos libertará da razão; “E cada sentido que se desenvolve nos abre à percepção um mundo inédito” (LOBATO, 1959 p.77). Ao falar aos sentidos, Lobato, falará à imaginação da criança, pois são os sentidos os responsáveis pela criação de um mundo novo e de novos significados. E ao invés, como acreditam os adultos, de o conteúdo libertário e nietzschiano aparecer no Sítio do Pica-Pau Amarelo, na discussão material e aberta dos problemas reais, isto é, na parte realística da obra; será na perspectiva imaginária, na libertação da fantasia, que esse conteúdo libertário aparecerá forte. Porém, essa perspectiva imaginária nunca será apresentada separada dos problemas reais e por não estarem separados e divididos é que dará à criança a noção de que tudo é possível e de que tudo é verdade; tanto o real quanto o sonho. Dessa forma, uma boneca falará asneiras porque engoliu uma pílula, haverá um burro falante, um sábio num sabugo de milho, um rinoceronte que se chama quindim, um pó mágico, um saci na garrafa...

A relatividade que os valores ganham com o mundo imaginário, porque nele tudo é possível, traz uma discussão forte sobre ponto de vista como em O SACI: “Tudo é possível neste mundo [...] Se você se refere ao mundo em que nasceu e sempre morou deve dizer naquele mundo porque este mundo é a Lua, e neste mundo da Lua não sabemos se tudo é possível” (LOBATO, 1970 p. 40). Aqui o mundo da Lua representa tanto a Lua em si, como também a metáfora lingüística representativa da imaginação, de viver acordado. Nietzsche, por exemplo, mostra que não temos a coisa em si, a realidade objetiva é uma ilusão, e esta fica mais distante quando repartida, parcializada, dividida. Somente abolindo as fronteiras entre o lógico e o ilógico, entre a realidade e o fantástico, é que se teria a verdade, e os pontos de vistas, por mais que fossem múltiplos, fariam parte desse todo. Basta acreditar que tudo é possível para se ter e para ver as coisas como elas são, e o mais importante; para transformá-las. Porque no Sítio do Pica - Pau Amarelo tudo seria possível, um novo mundo. Assim, não veríamos e teríamos não apenas uma versão da vida que continuamente se conta e se repete através da palavras que são referenciais e não a coisa.

Acho a criatura humana muito mais interessante no período infantil do que depois de idiotamente adulta. As crianças acreditam cegamente no que digo, o adulto sorri com incredulidade [...] quando falo às crianças do pó do pirlimpimpim não há um só que duvide dessa maravilha. Já o adulto sorri com imbecilmente – e tenho que explicar-lhe ao ouvido que o pó de pirlimpimpim é um sinônimo pitoresco do que, sem pitoresco nenhum, eles chamam imaginação.

(LOBATO, 1959 p. 207)

Emília por exemplo, faz o que ela pensa que é certo, não o que os outros acham que é, transmutando valores, sendo imoral (não moral). A maldade está em não ser feliz em reprimir a vontade – o desejo, o que leva ser a fugir da realidade; na religião, no vício e no consumo. Estes refugos adiam a felicidade, mas não a deixam de prometê-la. O mau, assim define Nietzsche, é a “degenerescência do instinto, uma desagregação da vontade”, enquanto o bom “procede do instinto e é, por conseguinte leve, necessário, livre” (NIETZSCHE, 2003 p.45)

Os valores ocidentais são platônicos e cristãos, dividem a realidade em um mundo de aparências e um mundo das essências (real). Para Nietzsche isso “não passa de uma sugestão de decadência, um sintoma de vida declinante” ( 2003, p. 33). Enquanto para Monteiro Lobato, o Sítio do Pica-Pau Amarelo seria um lugar onde não haveria divisão entre o mundo das essências e das aparências, o Sítio não é a promessa de um mundo ideal, mas sim a existência de um mundo possível, não é a idealização do paraíso, é o próprio paraíso – lugar da mudança, do variável e dos sentidos, nunca da verdade absoluta, da certeza plena. Um lugar onde há livre expressão de pensamento e ninguém é oprimido por defender as suas idéias, assim dito pelo próprio Lobato:

“Emília e Tia Nastácia têm idéias muito sérias a respeito do Brasil. Ambas desejam que este gigante deitado em berço esplêndido seja como o sítio de Dona Benta, esse lugar onde todos vivem felizes, contente uns com os outros,e onde há plena liberdade de pensamento. Querem que o país todo se torne um sítio de Dona Benta, o abençoado refugio onde não há opressão nem cárceres, lá não se prende nem um passarinho na gaiola. Todos são comunistas a sua moda, e estão realizando a República de Platão com um rei filósofo na pessoa de uma mulher: Dona Benta”

(MONTEIRO LOBATO, 1959 p.287)

A definição dada ao Sítio do Pica-Pau Amarelo pelo seu escritor corresponde à luta travada por Nietzsche no campo da filosofia a respeito da vida e da felicidade, porque a filosofia, influenciada pela metafísica cristã, condenou a vida a uma idéia de transcendência, na qual a mente e o espírito prevalecem sobre o corpo e o instinto. Nietzsche condena essa hierarquia porque para ele é só uma forma do Ocidente negar a o que é a vida verdadeiramente, a qual é principalmente instinto, matéria e corpo. E o Sítio é um lugar feito de matéria onde as pessoas podem ser felizes aproveitando seus instintos e por isso suas idéias não são encarceradas e oprimidas; porque elas nascem também da experiência física:

“Esse ponto de interrogação tão negro, tão enorme, que lança sombras sobre aquele que o coloca tal destino numa tarefa nos força a cada instante a correr para o sol para sacudir uma seriedade que tornou demasiado opressiva para nós [...] Estar obrigado a lutar contra os instintos _ essa é a fórmula da decadência: enquanto a vida é ascendente, felicidade e instinto são idênticos”

(NIETZSCHE, 2005 p. 15 e 16)

Exatamente por desmanchar a caverna de Platão, a divisão metafísica, é que Monteiro Lobato será criticado pelo Padre Sales Brasil em seu livro A Literatura Infantil de Monteiro Lobato ou Comunismo para Crianças, no qual ele destaca como negativo o que Lobato tem de positivo “Negação de uma causa superior à Matéria” e negação da verdade lógica, ontológica e da certeza absoluta. O Sítio surge como um espaço mítico, pois seria “impossível haver no mundo lugar mais sossegado e fresco e mais cheio de passarinhos, abelhas e borboletas” (LOBATO, 1963 p.174)

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Adrienne Kátia Savazoni Morelato
Enviado por Adrienne Kátia Savazoni Morelato em 10/08/2011
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