QUAL LIVRO VOCÊ LEVARIA PARA UMA ILHA DESERTA?

Philip Yancey narrou que um certo jornalista perguntou a Gilbert Keith Chesterton, o famoso escritor e jornalista inglês, qual o único livro que gostaria de ter caso fosse parar numa ilha deserta. Por certo, esperava que ele citasse uma das grandes obras da literatura universal (conta-se que durante os anos de trabalho de revisor em editoras londrinas, Chesterton chegou a ler mais de 10.000 originais de romances e ensaios). Depois de uma pequena pausa, ele respondeu de forma irônica: "Já sei: Guia prático para a construção de navios" (Ortodoxia, Mundo Cristão, p. 7).

Já Yancey, que já vendeu mais de 14 milhões de seus livros, declarou que se tivesse que escolher um único livro em situação semelhante, é bem provável que, fora a Bíblia, escolheria Ortodoxia, uma autobiografia espiritual do próprio Chesterton.

Por outro lado, o filósofo francês Luc Ferry (que não é cristão) declarou que escolheria sem hesitar o Evangelho de João, constante no Novo Testamento (A Tentação do Cristianismo - de seita a civilização, Ed. Objetiva, p. 102).

Pensei, então, que livro eu próprio levaria para uma ilha deserta. Teria que ser um "clássico". Para Italo Calvino, um dos grandes escritores italianos do século XX, o clássico seria aquele livro que constitui uma riqueza para quem o tenha lido e amado e que "nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer".

Como sou cristão, gostaria de levar o Antigo e Novo Testamento completos. Para mim, são clássicos na real acepção da palavra. Nunca a sua leitura se esgota. Sempre há algo novo a ser percebido, mesmo que sejam lidos várias vezes. Mas, partindo da ideia de Luc Ferry de levar só um livro da Bíblia, qual escolheria? A resposta não é fácil, mas talvez escolhesse o Evangelho de Lucas. Há passagens maravilhosas do Novo Testamento que só encontramos lá, como por exemplo a narrativa fascinante do anúncio do nascimento de Jesus aos pastores e a parábola que ficou conhecida como a do "filho pródigo". Em Lucas posso escontrar conhecimento, beleza, espanto, fé, esperança e amor por tempo indeterminado.

É claro que aquilo que lemos revela um pouco sobre o que somos. Por isso, cada um deve escolher o "seu" clássico. Ainda para Calvino, este "é aquele que não pode ser-lhe indiferente e que serve para definir a você próprio em relação e talvez em contraste com ele". Por fim, ele afirma que "toda releitura de um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira".

Com o que foi dito acima, o que faria você? Se pudesse escolher um só livro para levar para uma ilha deserta, qual escolheria?

George Gonsalves
Enviado por George Gonsalves em 12/01/2012
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