Os estoicos

OS ESTOICOS

Os estoicos possuem uma explicação para a origem do Universo. O nascimento do mundo tem lugar quando, a partir do fogo, a substância, que no início existe em si mesma, se transforma em água por intermédio do ar. O logos do mundo, a sua “razão-semente”, o logos spermatikós, permanece no líquido à semelhança de um sémen que em si contém o embrião. Fecundada a matéria, esta é restituída, apta para receber a sua ação para a geração dos outros seres: enquanto a terra toma a sua existência da água, o ar exala-se em vapores; ao tornar-se mais tênue transforma-se em fogo que se espalha em círculo ao redor do mundo. Desenvolvem-se seguidamente, conforme a mistura dos elementos, os planetas e o Sol, as plantas, os animais e os outros gêneros de seres.

O estoicismo (do grego: Στωικισμός) é uma escola de filosofia helenística fundada em Atenas por Zenon de Cítio, no início do século III a.C.. Os estoicos ensinavam que as emoções destrutivas resultavam de erros de julgamento, e que um sábio, ou pessoa com "perfeição moral e intelectual" não sofreria dessas emoções.

Os estoicos preocupavam-se com a relação ativa entre o determinismo cósmico, a liberdade humana, e com a crença de que é virtuoso manter uma vontade (denominada prohairesis) que esteja de acordo com a natureza. Por causa disso, os estoicos apresentaram a sua filosofia como um modo de vida, e pensavam que a melhor indicação da filosofia de uma pessoa não era o que teria dito mas como se teria comportado.

Os seguidores da filosofia estoica acreditavam que o conhecimento pode ser atingido através do uso da razão. A verdade pode ser distinguida da falácia, mesmo que, na prática, apenas uma aproximação possa ser efetuada. De acordo com os estoicos, os sentidos recebem constantemente sensações: pulsações que passam dos objetos através dos sentidos em direcção à mente, onde deixam uma impressão na imaginação (phantasia). (Uma impressão originária da mente era designada de phantasma.)

A mente tem a capacidade de julgar (sunkatathesis) — aprovar ou rejeitar — uma impressão, permitindo que possa ser feita uma distinção entre uma verdadeira representação da realidade de uma falsa. Algumas impressões podem ter um assentimento imediato, enquanto que outras podem apenas atingir diferentes graus de aprovação hesitante, que podem ser chamadas de crenças ou opiniões (doxa). É apenas através da razão que podemos atingir uma clara compreensão e convicção (katalepsis). A certeza e o conhecimento verdadeiro (episteme), alcançável pelo sábio estoico, podem apenas ser atingidos pela verificação da convicção com a experiência dos pares e pelo julgamento coletivos da humanidade;

Produz para ti próprio uma definição ou descrição da coisa que te é apresentada, de modo a veres de maneira distintiva que tipo de coisa é na sua substância, na sua nudez, na sua completa totalidade, e diz a ti próprio é seu nome apropriado, e os nomes das coisas de que foi composta, e nas quais irá resultar. Pois nada é mais produtivo para a elevação da alma, como ser-se capaz de examinar metodica e verdadeiramente cada objecto que te é apresentado na tua vida, e sempre observar as coisas de modo a ver ao mesmo tempo que universo é este, e que tipo de uso tudo nele realiza, e que valor todas as coisas têm em relação com o todo.

Heráclito transmitia seus ensinamentos em forma de jogos de palavras e charadas que levavam as pessoas a pensar, refletir. Em razão da forma de expor suas ideias, Heráclito vem provocando debates acirrados há mais de vinte séculos. Os gregos e romanos já discutiam sobre ele, e mais tarde foi tema de debates entre cristãos e muçulmanos. Já na filosofia moderna e contemporânea sempre ressurgem assuntos ligados a esse cientista. O filósofo possuía um caráter altivo e melancólico, recusou-se a intervir na política, manifestou desprezo pelos antigos poetas, era contra os filósofos de sua época e até contra a religião. Heráclito nomeou o princípio organizador que governa o mundo de “logos”. O pensamento estoico se expõe sob as seguintes frases:

• Da luta dos contrários é que nasce a harmonia. (Daí Nicolau

de Cusa [1404] criaria sua teoria da Coincidentia oppositorum).

• Tudo o que é fixo é ilusão.

• Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio.

• Não escutem a mim e sim ao logos.

• Das coisas surge a unidade. E, da unidade, todas as coisas.

Seria impossível uma referência ao pensamento estoico moderno sem nos reportarmos a um “filósofo” desde século XXI chamado Lulu Sntos: “Como uma onda”

Nada do que foi será

De novo do jeito que já foi um dia

Tudo passa, Tudo sempre passará

A vida vem em ondas

Como um mar

Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é

Igual ao que a gente

Viu há um segundo

Tudo muda o tempo todo. No mundo

Não adianta fugir, Nem mentir

Pra si mesmo agora

Há tanta vida lá fora

Aqui dentro sempre

Como uma onda no mar

Como uma onda no mar

Como uma onda no mar

Nada do que foi será

De novo do jeito

Que já foi um dia

Tudo passa

Tudo sempre passará

A vida vem em ondas

Como um mar

Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é

Igual ao que a gente

Viu há um segundo.

Tudo muda o tempo todo

No mundo

Não adianta fugir

Nem mentir pra si mesmo agora

Há tanta vida lá fora

Aqui dentro sempre

Como uma onda no mar...

Heráclito queria transmitir a idéia de que tudo que existe é uma manifestação da unidade da qual o homem faz parte. As transformações, segundo o filósofo, são consequências da tensão entre os opostos, da ação e reação. Segundo ele, o sol é novo a cada dia e o universo muda e se transforma infinitamente a cada instante. Para exemplificar, compare essa idéia com os símbolos taoístas de ying e yang:

Como se vê, os opostos fazem parte de um único todo, esse símbolo representa a teoria descrita onde tudo está em um fluxo constante mantendo uma unidade absoluta através do “logos”. Esta teria sido a grande descoberta do cientista: existe uma harmonia oculta das forças opostas, como a do arco e fecha. Heráclito recebeu o nome de filósofo do fogo, por que defendia a idéia de que o agente transformador é o fogo: ele purifica e faz parte do espírito dos homens. Esses conceitos inspiraram os primeiros cientistas que exploraram na prática a união do material e o imaterial através do fogo: os famosos Alquimistas.

Estoicos mais tardios, como Sêneca e Epiteto, ambos romanos, enfatizaram que porque a "virtude é suficiente para a felicidade", um sábio era imune aos infortúnios. Esta crença é semelhante ao significado de calma estoica, apesar de essa expressão não incluir as visões "éticas radicais" estoicas de que apenas um sábio pode ser verdadeiramente considerado livre, e que todas as corrupções morais são todas igualmente viciosas.

O estoicismo foi uma doutrina que sobreviveu todo o período da Grécia Antiga, até ao Império Romano, incluindo a época do imperador Marco Aurélio, até que todas as escolas filosóficas foram encerradas em 529 (d.C.), por ordem do imperador Justiniano I, que apontou suas características pagãs, contrária à fé cristã.

A escola estoica preconizava a indiferença à dor de ânimo oposta aos males e agruras da vida, em que reunia seus discípulos sob pórticos ("stoa", em grego) situados em templos, mercados e ginásios. Foi bastante influenciada pelas doutrinas cínica e epicurista, além da influência de Sócrates. Os estoicos apresentavam uma visão unificada do mundo, consistindo de uma lógica formal, uma física não-dualista e uma ética naturalista. Dentre estes, eles enfatizavam a ética como o foco principal do conhecimento humano, embora suas teorias lógicas fossem de mais interesse para os filósofos posteriores.

O estoicismo ensina o desenvolvimento do auto-controle e da firmeza como um meio de superar emoções destrutivas, a filosofia defende que tornar-se um pensador claro e imparcial permite compreender a razão universal (logos). Um aspecto fundamental do estoicismo envolve a melhoria da ética do indivíduo e de seu bem-estar moral: "A virtude consiste em um desejo que está de acordo com a Natureza". Este princípio também se aplica ao contexto das relações interpessoais; "libertar-se da raiva, da inveja e do ciúme", e aceitar até mesmo os escravos como "iguais aos outros homens, porque todos os homens são igualmente produtos da natureza".

A ética estoica defende uma perspectiva determinista. Com relação àqueles que não têm a virtude estoica, Cleanto uma vez opinou que o homem, vítima do destino (eimarméne) é "como um cão amarrado a uma carroça, obrigado a ir para onde ela vai". Já um estoico de virtude, por sua vez, alteraria a sua vontade para se adequar ao mundo e permanecer, nas palavras de Epiteto, "doente e ainda feliz, em perigo e ainda assim feliz, morrendo e ainda assim feliz, no exílio e feliz, na desgraça e feliz", assim afirmando um desejo individual "completamente autônomo", e ao mesmo tempo, um universo que é "um todo rigidamente determinista".

Historicamente, por volta de 301 a.C., Zenon de Cítio, ensinou filosofia na Stoá Poikile (porta colorida), lugar a partir do que o nome da filosofia se originou. Ao contrário de outras escolas de filosofia, como os epicuristas, Zenon escolheu ensinar a sua filosofia num espaço público, que era uma colunata com vista para o local central de manifestação da opinião pública, a Ágora de Atenas.

As ideias de Zenon desenvolveram-se a partir do cinismo, cujo fundador, Antístenes, foi um discípulo de Sócrates. O seguidor mais influente de Zenon foi Crisipo de Solis, responsável pela moldagem do que atualmente é denominado estoicismo. Estoicos posteriores, da época do império romano, focaram o aspecto da promoção de uma vida em harmonia com o universo, sobre o qual não se tem controle direto. Os acadêmicos dividem normalmente a história de estoicismo em três fases:

• A primeira (estoicismo antigo) desenvolveu-se no sec. III

a.C., com Zenon de Cicio, Cleanto, Heráclito, Crisipo, até

Antíprato de Tarso, que se preocupou com a lógica, a física, a

metafísica e a moral.

• A segunda (estoicismo médio), o pensamento estoico

combinou-se com o espírito romano. Foi representado por

Panécio de Rodes († 110 a.C.) e Possidônio († 51 a.C.).

• A terceira (estoicismo imperial ou novo estoicismo), com

representantes como: Caio Musónio Rufo, Sêneca (nascido no

início da era cristã e falecido em 65 d.C., Epicteto († 125 d.C.)

e Marco Aurélio († 180 d.C.), que foi imperador em 161 d.C..

Existem obras de Sêneca, Epiteto, e Marco Aurélio que

propagaram o estoicismo no Mundo Ocidental.

Lamentavelmente, não sobreviveu até a atualidade qualquer obra completa de um filósofo estoico das duas primeiras fases. Existem tão somente alguns fragmentos esparsos, como os de Heráclito. Apenas textos romanos da última fase nos chegaram completos.