A História do "Diabo sem Cu" - uma lenda e/ou humm mito indígena???!!!...legal!!

O mito do Diabo sem Cu

O Diabo sem Cu e Wasu viviam bem, como amigos, trocando comida. Mas um dia, o Diabo sem Cu, com raiva, queimou as crianças do Wasu, quando este estava ausente, na roça. E fugiu, foi-se embora para sua casa, que ficava num cerrado, onde ninguém podia chegar. Tinha cipoal, paliçada, tiririca, jacitara, um mato emaranhado, impenetrável. No meio desse cerrado que ele vivia.

O Wasu queria ir lá, mas não podia. Ele pensou o que poderia chegar lá para se vingar. Fez amizade com saúva da noite (yàamimekã) e pediu para fazer caminho, mas eles só fizeram limpar por cima. O mesmo ele fez com as formigas dusa e, depois, com a saúva mesmo (mekãsia), elas é que conseguiram abrir caminho direito. Quando ficou pronto ele foi para lá. O Diabo sem Cu não o esperava.

Antes de ir, Wasu rezou muito para que o Diabo sem Cu esquecesse aquilo que lhe tinha feito. Quando ele chegou, o Diabo sem Cu o saudou, chamou de grande amigo. Enquanto estava longe, cantava:

- Eu queimei os filhos do Wasu no fogo.

E Wasu escutava. Mas com o encantamento rezado por Wasu, ele estava tranqüilo, sem se preocupar. Por isso ele recebeu Wasu, e mais tarde convidou-o para ir junto recolher ipadu para comerem à noite. Wasu disse que tudo bem, que ele só estava mesmo fazendo uma visita, que não queria brigar. Mas só estava dissimulando seu ódio. Quando voltaram da roça, Wasu convidou:

- Vamos tomar banho, compadre.

Foram. Quando Wasu mergulhou, ele levou uma cuia de cutia (buuwa), fez aquele borbulho, kou, kou, com a água entrando na cuia. Quando viu aquilo, o Diabo sem Cu perguntou:

- O que é isso meu amigo?

- Não é nada, eu só estou soltando peido.

- Por onde? - quis saber o Diabo sem Cu.

- Aqui pelo meu cu.

- Eu também queria ter um cu como você, meu amigo. Só que meu cu fica aqui, bem em baixo da boca.

Era isso que Wasu queria, sua reza já estava surtindo efeito.

- Pois é, meu amigo, eu tenho o cu aqui atrás. Você não sente nojo, não? Você caga e cheira aí mesmo. Deve ser um horror. Quando você caga deve cheirar mau.

- Pois então. - concordou ele - Eu queria ter o cu como você. Quem que te ajeitou, colocando o cu para lá? - perguntou.

- Foi meu pai. Foi ele que furou meu cu aqui no fundo.

- Como ele fez?

- Com varas.

- Será que doeu quando ele fez?

- Não! Não dói nada! - respondeu Wasu.

- Você aprendeu com seu pai a fazer cu? - perguntou.

- Aprendi. Eu sei fazer cu.

- Então, meu amigo, não quer furar meu cu como o seu?

- Isto é galho fraco, num instante agente faz isto.

Subiram conversando para casa. Wasu disse:

- Você fica torrando ipadu enquanto eu vou procurar as varas.

Foi. Primeiro pegou arumã novo, que está formando, depois um feixe de arumã de sapo, varas de caniço, palmas de espinho usado na zarabatana, cipó de espinho (ayàaupida), varas fortes. Voltou com um feixe.

- Meu amigo, já trouxe aí para fazer cu. Você já vai cagar bem aí, já vai ter cu como eu.

O Diabo sem Cu se animou:

- Então vamos já. Depois a gente acaba de fazer ipadu.

- Vamos logo, quero te ajeitar o quanto antes. Quero que nesta tarde você já tenha o cu pronto.

Em seus pensamento Wasu estava bravo: "Era isso que eu queria, você queimou meus filhos sem motivo algum. Agora você vai me pagar." Pensava ele. Quando chegaram lá no porto, Wasu disse:

- Agache bem. Mas não olhe para cá, feche os olhos para não sentir dor, dói um pouquinho só na hora que entra, depois não mais.

Primeiro ele fez com arumã novo, mole. Ele cutucou com força e o arumã cedeu, fazendo barulho - “womm..rorõ...” O Diabo sem Cu pensou que já estivesse entrando. Wasu perguntou se tinha doído, e ele respondeu que não.

- Já entrou um pouco - mentiu Wasu -. Agora eu vou ajeitar mais.

E repetiu o mesmo com outro arumã novo.

- Já entrou bastante. Você sentiu dor?

O Diabo sem Cu respondeu novamente que não.

- Pois é. Você não vai sentir dor.

Aí ele pegou aquela vara forte, da lança-chocalho (ytlktl besugtl). Enfiou com toda a força que tinha. No mesmo instante ele perdeu os sentidos, caindo morto. Já estava morto realmente. Wasu havia conseguido se vingar. Continuou. Enfiou o cipó de espinho, foi sacando as tripas e jogando para a água.

Na água, as tripas do Diabo sem Cu deram origem às diversas espécies de sarapós (diké) e ituins (mepe)roa, btlkaseró e niripõra). Por isso que esses peixes tem a boca e o ânus próximos. A serra onde eles moravam fica próximo do rio Traíra, uma chama Wasugtltutu e a outra Diabo sem Cu.

n.o:(nota do Oliver):

(texto garimpado da net no site Psicultura Indigena no alto Rio Negro , na net)

Bem, a título de Curiosidade, valeu, neh pessoal?...

um abraço do oliver joey.

entonces...Fui!!

bjão no cor-ação!!!

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Enviado por Oliver Joey em 21/10/2013
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