Tobias Barreto, o germânico no nordeste brasileiro

Dentre os grandes, Tobias Barreto destaca-se como um dos maiores pensadores brasileiros do século XIX. Sua atuação e obra foram os maiores responsáveis pela alcunha Escola do Recife, como ficou conhecida - até os dias de hoje - a pioneira faculdade de direito de Pernambuco.

Tobias Barreto foi filósofo, escritor e jurista brasileiro. Foi o líder do movimento intelectual, poético, crítico, filosófico e jurídico, conhecido como Escola do Recife, que agitou a Faculdade de Direito do Recife. Patrono da cadeira nº 38 da Academia Brasileira de Letras.

Tobias Barreto de Menezes nasceu na Vila de Campos do Rio Real, hoje Tobias Barreto, no estado de Sergipe, no dia 7 de junho de 1839. Filho de Pedro Barreto de Menezes e de Emerenciana Barreto de Menezes. Aprendeu as primeiras letras com o professor Manuel Joaquim de Oliveira Campos. Estudou latim com o padre Domingos Quirino, dedicando-se com tal aproveitamento que, em breve, iria ensinar a matéria em Itabaiana em sua cidade natal. Em 1861 mudou-se para a Bahia, ingressou no seminário, não se adaptou, passou só uma noite. Mudou-se para uma república de amigos em Salvador. Estudou filosofia e matérias preparatórias. Quando o dinheiro acabou, voltou para Vila de Campos.

Viveu alguns anos lecionando Latim em Itabaiana, Sergipe. Em 1863 mudou-se para o Recife, com o objetivo de ingressar na Faculdade de Direito. O ambiente na cidade era muito intelectualizado e dominado pelos estudantes do curso jurídico. Entre os alunos estavam Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e Castro Alves, que se tornou seu amigo.

Submeteu-se ao concurso para ensinar Latim no Ginásio Pernambucano, ficando em segundo lugar. Em 1867 concorreu para a vaga de professor de Filosofia no mesmo Ginásio, é classificado, mas não é escolhido.

Tobias Barreto procurava esquecer sua origem humilde, mas se achava descriminado pela cor da pele. Tentou casar com Leocádia Cavalcanti, mas não foi aceito pela família aristocrática da moça. Apaixonou-se por Adelaide do Amaral, artista portuguesa e casada. Declamava versos cheios de amor e mantinha duelos poéticos com Castro Alves.

Casou-se com a filha de um dono de engenho e proprietário de terras da cidade de Escada. Depois de formado, passou dez anos morando na pequena cidade pernambucana, na zona açucareira. Dedicou-se à advocacia. Foi eleito para a assembleia Provincial de Escada. Mantinha um jornal, no qual imprimiu vários livros.

A sua contribuição filosófica e científica foi de grande importância, uma vez que contestou as linhas gerais do pensamento jurídico dominante e tentou fazer um entrosamento entre a filosofia e o direito, propagando os estudos de Darwin e de Haeckel.

Apesar de ter vivido até as vésperas da República, não se envolveu nos movimentos republicanos. Voltou para o Recife, onde passou a lecionar na Faculdade de Direito. Hoje a Faculdade é consagrada como a casa de Tobias. Tobias Barreto de Meneses morreu no Recife, Pernambuco, no dia 26 de junho de 1889.

Inicialmente influenciado pelo espiritualismo francês, passa para o naturalismo de Haeckel e Noiré em 1869 com o artigo Sobre a religião natural de Jules Simon. Em 1870 Tobias Barreto passa a defender o germanismo contra o predomínio da cultura francesa no Brasil. Nesta época começa autodidaticamente, a estudar a língua alemã e alguns de seus autores tomando como objetivo reformar as ideias filosóficas, políticas e literárias influenciadas pelos alemães.

Fundou na cidade de Escada, próxima ao Recife, onde morou por 10 anos, o periódico Deutscher Kämpfer (em português, Lutador Alemão) que teve pouca repercussão e existência curta. Tobias Barreto escreveu ainda Estudos Alemães, importante trabalho para a difusão de suas ideias germanistas, mas que foi duramente criticado por se tratar apenas, segundo alguns, da paráfrase de autores alemães.

Ele também iniciou o movimento condoreiríssimo hugoano na poesia brasileira.

Suas Obras:

Filosofia

Suas obras completas publicadas pelo Instituto Nacional do Livro:

Ensaios e estudos de filosofia e crítica (1875)

Brasilien, wie es ist (1876)

Ensaio de pré-história da literatura alemã, Filosofia e crítica, Estudos alemães (1879)

Dias e Noites (1881)

Menores e loucos (1884)

Discursos (1887)

Polêmicas (1901)

Poesia

Que Mimo (1874)

O Gênio da Humanidade (1866)

A Escravidão (1868)

Amar (1866)

Glosa

Cristiano Batista dos Santos
Enviado por Cristiano Batista dos Santos em 30/05/2014
Código do texto: T4825757
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