A essência do epicurismo
O Epicurismo é uma corrente filosófica surgida na Grécia no século IV a.C. e discorre sobre a forma que os prazeres interagem no corpo humano para a produção de estados de consciência a fim de o ser humano ter conhecimento sobre o mundo e a limitação de seus desejos. É um modo de dar ao homem uma visão sobre o mundo e ele mesmo, o que resultaria no desenvolvimento da compreensão, abstração e reflexão humanas.
Os princípios filosóficos do epicurismo explicam uma maneira de se chegar às compreensões essenciais da vida humana, ou seja, um tipo de interação entre as instigações e questionamentos da vida humana, algo filosófico que, segundo Epicuro, não estaria longe do nosso entendimento.
Esta é uma ideia que se opõe à metafísica aristotélica, cujo princípio veio do espiritualismo de Platão. Para ele, todo o homem é constituído por três elementos: a psique, a alma e o espírito; e, por assim dizer, o ser humano não pertence a este mundo e ele se coloca em um patamar mais elevado ao da natureza. Segundo a corrente filosófica do Materialismo, só existe o corpo sem espírito no homem, e, assim este é reduzido apenas à matéria por haver uma diferença entre corpo e consciência. Tanto Aristóteles quanto Platão contrapõem as funções corporais e espirituais: o homem é um todo cujas funções físicas, vegetativas, sensitivas e espirituais não pertencem ao corpo, mas ao homem como um todo
A ética em Epicuro parte do questionamento da natureza humana, posicionamento filosófico que ele pôs em prática devido às grandes injustiças sociais ocorridas na Grécia de sua época, na qual as polis eram marcadas por guerras e diferenças sociais. Havia uma enorme diferença em todas as estruturas da sociedade: só as classes mais privilegiadas tinham um poder maior; a religião praticava superstições; as pessoas apenas se preocupavam com pequenas coisas e pequenos prazeres.
Em relação a isso, Epicuro tentava explicar a ordenação racional das paixões, ou seja, encontrar a justa medida na valorização das paixões ou encontrar a medida certa entre o excesso e a falta. Assim, esse filósofo grego propôs a ideia do Jardim (um tipo de comunidade dos discípulos de Epicuro), através da qual discorria sobre o estilo de vida da sociedade que associava o prazer coisas materiais, o que resultava em um foco negativo das coisas como um dado negativo do prazer. A reflexão central do conceito do Jardim era entender a coletividade como algo heterogêneo através de um tipo de disposição afetiva entre os membros da sociedade a fim de haver uma igualdade entre os indivíduos.
É neste ponto que Epicuro trata da ética entre as pessoas: todos devem receber o que produzem na proporção certa e este é um dado que não existia na época da Grécia Antiga e que provavelmente ainda não se disseminou. A injustiça e a falta de moral ainda são práticas correntes no mundo atual em diversos setores da sociedade, assim como no âmbito pessoal. A ética em si se apresenta em uma dimensão constitutiva que vai além do indivíduo, ou seja, este está em uma dimensão maior para ajudar em seu posicionamento diante do outro. É esta alteridade que deve ser explicada, pois somente quando toda ação humana visar o bem é que haverá uma sociedade pacífica que visará ao bem do próximo: um bem intermediário cujos objetivos tem em vista outros bens; e um bem absoluto, que tem fins em si mesmos para se alcançar a felicidade.
Logo, seria desse modo que o ser humano poderia realizar a sua própria natureza que é racional e que, por isso, a pessoa consegue ordenar as paixões para conseguir a medida certa entre o excesso e a falta das coisas. Esta é uma maneira ética que todas as sociedades e todos os indivíduos em si – e esta é um fato que se reflete na atualidade - deveriam possuir para existir justiça e igualdade a todos como um modo de todos possuírem as necessidades na medida exata e não no excesso.
Ricardo Miranda Filho
Enviado por Ricardo Miranda Filho em 16/03/2015
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