Comentando o livro “O HOMEM QUE AMAVA OS CACHORROS” – de LEONARDO PADURA

“O HOMEM QUE AMAVA OS CACHORROS” – LEONARDO PADURA

Comentar livro de tal envergadura e de tal complexidade, não é fácil. O autor cubano Leonardo Padura vem sendo reconhecido internacionalmente pela sua obra, tendo ganho muitos títulos de louvor e vencido prêmios literários, com traduções para vários idiomas. É um livro interessante e narrado sob a insuspeição de Padura que conta os fatos quase como se tivesse participado de tudo o que narra, dada a sua preocupação com a pesquisa e a veracidade do seu conteúdo.

Ele começa narrando a história de Ivan, personagem que tinha o mesmo nome do furacão (Ivan) que assolou a América Central e o Caribe nos anos 1990.

Conheceu e viveu com Ana em Lowton – Havana e criou dois cachorros ‘Truco’. O primeiro era dela e morreu aos 16 anos e o segundo...

Nesse livro ele descreve o longo exílio de Trotski, desde a prisão nas estepes geladas até a deportação para a Turquia, perseguido por Stalin, uma vez que França, Alemanha, Inglaterra, Áustria, etc, não aceitaram recebê-lo como ‘hóspede’...

Nesse contexto, o autor descreve a revolução comunista na Espanha e faz intrincada narrativa, rica em detalhes e sofrimento de seres idealistas, dispostos a viver e morrer pelos seus sonhos político-sociais.

O autor abre os horizontes da Espanha e a saga dos Mercader, o filho Ramon, sua mãe Caridad, seu pai Pau, e os irmãos menores, sem falar no cachorro ‘churro’. A dissolução do casamento da Caridad, já viciada em droga e prostituição que no encontro com o filho Ramon, deu um tiro na testa de ‘churro’, sem explicações.

Caridad foi morar na França com os filhos. Lá passaram dificuldades, mas foram ajudados por outros anarquistas e os meninos se especializaram em gastronomia e hotelaria. No restaurante que trabalhavam, os comensais em uma determinada noite foram envenenados e internados em hospital local. Como ninguém morreu, ficaram as dúvidas sobre o autor da quase tragédia. A mais visada era Caridad e a polícia intimou-a a deixar a cidade sob pena de ser presa. O ex-marido veio buscá-la e levou-a para Barcelona, juntamente com os filhos.

Apenas Ramón ficou, posteriormente mudando-se para Barcelona onde conheceu a militante stalinista África...

Ramón serviu o exército e quando retornou encontrou África que lhe dera uma filha, desde o nascimento entregue aos pais dela... Prosseguiu em busca da tão sonhada Revolução, com apoio da Rússia de Stalin e seus elementos infiltrados em toda parte.

Trotski na Turquia, recebe visitas de amigos, enquanto seu filho Liova ganha bolsa de estudos para estudar em Berlim. Mais tarde, recebe sua filha Zina, tuberculosa, enviada pela mãe, fruto de um romance em Moscou...

Com a gravidade da doença teve que embarcar Zina para Berlim. Mais tarde ela exigiria que lhe mandasse o filho Sieva e, pouco tempo depois, comete suicídio.

Proscrito na Turquia, Trotski tenta em vão, um visto em países europeus, mas nenhum deles o quer. Na Dinamarca, quando foi fazer uma conferência para mais de 2 mil estudantes sobre a Revolução, sentiu-se pior que no exílio turco: as vozes lhe eram totalmente contrárias, bem como às suas idéias... Finalmente consegue asilo na Noruega, onde era vigiado o tempo todo.

Enquanto isso sabia das notícias da ascensão de Stalin, aclamado em Moscou “Pai dos Povos Progressistas do Mundo” e “Gênio da Revolução”.

Por fim, depois de muita espera e baixa-estima, Trotski conseguiu ‘visto’ para o México. Viajou num pequeno cargueiro, totalmente vigiado e no México, algum tempo depois foi assassinado por ordem do celerado Stalin, o “Pai dos Povos Progressistas do Mundo”, “Gênio da Revolução”.

O autor do crime, Ramón Mercader que conseguira aproximar-se de Trotski, graças à sua namorada americana que servia à causa trotskista nos EUA. Preso, torturado, passou décadas na cadeia até sua liberdade que pode gozar em Moscou e depois em Cuba.

O livro contém os horrores praticados por Stalin que tinha por hábito e estratégia mandar assassinar seus antigos camaradas, onde quer que estivessem, em qualquer país e posteriormente mandava ‘queimar’ arquivos, assassinando os executores e sub-mentores das atrocidades que mandara praticar, para que seu nome não aparecesse.

É uma obra valiosa, triste, mas que serve como um norte para os desavisados que se entregam a causas que pensam nobres e não passam de projetos de poder para os que estão na cúpula do Planeta!

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 26/07/2015
Reeditado em 09/09/2015
Código do texto: T5324164
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