Prêmio Nobel de Literatura - Bob Dylan

E, por falar em Bob Dylan....

A minha geração toda ouviu Bob Dylan e uma anterior também. Imagino que somente não conheça Bob Dylan essa geração mais nova que não traz, de berço ou de ouvido, uma boa referência musical.

Ora, Bob Dylan é uma lenda viva da música internacional e têm algumas músicas dele que escuto até hoje, naquela nostalgia que de vez enQUANTO pega a gente. Nunca comprei um LP de Bob Dylan, nem Cd e nunca tive ele como meu ídolo. E nesse percurso vêm com ele outros tantos, alguns ainda vivo.

Bob Dylan está para a música pop, assim como Einstein está para física, Picasso e outros tantos para pintura, bem como para todas as artes e seus representantes, nos mais variados tempos. Ele é compositor, cantor, pintor, ator e escritor norte-americano e a sua dedicação, seu compromisso foi com a música.

Dylan por mais que tenha escrito todas as suas canções e nela tenha colocado todo seu lirismo, não foi um poeta, não foi um escritor e por mais que isso seja complexo de ser entendido, precisa-se, num primeiro momento, nem questionar o que é Literatura, mas a dedicação que é tida e a contribuição do autor para a mesma.

Em 2008, tive a oportunidade de assistir Bob Dylan, em Lisboa. Um banquinho e ele, realmente um monstro no sentido mais poético de ser. Com uma voz inconfundível, agradou todo o público presente, uma faixa etária de quarenta anos para cima. E na noite posterior, nada mais, nada menos que Neil Young, acredito que aquele ano foi lendário.

Entretanto, no que diz respeito ao Prêmio Nobel de Literatura, penso que a Academia pecou. Peca porque passa por cima de nomes que se dedicaram uma vida inteira à Literatura, pessoas com 50 anos de escrita, que pensaram sobre a Literatura, que fizeram com que a Literatura tivesse um papel social e que viveram da Literatura como forma de expressão para estar no mundo e que com ela se reinventaram.

Bob Dylan fez tudo isso, mas pela música.

Penso que a Academia, na ânsia, quase que mortal, de inovar, de abrir para o novo, já tendo o novo, de surpreender, caiu na caricatura de ser.

Na mesma linha de raciocínio da Academia, poderíamos olhar para o cinema e conceder o Prêmio Nobel de Literatura, uma vez que temos nomes consagrados dentro da sétima arte que escreveram os seus roteiros com o mais puro lirismo, “criando uma nova forma de expressão”, poética e poderíamos, ainda, estender o prêmio a quem tivesse entendido essa poesia e interpretado; tipo: cantando na chuva. Ou quem sabe para a História em quadrinhos, talvez a pintura (trabalhando na hipótese do pensamento...antes de se pintar se pensou e se pensou pode ter escrito e se pensou, escreveu e pintou, com ou sem lirismo, pode ser Literatura.

Não vamos dizer o que é Literatura, não cabe a classificação, mas nem tudo é Literatura, com ou sem lirismo. Afinal, se a escrita musical pode ser considerada como uma arte dentro da Literatura, posso pensar que a Academia esqueceu, por exemplo, de Gaudi.

Tudo mudou, até mesmo a nossa forma de avaliar, porque mudamos. E, penso que, dos muitos que estavam concorrendo, alguns nem se importaram que Bob Dylan ganhou, pelo menos foi alguém fora de casa, mas familiar. Por hora!

E, por fim, com essas retomadas às cantigas pela Academia, muitos poderão dizer que leem pelos ouvidos.

Ah...e podemos ensinar o que é Literatura, pela música, nas escolas.

Seguindo ainda a mesma linha de raciocínio da Academia...para o ano, para o Prêmio Nobel de Literatura, no Brasil, não esqueçam de incluir\sugerir Roberto Carlos e Chitãozinho e Xororó; e se posso dar uma sugestão, sem ser irônica: U2.

_________________Gislaine Becker.

Gislaine Becker
Enviado por Gislaine Becker em 10/11/2016
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